Correio dos Campos

“Nós perdoamos, mas não esquecemos”: exposição virtual sobre o movimento negro fomenta discussões em PG

Entitulada "Vidas Negras Importam", a exposição promovida pela Fundação Municipal de Cultura apresentou trabalhos artísticos e falas importantes sobre a luta antirracista
10 de agosto de 2020 às 14:43
(Foto: Rogério Júnior)

COM ASSESSORIAS – Durante o segundo semestre de julho as redes sociais e o youtube da Fundação de Cultura exibiram trabalhos relacionados ao movimento negro e à luta antirracista. Ao todo, além de um catálogo de obras de artes visuais, foram selecionados outros 10 trabalhos. A criatividade dos artistas foi manifestada por meio de contação de histórias, poesia, música, dança e até com um podcast com uma discussão sobre o tema.

Na abertura dos trabalhos, uma roda de conversa entre membros do Movimento Sorriso negros dos Campos Gerais e da comunidade quilombola debateu as vivências dos participantes além de temas como cotas raciais e ações policiais. Uma das falas que mais marcou a conversa foi do presidente do Instituto, Carlos Alberto Rodrigues de Souza. “Nós somos mais da metade da sociedade brasileira, construímos esse país com nosso suor, nosso sangue. Não estamos de mimimi, estamos lutando pelo nosso direito”, afirma. Sobre o histórico de escravidão e preconceito, Saulo Rosa completou: “nós perdoamos, mas não esquecemos”.

O ensaio fotográfico “Retratos da Arte de Escrevivência” também compõe a exposição. Reúne o perfil e relato de oito artistas negros e suas experiências. O trabalho foi proposto por Eziquiel Ramos, que se diz orgulhoso do resultado e acredita que ao refletir sobre a arte é importante ter um olhar étnico-racial com pensamentos antirracistas. “É um dever dos não pretos lutar contra as opressões e fazer uso do privilégio de seus espaços para ser um aliado, dando voz a grupos que não os têm”, completa. Ele ainda explica que discutir o lugar do artista negro na sociedade é uma busca por coexistência, onde as diferenças não signifiquem desigualdades, tampouco suas histórias sejam objetos de estereótipos. Os cliques são do fotógrafo Rogério Junior que conta que o ensaio exigiu delicadeza. “O trabalho com retratos requer muita atenção nas singularidades e nas expressões dos retratados, e extrair algo além do estético, seja através do olhar, de uma respiração mais profunda ou um pequeno gesto foi o grande desafio destas fotografias”, completa.

Apesar de lançadas diariamente durante os últimos dias, a população pode conferir todas as obras a qualquer momento. Elas ficarão disponíveis no youtube da FMC, no flickr e no facebook da Fundação.