Correio dos Campos

Paixão de Jesus será encenada neste sábado

Este ano, teatro terá jovem autista entre os atores
28 de março de 2024 às 09:24
(Foto: Arquivo AssCom Diocese de Ponta Grossa / Grupo São Francisco de Assis)

COM ASSESSORIAS – Uma encenação que acontece desde 1980 pela força, fé e persistência de uma legião de voluntários e o apoio de seus padres. Na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, na Vila Cipa, em Ponta Grossa, a história mais conhecida do mundo a cada ano é contada com contornos diferentes. Seja no cenário, local ou na disposição do elenco, a encenação da Paixão de Cristo surpreende e muda. Em 2024, o teatro voltará ao pátio da igreja matriz e ganhará em dinamismo com a rotatividade dos atores. Todos em palco têm a chance de viver papéis importantes. Judas Iscariotes, por exemplo, será interpretado por um jovem autista este ano.

“Vamos voltar a fazer a encenação no pátio da igreja por causa da localização. Tem vários banheiros próximos. O pátio também foi todo ele asfaltado. Ano passado, era de pedra. Ficou bem melhor para andar, para se movimentar, não faz barro se chover e não tem poeira. Ficou plano, melhor para se locomover. E a rotatividade entre os atores fará com que quem, no passado, fez o chefe da guarda, este ano seja Jesus. Quem fez Caifás, vai ser o chefe da guarda. Quem fez um discípulo, será soldado. Alguns que foram soldados serão discípulos e, quem foi soldado ano passado, este ano será Pedro. A ideia é que todos passem pelos papéis importantes: Jesus, Pilatos, Caifás, Maria….Claro, todos são importantes na encenação, mas alguns se destacam mais, especialmente o papel de Jesus. Isso é para que não fiquemos repetindo todo o ano a mesma pessoa. Um dos personagens, o que interpretará Judas, em nome da integração e da inclusão, será um jovem autista. Tudo para mostrar que qualquer pessoa pode participar. Não precisa ser ator, profissional. E ele está fazendo o papel muito bem, com muita excelência, apesar de ter algumas dificuldades”, afirma um dos coordenadores Renan Bianco, citando que é preciso abrir espaço para todos. “Como naquela época: não eram somente as pessoas boas que ficavam ao lado de Jesus. Ele gostava de ficar no meio dos pobres, doentes…Queremos refletir isso através da nossa encenação”, acrescenta.

De acordo com Bianco, houve ainda investimento no jogo de luzes e nos microfones de lapela. Ano passado, a encenação aconteceu no campo atrás da Casa da Criança e Adolescente Irmãos Cavanis, na região da igreja matriz. Este ano, a expectativa é atrair três mil pessoas. A entrada é um quilo de alimento não perecível, que será doado às famílias carentes, na Páscoa. Em 2023, quatro mil pessoas assistiram ao teatro.

A encenação acontece neste sábado (29), a partir das 19h30. O bispo Dom Sergio Arthur Braschi foi convidado e deve acompanhar o teatro. Apresentado pela primeira vez a 44 anos atrás, o espetáculo ficou sem ser encenado por uns oito anos. Voltou em 2017. Foi suspenso durante a pandemia e retornou com força total em 2023. É o mais antigo teatro da Paixão da Diocese.

Irati

Outra tradicional encenação da Paixão de Cristo realizada pelo Grupo de Teatro São Francisco de Assis, ligado à Paróquia Nossa Senhora da Luz, de Irati, ocorreu este ano na véspera do Domingo de Ramos. Considerado o segundo maior teatro da Paixão do Paraná, ao lado da encenação feita pelo Grupo Lanteri, de Curitiba, o espetáculo está na sua 26ª edição. Mesmo com a chuva calma, o espetáculo levou cerca de sete mil pessoas à pista de Laço Ney Cabral, no Centro de Tradições Willy Laars.

O teatro teve até bênção à distância, de frei Augusto Lessa, assistente espiritual da Ordem Franciscana Secular do Brasil, que assistiu através da internet com seminaristas, em Olinda (PE). “Foi tudo benção! Mais de sete mil pessoas e, ainda que com chuva, o local coberto do CT acolheu a todos. O novo desafio foi superado: a mudança de local. Pela primeira vez no grandioso espaço para apresentação do teatro da Paixão. Duração de duas horas de apresentação, envolvendo 320 atores e nos bastidores mais 60 pessoas, na organização”, avaliou Vanderlei Kava, coordenador do grupo teatral.

Kava agradeceu o apoio incondicional do prefeito Jorge Derbli, que, segundo ele, disponibilizou maior parte dos recursos com sonorização, iluminação. telões de led e montagens de cenários. “Foi emocionante para todos nós, lideranças, que desde fim de janeiro até às vésperas da encenação, estivemos envolvidos com ensaios, gravações e organizando os atores e papéis junto dos voluntários. Envolveu a região toda e o povo compareceu, aplaudindo de pé ao final da apresentação. Encerramos com a oração e bênção final de nosso bispo”, enalteceu o coordenador.

Os 600 quilos de alimentos arrecadados como ingresso foram doados para três entidades sociais da cidade.