Correio dos Campos

Ovo caipira agroecológico se torna alternativa de produção e diversificação de renda

2 de dezembro de 2021 às 14:29
(Foto: IDR-PARANÁ)

Hermes Mitsuo, assim como muitos descendentes de japoneses, passou uma temporada trabalhando no Japão. Mas depois de dez meses ele e a mulher, Elizabete, decidiram voltar para o Brasil e resolveram dedicar parte do seu tempo à propriedade rural da família, em Borrazópolis, no Vale do Ivaí. Interessado em produzir alimentos saudáveis, Mitsuo encontrou uma alternativa na produção de ovos caipiras e implantou a primeira granja de aves poedeiras neste sistema no município. A intenção é atender os consumidores interessados em um produto de mais qualidade na cidade e região. Em 30 dias ele espera que a produção chegue a 480 ovos diariamente.

A propriedade da família de Mitsuo tem cinco alqueires, dois dos quais estão arrendados para a produção de grãos e o restante é ocupado com pasto e a criação de vacas e ovelhas. Como a área é pequena, o produtor procurou a assistência do IDR-Paraná para buscar alguma atividade produtiva rentável para implantar na propriedade.

A fruticultura foi a primeira opção, mas a visita a uma granja de avicultura em Jardim Alegre atraiu a atenção de Mitsuo. O produtor ficou interessado pelo sistema de produção de ovos agroecológicos, com características orgânicas coloniais. Neste sistema as aves têm um galpão que serve como abrigo, mas boa parte do dia elas passam num espaço cercado por tela, onde podem pastejar e ciscar, manifestando seus instintos naturais.

“É até bonito de ver as galinhas. Neste sistema elas têm qualidade de vida e produzem um ovo de mais qualidade”, afirma Mitsuo.

BEM-ESTAR ANIMAL – Com a assistência dos servidores do IDR-Paraná e da Prefeitura de Borrazópolis, o produtor iniciou a implantação da granja na propriedade. Com recursos próprios ele construiu um galpão e adquiriu 500 aves da raça Isa Brown. Mitsuo acredita que em 30 dias elas comecem a produzir os primeiros ovos. A Prefeitura de Borrazópolis apoiou o produtor com o aterramento do local do aviário e a orientação da veterinária Ana Paula Miyagi, para atender a legislação pertinente à atividade de aves e produzir de forma legal.

O extensionista do IDR-Paraná, Leandro Cividini, está acompanhando o trabalho e segue a elaboração do projeto de financiamento junto ao Banco do Brasil para financiar a construção da casa de classificação e embalagem de ovos pelo Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar). De acordo com Cividini, o custo de produção deve ficar em torno de R$ 5,00 a dúzia e o preço ao consumidor varia em torno de R$ 8,00 a R$ 12,00 a dúzia. “Pelos cálculos, o investimento deve ser coberto num prazo de cinco anos”, acredita.

Mitsuo tem como alvo os consumidores que procuram por produtos que levam em conta o bem-estar animal. Ele lembra que uma vantagem é o fato de Borrazópolis fazer parte do Consórcio Sid Centro (Consórcio Público Intermunicipal para o Desenvolvimento Rural e Sustentável da Região Centro do Paraná), composto por 28 municípios do Vale do Ivaí. Recentemente os integrantes do consórcio obtiveram a chancela do Sisbi (Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal), permitindo que os proprietários de agroindústrias regularizadas comercializem seus produtos em todo o território nacional.

OTIMISTA – A propriedade de Mitsuo é a primeira a implantar o sistema de produção de ovos caipiras em Borrazópolis. Ele está otimista e acredita que, se tudo correr bem, em dois anos vai precisar de um novo galpão para abrigar mais 500 aves. Por enquanto, Mitsuo deve fazer o manejo das galinhas sozinho, mas não descarta a contratação de mão de obra para lidar com a criação tão logo as galinhas aumentem a produção de ovos.

Fonte: AEN/PR