Correio dos Campos

Presidente da Câmara de Castro troca tiros e mata vizinho após briga por barulho de crianças, diz polícia

Autor dos tiros foi o vereador Neto Fadel (PSD), de Castro, segundo polícia. Vizinho fez disparos contra a casa do vereador, que revidou. Segundo delegado, Fadel alegou legítima defesa e foi liberado.
21 de novembro de 2024 às 09:54
(Foto: Reprodução/TSE)

O vereador Miguel Zahdi Neto (PSD), conhecido como Neto Fadel, é suspeito de matar a tiros o empresário Guilherme de Quadros Becker em um condomínio de chácaras em Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná.

De acordo com a Polícia Civil (PC-PR), o caso aconteceu após um desentendimento entre Fadel e Becker por conta de barulho de crianças, na noite de quarta-feira (20). Após a discussão, Becker atirou diversas vezes em direção à chácara do vereador, que atirou de volta na direção do imóvel vizinho e atingiu o empresário, segundo a corporação. Saiba mais abaixo.

A polícia também afirma que Fadel tem porte de arma de fogo. Não há informação se Becker também tem autorização para possuir ou portar armas.

Neto Fadel é presidente da Câmara Municipal de Vereadores de Castro, cidade a 48 quilômetros de Ponta Grossa. O g1 entrou em contato com a defesa do vereador, com a Câmara Municipal de Castro e com o Partido Social Democrático (PSD) e aguarda respostas.

O delegado Luís Gustavo Timossi afirmou à RPC que, após a morte de Becker, Fadel e familiares foram ouvidos, e o vereador foi liberado sem ser autuado por, em princípio, ter agido em legítima defesa.

Ao g1, a defesa da família da vítima disse que os familiares estão abalados e que “a verdade será revelada”.

“A família lamenta profundamente que a autoridade policial não tenha mantido a prisão em flagrante ao menos até colher declarações e depoimentos sobre o outro lado da história, aguardando o laudo de necropsia – que ainda não saiu – deixando que a autoridade judicial, ouvido o Ministério Público, decidisse sobre a soltura”, afirma o advogado Jairo Baluta.

O que a polícia já sabe sobre o caso

As primeiras informações da Polícia Civil dão conta que o desentendimento entre Fadel e Becker começou após a vítima ir até o portão do vereador para reclamar do barulho das crianças, que estavam brincando com um quadriciclo. Naquele momento, segundo o relato inicial de Fadel, ele e a família estavam em uma confraternização.

Logo após a discussão, de acordo com Boletim de Ocorrência (B.O.), Becker sacou duas armas da cintura e fez diversos disparos em direção aos moradores do imóvel.

Ainda conforme o documento, Becker chegou a apontar uma arma para a cabeça de um dos homens que estavam na casa, que conseguiu sair da mira do empresário.

Durante a confusão, Fadel, que tem porte de arma de fogo, fez disparos de volta, que atingiram Becker. A vítima foi socorrida com vida pelos familiares do vereador, mas morreu no hospital horas depois, de acordo com a polícia.

A Polícia Militar (PM) afirma que buscou por imagens de câmeras de segurança no local, mas não localizou.

Armas foram apreendidas

De acordo com o boletim do caso, próximo à casa onde o tiroteio aconteceu foram encontrados, em um matagal, um revólver calibre .38 e uma pistola sem carregador. Os equipamentos foram apreendidos.

Ainda conforme o documento, também foram localizados 10 estojos vazios de munição calibre .38.

Durante o atendimento da ocorrência, a polícia confirmou que o vereador tem certificado de porte de arma de fogo com validade até dezembro deste ano. O vereador também apresentou registro da arma, que a polícia verificou constar como cancelado.

Quem é o vereador

Miguel Zahdi Neto tem 35 anos e é natural de Castro. Ele é casado, pai de dois filhos e graduado em Administração.

Conhecido como “Neto Fadel”, ele é empresário e está no segundo mandato como vereador da cidade e também como presidente da Câmara Municipal.

Nas eleições municipais de 2024, disputou o cargo de prefeito de Castro e recebeu 17.900 votos, 45,54% dos válidos, perdendo para o único outro candidato na disputa – Dr. Reinaldo (MDB), que recebeu 51.409 votos (54,46% dos válidos).

Fonte: G1