Fórum Agro 2025 reforça papel do Paraná na inovação agroindustrial e na preservação ambiental

COM ASSESSORIAS – A cidade de Castro, reconhecida como a capital nacional do leite, foi o palco do Fórum Agro 2025, realizado durante o Agroleite, que chega à sua 25ª edição neste ano. O evento reuniu autoridades, especialistas e produtores para discutir os desafios e oportunidades do agronegócio brasileiro, em um cenário cada vez mais exigente quando se fala em sustentabilidade, inovação e mercado global.
Promovido pela Cooperativa Castrolanda, com apoio do Canal Rural, do Grupo Calpar e do Sistema Ocepar, o fórum teve transmissão ao vivo pela TV e YouTube do Canal Rural, levando o conteúdo para todo o Brasil.
Um setor que une tecnologia, responsabilidade e visão de futuro
Na abertura, o apresentador Giovani Ferreira (Canal Rural) destacou a força do evento, que neste ano conta com 370 expositores e expectativa de movimentar mais de R$ 500 milhões em negócios. Mais do que uma vitrine tecnológica, o Agroleite mostra como o Paraná se destaca por uma produção eficiente, industrialização inteligente e responsabilidade ambiental.
Painel 1 – Política e geopolítica: o agro no tabuleiro global
O primeiro painel abordou os riscos e oportunidades para o agronegócio em um cenário de incertezas políticas e tensões econômicas globais.
Lucíola Magalhães, chefe de pesquisa da Embrapa Territorial, apresentou dados que quebram paradigmas e reforçam o papel estratégico do Brasil. Segundo ela, 66,3% do território nacional é destinado à proteção, preservação e conservação da vegetação nativa – sendo 33,2% mantidos por produtores rurais, o que representa uma área maior do que a de 186 países individualmente.
Lucíola destacou ainda que o Cadastro Ambiental Rural (CAR, 2021) mostra mais de 227 milhões de hectares de vegetação nativa destinada à preservação e conservação dentro de imóveis rurais, um verdadeiro patrimônio ambiental, muitas vezes ignorado em discussões internacionais. “Nenhuma categoria profissional preserva tanto quanto o produtor rural brasileiro”, reforçou. Ela defendeu que esse ativo ambiental seja reconhecido nas negociações comerciais internacionais, especialmente com a aproximação da COP 30, que acontecerá no Brasil em 2025.
José Carlos Vaz, ex-secretário de Política Agrícola, trouxe uma leitura clara e crítica da conjuntura internacional. Em sua apresentação, ele lembrou que o agro representou quase 25% do PIB nacional em 2024, com um Valor Bruto da Produção de R$ 1,35 trilhão, e garantiu os superávits comerciais do país. Porém, alertou que o setor é vulnerável ao cenário geopolítico, especialmente com a possível reeleição de Donald Trump nos Estados Unidos. Vaz apontou riscos como tarifas protecionistas, boicotes comerciais, uso de exigências ambientais como barreiras disfarçadas e interferências em acordos internacionais.
Ele também enfatizou que muitos dos entraves ao desenvolvimento do agro brasileiro não estão no campo, mas sim nas instituições — como a falta de segurança jurídica, a política agrícola instável, a insegurança em licenciamento ambiental e os altos juros. “Não importa a cor do gato, contanto que ele cace o rato”, afirmou, defendendo pragmatismo na gestão econômica e diplomática do país.
Os deputados federais Pedro Lupion e Sérgio Souza, representantes da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), reforçaram a importância de uma atuação política firme para proteger o setor. Lupion chamou atenção para as barreiras enfrentadas por produtos como a lagosta, a carne bovina e o suco de laranja, e criticou a falta de protagonismo do governo federal nas negociações internacionais. Já Souza destacou que o Brasil tem um diferencial ambiental sólido, mas não sabe comunicá-lo ao mundo: “Somos cobrados por práticas que já cumprimos. Falta ao Brasil estratégia e diplomacia”.
Painel 2 – Agroindustrialização, infraestrutura e visão de futuro
O segundo painel reuniu lideranças públicas e privadas para discutir os caminhos da agroindustrialização e os investimentos estruturantes que têm transformado o Paraná.
O governador Carlos Massa Ratinho Júnior ressaltou que o Paraná vive um novo momento, deixando de ser apenas um grande produtor para se consolidar como um estado agroindustrial. Ele destacou a transformação de grãos em proteína animal e derivados, como o Protin, subproduto do leite que tem valor agregado superior ao leite in natura. Ratinho também apresentou os avanços em infraestrutura rural, como a instalação de 25 mil km de rede trifásica, a pavimentação de estradas e o impacto do programa Descomplica Rural, que reduziu de 14 meses para 15 dias o prazo para obtenção de licenças ambientais.
O governador ainda anunciou o lançamento do Banco Verde, programa estadual que irá remunerar produtores pela preservação de áreas ambientais, e reforçou o compromisso do Paraná com o meio ambiente por meio da realização da Conferência da Mata Atlântica. “Somos o estado mais sustentável do Brasil, e queremos ser exemplo também nas práticas ambientais que valorizam o produtor”, afirmou.
José Roberto Ricken, presidente do Sistema Ocepar, destacou a força do cooperativismo no Paraná, responsável por 66% da produção de grãos e 45% da proteína animal do estado. Ele também defendeu a ampliação de novos canais de financiamento, como o Fiagro, e reforçou a necessidade de políticas públicas que valorizem o uso de tecnologias e a certificação ambiental, sobretudo por meio do CAR.
Representando o setor empresarial, Paulo Bertolini, presidente da Abramilho e do Grupo Calpar, destacou a importância de um ambiente de negócios com segurança jurídica e previsibilidade. Ele elogiou a infraestrutura logística do Paraná, com destaque para o Porto de Paranaguá, e anunciou investimentos em novas usinas de etanol de milho e em projetos de combustíveis sustentáveis para aviação (SAF). Bertolini defendeu a valorização do agro não apenas como base da economia, mas como um motor de inovação, sustentabilidade e desenvolvimento regional. “O Brasil tem o agro mais eficiente do mundo. Com apoio e ambiente adequado, podemos ir ainda mais longe”, concluiu.
Brasil como solução, não problema
O Fórum Agro 2025 deixou claro que o agronegócio brasileiro está pronto para liderar globalmente quando se trata de segurança alimentar e responsabilidade ambiental. Para isso, é preciso uma atuação coordenada entre produtores, iniciativa privada, instituições públicas e legisladores.
A integração entre produção, agroindústria e sustentabilidade, somada à capacidade técnica dos nossos produtores, foi apontada como o diferencial que pode colocar o Brasil na vanguarda das soluções para os desafios globais.
O Agroleite 2025 segue até amanhã, consolidando Castro como centro de inovação, tecnologia e negócios do agronegócio brasileiro.