Correio dos Campos

Encontro diocesano reúne Pastorais dos Surdos em Ponta Grossa

Na 17ª edição, este ano foram mais de 60 inscritos.
7 de maio de 2018 às 06:46
Encontro teve a participação de integrantes das pastorais de toda a Diocese. Foto: Comunicação / Diocese PG

COM ASSESSORIAS – Durante todo o domingo (6), na Paróquia São José, em Ponta Grossa, acontece o 17º Encontro Diocesano da Pastoral dos Surdos. A programação, iniciada às 8 horas, teve bênção especial do bispo dom Sergio Arthur Braschi, que acompanhou todos os encontros realizados na Diocese até hoje. Os mais de 60 inscritos este ano participaram da celebração da Santa Eucaristia, que teve tradução em Libras, e de duas palestras, uma sobre surdos/cegos com a vice-coordenadora da Pastoral dos Surdos de Jaraguá do Sul (SC), Janaína Mainara dos Santos, e de Carlos Alberto Franco, coordenador do Regional Sul II da Pastoral, que falou sobre a paz no mundo.

Gabriela Hilgemberg da Costa, que atua como intérprete voluntária, conta que a Pastoral se reúne todos os domingos, às 9 horas, na Paróquia. “Refletimos sobre o Evangelho do dia e conversamos sobre o que fazer para ter mais paz, harmonia e união entre eles”, destacou. O encontro é organizado semanalmente por Dilson Aparecido Marques, coordenador diocesano da Pastoral. “É uma espécie de catequese, antes da missa das 10 horas, para eles se prepararem para a celebração”, explica Gabriela, que faz a tradução em Libras na missa. O grupo reúne em média 15 surdos. “O encontro deste domingo foi todo planejado e realizado por eles”, enalteceu a Intérprete.

A missa foi celebrada pelo vigário da São José, padre Wagner Oliveira da Silva, que tem certa intimidade com a linguagem de sinais. “Meus padrinhos de crisma têm dois filhos surdos e, com a ajuda de uma prima, acabei aprendendo o básico. Tenho muito carinho por todos eles devido a esse contato”, contou. Padre Wagner destacou a sintonia do evento com o Evangelho do dia. “Deus é amor e de fato, sendo ele amor, não faz distinção, acolhe quem Ele quer, e a Igreja é a casa da acolhida”, comentou, citando que o grupo da Pastoral dos Surdos é muito vibrante. “Participam com profundidade e é uma grande bênção a Igreja poder acolhe-los, um sinal do tempo de hoje, de uma igreja para todos. Eles precisam ter a oportunidade de acolher a Palavra de Deus como alimento”. Na Paróquia São José, os padres (Wagner e Casemiro Oliszeski) se revezam na celebração da missa que finaliza os encontros Pela intimidade e proximidade com a situação dos surdos, padre Wagner foi sondado pelos integrantes da Pastoral para assessorar as ações, pedido encaminhado neste domingo a dom Sergio. “Se o bispo propuser, posso acompanhar, sim, com carinho, com amor, pela Identificação pessoal, porque sempre tive contato e considero que eles têm de ter um padre próximo deles, para atender confissão, fazer direcionamento espiritual. O Direito Canônico prevê que (os surdos) podem se confessar com intérprete, mas creio que não ficariam tão a vontade”, argumentou.

Dom Sergio lembrou que a Pastoral dos Surdos existe na Diocese há 18 anos. “Ela é muito importante. Há muitos anos, o Paraná e a Diocese compreenderam que precisavam acolher essa parcela da população que tem tantos dons e a Igreja não estava conseguindo acolher devidamente”, citou o bispo. Dom Sergio comentou que o assessor espiritual tem de conhecer a linguagem de sinais e tenha amor pela Pastoral;. De acordo com Soraia Duarte Chequer Zardo, mãe de um dos surdos, antes de sua oficialização, a Pastoral atuou por quatro anos, de trabalho intenso, para formar o grupo. “E o bispo sempre foi muito presente. Hoje, mesmo com três crismas, fez questão de vir. Ele incentiva os voluntários, reconhece os esforços”.

Palestra

A palestra da manhã ficou a cargo de Janaína dos Santos, surda e cega, de 27 anos que, aos 14, perdeu a visão. Mora em Jaraguá do Sul (SC), onde é vice- coordenadora da Pastoral dos Surdos, e realiza palestras em igrejas, colégios, oficinas, seminários e universidades. “O tema é como ajudar um surdo cego, como chegar a eles, mostrar como se aproximar, para incentivar que as pessoas cheguem neles”, contou, ela que é auxiliada por Paulo Sérgio Praxedes, professor em uma instituição municipal, presidente da Associação dos Surdos e coordenador de uma companhia de teatro para surdos-cegos em Jaraguá do Sul.