Jovem expõe histórico de agressões do próprio pai contra ela e faz alerta: ‘Não vivam com medo’
Com o objetivo de alertar e encorajar vítimas de violência doméstica, a paranaense Kauane Cellarius, de 22 anos, publicou nas redes sociais relatos de agressões sofridas por ela que tiveram como autor o próprio pai.
Em um áudio, ela expõe uma das situações mais graves, após ser ameaçada por ele com uma arma de fogo. Ouça acima.
Kauane é de Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná. De acordo com a jovem, ela foi vítima de agressões físicas e verbais desde a infância.
Em um áudio, Kauane registrou uma discussão entre os dois.
– Pai: “Eu tô falando que pode ser você, pode ser ** o que seja, não vai faltar com respeito comigo”.
– Filha: “E se alguém maior que você viesse te bater”?
– Pai: “Daí eu uso isso aqui (engatilha arma). É simples, é assim que eu resolvo a vida. É assim que até hoje eu cheguei nos meus 38 quase resolvendo a vida”.
Além do áudio, Kauane tem registros, em fotos, de lesões no rosto que foram causadas pelo pai, segundo ela. Fernando é cantor e integra a dupla sertaneja Giba e Nando.
A jovem conta que foi vítima de agressões desde a infância.
“Nas agressões ele subia em cima de mim, me dava soco de mão fechada. Ele apertava o meu pescoço até eu perder o meu ar. E quando eu tava na época no colegial, ele fazia eu passar muita maquiagem pra cobrir esses hematomas”.
Em nota, a defesa de Fernando disse que ele não agrediu a filha na situação denunciada, e afirmou que o pai apenas tentou se defender da jovem durante uma briga.
A RPC entrou em contato com Giba, que faz dupla com Fernando, mas não obteve resposta.
Em 2021, a Kauane denunciou as agressões que sofria à Polícia Civil (PC-PR), após ser incentivada pelo namorado. Depois disso, ela conseguiu uma medida protetiva contra o pai, que não pode se aproximar dela, nem entrar em contato.
Em janeiro deste ano, a Justiça aceitou a denúncia do Ministério Público do Paraná (MP-PR) contra Fernando por lesão corporal no âmbito de violência doméstica, tornando o homem réu.
Em 8 de março, no Dia Internacional da Mulher, a jovem resolveu expor o caso nas redes sociais como forma de alerta.
“Eu demorei pra expor tudo isso publicamente porque eu não tinha um psicológico preparado na época para falar sobre. E eu sabia que quando eu contasse sobre isso abertamente era como se essa ferida abrisse novamente. Mas eu me sinto forte, me sinto encorajada”, relembrou.
Kauane lembra que o fato de denunciar o próprio pai tornou toda a situação ainda mais difícil.
“Antes eu não tinha coragem por ser o meu pai, eu amava ele. E eu só tive coragem mesmo porque meu namorado me incentivou, ele foi comigo até a delegacia pra representar contra, pedir uma medida protetiva, porque eu tinha medo até de sair na rua”.
Agora encorajada, ela incentiva que outras vítimas façam o mesmo.
“E quanto a isso, eu só quero Justiça e também espero que as outras mulheres não se calem. Denunciem, não vivam com medo […] Não importa se é pai, se é tio, se é namorado, marido, a gente tem que denunciar. A gente tem que se unir”, frisou.
Fonte: G1