Correio dos Campos

Protestos na Colômbia: causas e consequências

Por Pedro Luís Macedo Dalcol, acadêmico do curso de História da Universidade Estadual de Ponta Grossa e estagiário da Secretaria Municipal de Cultura de Piraí do Sul
11 de junho de 2021 às 19:00
(Foto: JRamirez/Pixabay)

Após mais de um mês de atos nas ruas e dezenas de mortos, o presidente Iván Duque prometeu neste domingo (6), uma reforma policial no país

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Desde o primeiro ato, realizado em 28 de abril, os protestos contra a implementação da reforma tributária que aumentaria os impostos na pandemia, vêm se intensificando por todo o país. A reforma tinha como objetivo reparar os danos econômicos causados pela pandemia de Covid 19 e foi desenvolvida pelo ex-ministro da fazenda Alberto Carrasquilla que, após a retirada do projeto de reforma como tentativa de trégua por parte do Presidente, se demitiu.

A revolta começou pela tentativa de aumento nos impostos no pior momento da pandemia, que elevou a taxa de pobreza em 6,8 pontos, totalizando 42,5% da população. Além disso, cerca de meio milhão de negócios faliram, segundo matéria do El País. Mesmo que os economistas a considerassem necessárias, a maior parte da população achou injusta a criação de impostos de 19% sobre os produtos essenciais da cesta básica e serviços e a inclusão de um novo imposto funerário, que não precisaria passar pela Câmara dos Deputados, durante o pior momento da pandemia no país.

O conflito ganhou força com a violenta reação da polícia, principalmente na cidade de Cali. Até o dia 29 de maio, segundo o jornal chileno La Tercera, pelo menos 61 pessoas, das quais 59 eram civis, foram mortas durante os protestos. A ONG Human Rights Watch, revelou a denúncia de 67 mortes, das quais 32 já foram apuradas como relação direta aos protestos. Além disso, a ONG Temblores relatava até o dia 31 de maio 3.789 casos de violência policial, 1.649 detenções arbitrárias, 65 vítimas oculares, 189 casos de disparo de arma de fogo e 25 acusações de violência sexual por parte da força pública.

Decorrente dos protestos, Iván Duque prometeu no domingo (6), em suas redes sociais, a criação de um novo estatuto disciplinar e de um novo sistema de recebimento de reclamações e denúncias para, segundo ele, “alcançar a excelência” na instituição. O Presidente ainda disse que implementará padrões profissionais em questões como o uso de força, direitos humanos, serviços à população e procedimentos policiais. O governo pedirá ao Congresso que aprove a criação de uma diretoria de direitos humanos, que buscará ajuda internacional nas políticas, além de uma nova diretoria para o treinamento de oficiais da polícia, garantiu Duque durante uma cerimônia para celebrar as promoções da polícia.

O governo da Colômbia, nesta quinta-feira (10), se comprometeu, junto a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), a investigar 21 homicídios ocorridos durante os protestos contra o governo, ao final da visita extraordinária da comissão para avaliar a situação no país após mais de um mês de crise.

A comissão chegou no domingo com objetivo de avaliar as denúncias de violação de direitos humanos na capital Bogotá, nas cidades de Cali, Popayán e no município de Tuluá. Também se reuniu com Duque, o Ministério Público, organizações civis, vítimas e o comando da polícia, questionada pela dura repressão às manifestações. Segundo a Defensoria do Povo, que afirmou a ocorrência de 61 mortes desde do dia 28 de abril, foram entregues mais de 500 denúncias à CIHD.