Correio dos Campos

Doação de medula óssea diminuiu 30% com a pandemia da COVID-19

800 pessoas aguardam um doador compatível, entre eles, a curitibana Isabela de 4 anos; atualmente, são mais de 5 milhões de doadores cadastrados no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome)
27 de outubro de 2021 às 10:58

COM ASSESSORIAS – Isabela tem 4 anos e em 2020 descobriu uma linfohistiocitose hemofagocitica – uma síndrome de hiperativação imunológica que ocorre quando as células NK e os linfócitos T citotóxicos não eliminam os macrófagos ativados, levando à produção excessiva de citocinas pró-inflamatórias. Em palavras simples, é uma infiltração na medula óssea. “Iniciamos, depois de muitos tratamentos sem sucesso, a quimioterapia e a doença entrou em remissão”, explica a mãe da pequena, Carol Monteguti.

“A doença voltou em setembro do ano passado e, então, tivemos a indicação do transplante de medula óssea. Com o risco e a falta de um doador compatível, a equipe médica decidiu realizar o transplante haploidêntico, quando o doador é 50% compatível. O pai foi o doador em março desse ano”, explica Carol.

Tudo correu bem, porém, em outubro de 2021, a doença voltou, iniciando a busca por um doador 100% compatível, após retomar o tratamento com quimioterapia.

Assim como Isabela, 800 pessoas estão hoje aguardando uma doação de medula óssea, de acordo com o Registro Nacional de Receptores de Medula Óssea (Rereme). O Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome) possui hoje mais de 5 milhões de doadores cadastrados. Com a pandemia, segundo dados, as doações caíram 30%.

As condições para se cadastrar como doador de medula óssea sofreram alterações recentemente: a idade limite para o cadastramento passou a ser de 35 anos, e não mais 55 anos. O doador não pode apresentar doenças infecciosas ou hematológicas.

Para doar é simples: procurar um Hemocentro, apresentar documento oficial de identidade, com foto, preencher os formulários de identificação e assinar o termo de consentimento. Então, será colhida uma pequena amostra de sangue para testes destinados ao exame HLA. Os dados pessoais e o tipo de HLA serão incluídos no Redome e quando houver um paciente com possível compatibilidade, o candidato será consultado para decidir quanto à doação. Por isso, é necessário manter os dados sempre atualizados.

Para seguir com o processo, serão necessários outros exames para confirmar a compatibilidade e uma avaliação clínica de saúde. Somente após todas estas etapas concluídas o doador poderá ser considerado apto e realizar a doação.

Na última semana, Carol junto com amigos e familiares, começaram uma campanha para encontrar um doador compatível por meio do Instagram @todospelaisa. “Doar é simples e, assim como minha filha, inúmeras famílias podem ser salvas por conta deste ato de amor ao próprio e a si mesmo”, apela Monteguti.