Correio dos Campos

Hospital da UEPG completa 11 anos de história e um no combate à pandemia

A instituição atua no atendimento de média e alta complexidade e recebe, além de Ponta Grossa, pacientes de mais 11 municípios da região. De Regional a Universitário, no ensino, pesquisa e atendimento integralmente SUS, o hospital completa nesta quarta-feira (31) 11 anos de existência.
31 de março de 2021 às 14:17
(Foto: José Fernando Ogura/AEN)

Mais de uma década de trabalho. De Regional a universitário, no ensino, pesquisa e atendimento integralmente SUS, o Hospital da Universidade Estadual de Ponta Grossa (HU-UEPG) completa nesta quarta-feira (31) 11 anos de existência. A instituição atua no atendimento de média e alta complexidade e recebe, além de Ponta Grossa, pacientes de mais 11 municípios da região.

O mês de março marca vários acontecimentos para a instituição. Em meio ao trabalho firmado no compromisso com a saúde pública, o HU completa um ano do desafio de ser referência no combate à pandemia. A UTI Covid-19 já soma mais de mil pacientes atendidos.

“Reestruturamos corajosamente todos os serviços do Hospital Universitário para salvar mais vidas”, destacou o reitor da UEPG, Miguel Sanches Neto. O trabalho da atual diretoria foi incansável e inventivo, o que colocou o HU entre os mais destacados centros de referência de Covid do Brasil, de acordo com o reitor. “Parabenizo a todas as equipes, pois um hospital é antes de tudo as pessoas que se dedicam a outras pessoas. Sem dúvida, vivemos hoje o maior protagonismo de toda a história de 11 anos do nosso HU”, acrescentou.

O diretor do HU-UEPG, Sinvaldo Baglie, explicou que as frentes de trabalho desenvolvidas no hospital, referência no atendimento de qualidade e no ensino, foram acentuadas no combate à pandemia. “Com a integração de todas as equipes, e a união de esforços, o HU tem conseguido prestar o melhor atendimento possível, tendo sempre em vista o objetivo de salvar vidas”, destacou.

O diretor também enfatizou que a instituição se orgulha de garantir uma formação consistente para profissionais de saúde. “Em todos os setores o atendimento de qualidade se alia ao ensino, em especial nas residências uni e multiprofissionais”, disse.

Baglie afirmou que, neste último ano, os 10 leitos inicialmente destinados à Covid-19 no HU foram ampliados conforme a demanda. Atualmente, são 128 leitos exclusivos, sendo grande parte de UTI, numa estratégia conjunta com a Secretaria de Estado da Saúde. “Esse é um momento histórico, em que as equipes mostram todos os dias sua força e dedicação. Por este esforço cotidiano, agradecemos a cada um dos profissionais que atuam no hospital e garantem o melhor atendimento aos pacientes, independentemente do setor”, disse.

O desafio de atender à pandemia se somou a outro: contemplar também uma nova unidade hospitalar, o Hospital Universitário Materno Infantil (Humai). “A mudança para o antigo Hospital da Criança deu segurança para as gestantes, bebês e crianças, além de abrir espaço para ampliar o atendimento à Covid-19 no HU”, afirmou o diretor.

Em 2010, quando ainda era Hospital Regional de Ponta Grossa, a instituição tinha capacidade de 193 leitos. Quando a UEPG assumiu a administração da unidade, em 2013, o HU atendia 430 pacientes por mês, com 40 leitos ativos, dos quais 12 eram reservados para atender adultos na UTI, além de 18 leitos cirúrgicos e 10 clínicos. A partir daquele momento, passou a se chamar Hospital Universitário.

De lá para cá, o HU-UEPG expandiu sua capacidade de serviços no atendimento ambulatorial, de urgência e emergência, UTIs, exames e análises clínicas. O crescimento também se destaca na área do ensino, no atendimento materno-infantil, além do atendimento em unidades de terapia intensiva para tratamento da Covid-19.

UM ANO DE COVID – O mês de março também marca o trabalho de enfrentamento à pandemia. Há um ano, profissionais da Unidade de Terapia Intensiva se dedicam ao combate da Covid-19. O agravamento da pandemia exigiu mais esforços, leitos e insumos. No mesmo período do ano passado, o hospital tinha 10 leitos de UTI para os casos graves, e cinco leitos clínicos para casos moderados. Atualmente, o HU trabalha exclusivamente para atender pacientes com Covid-19 e casos de hemorragia digestiva, com 46 leitos de UTI Covid, 64 de Clínica Covid e 14 de UTI do Pronto Atendimento. Além disso, os 19 leitos de Clínica Geral e 10 da UTI também recebem pacientes Covid-19 de longa permanência.

Os profissionais que estão na ala dedicada ao tratamento do novo coronavírus rememoram o trabalho ao longo de um ano. Somente neste mês foram 213 pacientes internados, com 53 altas. Se contarmos desde o início da pandemia, o total de internados na ala Covid-19 chega a 1.547, com 1.158 altas na Clínica Covid-19 e 55 na UTI Covid-19. A média atual de permanência nos leitos, neste mês, é de cerca de nove dias nos leitos clínicos e 15 dias nos de UTI. Os números demonstram uma mudança no comportamento da pandemia, visto que, em 2020, a média era de 12 dias em leito clínico e 10 dias em UTI.

Segundo os profissionais que atuam na ala, a rotina está intensa. O enfermeiro intensivista Eduardo Blan de Oliveira lembra que, no início da pandemia, os profissionais ficavam à espera do pico da doença com medo, insegurança por não saber como cuidar e prestar uma assistência de qualidade aos pacientes. Aos poucos foram aparecendo os primeiros casos, até a lotação máxima neste ano. “Os casos diários só aumentam em algo nunca visto antes e, junto com a gravidade desses casos, o perfil de pacientes mudou. Até pacientes muitos jovens estão sendo acometidos e muitos com desfechos não favoráveis”, disse.

Mesmo em tempos difíceis, a alegria de ver pacientes se recuperando é o que motiva a técnica de enfermagem Karen Santos. “Sofríamos por ver um paciente jovem não apresentar melhora, e quando ele se recuperou alguns dias depois foi um alívio muito grande. Ele ter alta da UTI deixou a equipe muito feliz”, afirmou. A técnica em enfermagem Ana Karoline Gomes também frisa os momentos que ficarão na memória da equipe: “O que mais nos marca e nos emociona é o momento em que vemos o paciente ganhar alta, é uma sensação incrível, inexplicável”.

Profissionais que trabalham na UTI Geral também sentem o impacto do que as alas Covid-19 enfrentam. A equipe recebe pacientes de longa permanência, que não transmitem mais o vírus – acima de 21 dias da contaminação. “Alguns pacientes estão em estado extremamente grave, o que demanda muito mais atenção de toda a equipe. Esse momento exige muito do nosso físico e psicológico porque a todo momento surge uma intercorrência. Nós nos ajudamos muito entre a equipe para conseguir aguentar”, explicou a técnica em enfermagem Jaqueline Slotuk.

Além da superlotação, o que marca a profissional é a pressa de arrumar o leito para que outro paciente ocupe: “Poder cuidar de uma pessoa que está precisando é muito gratificante. Eu sei que posso ser a última pessoa que eles verão na vida ou a primeira, quando acordarem da sedação”.

Fonte: AEN/PR