Correio dos Campos

Ponta Grossa lidera pedido de registro de armas, em 2020, diz PF

Polícia Federal contabilizou 8,2 mil requerimentos, contra 5,2 mil de 2019. Especialistas criticam armamento e dizem que aumento pode gerar efeito contrário e agravar índices de violência.
30 de abril de 2021 às 14:53
Registros ativos de armas de fogo aumentaram no Paraná, em 2020. (Foto: Thomas Def/Unsplash)

Os pedidos de registros de arma, no Paraná, aumentaram 57,7%, em 2020, na comparação com um ano anterior, de acordo com um levantamento feito pela Polícia Federal (PF). Ao todo, 8.284 requerimentos foram feitos, no estado.

O Paraná é o sétimo estado com mais requerimentos para a autorização de novas armas, ficando atrás de Goiás, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro e Alagoas. O Distrito Federal também aparece com mais pedidos.

No Brasil, a maior parte dos registros se enquadra na categoria “Cidadão Comum”, com quase 70% dos pedidos. Na sequência aparecem servidores públicos e empresas de segurança privada.

Já no Paraná, os pedidos feitos por cidadãos comuns representam quase 90% dos requerimentos, conforme a PF. Veja a seguir o número total de pedidos, por ano.

Entre as delegacias da Polícia Federal, a unidade de Ponta Grossa foi a que mais registrou requerimentos para liberação de armas:

  1. Ponta Grossa: 1.821
  2. Curitiba: 1.407
  3. Londrina: 1.390
  4. Guarapuava: 1.206
  5. Maringá: 660
  6. Guaíra: 657
  7. Foz do Iguaçu: 346
  8. Paranaguá: 37

O que dizem especialistas

Especialistas dizem que o incentivo ao uso de armas pode agravar os índices de violência. O professor em direito penal Francisco Monteiro Rocha Junior, da Universidade Federal do Paraná, explica que 86% das armas encontradas com criminosos, no Brasil, tem procedência legal.

“Aquilo que, teoricamente, era para defesa do cidadão acaba caindo no mercado ilegal. E com o efeito de, quanto maior a oferta, é muito acessível para quem está à margem da lei ter acesso a arma”, afirmou.

Isabel Figueredo, que é representante do Conselho do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, critica as medidas que facilitam o acesso a armas e munições que vem sendo tomadas no país, desde 2019.

Segundo ela, o processo de licenciamento é muito custoso e a maior parte da população é contrária ao armamento.

“Tem um discurso de que ‘agora vocês vão se armar e vão poder se defender’, que já é errado, mas que além de tudo é mentiroso porque vem da ideia de que qualquer um vai ter acesso e não vai, porque a arma é cara”, argumentou.

Em abril, 13 decretos federais que flexibilizam o acesso as armas foram vetados por uma decisão da ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Entre os pontos que foram suspensos está a possibilidade de uma pessoa comprar até seis armas e, no caso de agente de segurança, até oito equipamentos.

A ministra também vetou a autorização para porte simultâneo de até duas armas de fogo, por cidadão.

Fonte: G1