Correio dos Campos

Como o Amazonas chegou ao primeiro dia sem mortes por Covid-19 após 1 ano e 3 meses

Estado não registrou nenhuma morte pela doença nesta terça-feira (6). Essa é a primeira vez desde o dia 31 de março de 2020.
7 de julho de 2021 às 15:32
Em junho, o G1 já havia alertado para uma queda de mortes de idosos acima de 60 anos, por Covid-19, no Amazonas. (Foto: Arthur Castro/Secom)

O Amazonas não registrou mortes por Covid-19 nesta terça-feira (6). Essa é a primeira vez, desde o dia 31 de março de 2020, que o estado não tem óbitos em decorrência da doença. Infectologistas ouvidos pelo G1 falam que isso é reflexo da vacinação que avança no estado.

Já a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas, em nota ao G1, informou que a vacinação é importante ferramenta de prevenção à Covid-19. No entanto, ainda é precoce afirmar que o registro de zero óbitos por Covid-19, divulgado no último boletim diário de casos de Covid-19, esteja diretamente ligado ao avanço da vacinação contra a doença no Estado. O órgão não informou o que pode ter colaborado para a diminuição de mortes pela doença.

No Amazonas, segundo dados Consórcio de Veículos de Imprensa, 37,22% da população do estado receberam a primeira dose, o que representa 1.565.933 de pessoas, e outros 13,7% desse grupo receberam a segunda dose, ou seja, 576.572 pessoas. O Amazonas aparece só em sexto lugar no ranking de estados que mais imunizaram.

No quadro nacional de imunização, dois estados apresentam percentuais mais altos do que os demais nesse trabalho: Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. Mato Grosso do Sul lidera o ranking da vacinação contra a Covid: já imunizou 23,38% da população, segundo o consórcio de veículos de imprensa. O Rio Grande do Sul aparece em segundo lugar: 17,61% da população gaúcha está totalmente imunizada. Em seguida, estão Espírito Santo (15,36%), São Paulo (14,44%) e Pará (14%).

No entanto, apesar de o dado ser animador, os médicos reforçam que a pandemia ainda não acabou. Em Manaus, não são poucos os casos de desrespeito à lei que determina o uso de máscaras e o distanciamento social. Nas ruas, poucas pessoas fazem o uso correto desse equipamento de proteção e não é difícil encontrar quem use a máscara abaixo do queixo.

Em junho, o G1 já havia alertado para uma queda de mortes de idosos acima de 60 anos, por Covid-19, no Amazonas. Naquele levantamento, foi constatado uma redução de 78,90% entre os meses de março e maio. Na época, especialistas já falavam que a queda era um avanço da imunização no estado.

Vacina reduziu mortes

O presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Renato Kfouri, afirma que esse primeiro dia sem mortes pela Covid é resultado da ampliação da cobertura vacinal no Amazonas. Ele também ressaltou que o estado é um dos que mais avançaram no processo de imunização.

“É impacto da vacinação. Na medida em que nós vamos avançando na vacinação, e o Amazonas é um dos estados que mais avançou, é possível comemorar esse tipo de fato. Você vai desviando a faixa etária da doença para públicos ainda não-vacinados, ou seja, mais jovens com risco menores de morrer, e com isso a tendência de hospitalizações e mortes tende a cair”.

O infectologista Marcos Guerra afirmou que mais de 80% do público acima de 60 anos já foi imunizado, e isso garante uma redução significativa de óbitos. Ao fato soma-se a ampliação da vacinação para outras faixas etárias.

“O Amazonas tem um número expressivo de pessoas imunizadas, tanto de forma natural, que são os infectados, assim como os vacinados, principalmente entre os grupos mais vulneráveis. Entre as diversas faixas etárias, acima de 60 anos, já se conseguiu vacinar com as duas doses mais de 80% dessas pessoas. Isso resulta numa menor circulação do vírus, tanto por reduzir o número de suscetíveis, assim como menor carga viral nos infectados, resultando na menor incidência de casos”.

Mas apesar do registro, Kfouri alertou para que a população mantenha os cuidados em relação à pandemia. Segundo ele, o número de casos continua alto em todo o país. Somente nessa terça-feira (6), no Amazonas, foram mais de 700 registros novos da doença.

“Estamos registrando 60 mil casos por dia, no Brasil. São muitos casos. Embora o desvio da faixa etária para os mais jovens diminua o risco de hospitalizações, ainda temos UTIs cheias, muitos casos, jovens que não morrem com tanta frequência, mas evoluem para formas mais graves. Então não é hora de baixar a guarda não”, ressaltou.

Doses extras de vacina

Após o colapso no sistema de saúde em janeiro, quando houve recordes de casos e mortes por Covid-19 no Amazonas, o estado recebeu doses extras de vacina. Os lotes adicionais foram enviados após um acordo entre governadores, que levaram em consideração a situação dramática no estado, que registrou falta de insumos como oxigênio.

Grupos prioritários

Entre os idosos, a faixa etária mais vacinada é a de pessoas acima de 80 anos ou mais. No vacinômetro, essa faixa etária tem 92,9% vacinados com a primeira dose, o que representa 35.962. Outros 84,7% das pessoas receberam a segunda, ou seja, 32.781 pessoas imunizadas.

No entanto, em relação a pessoas com comorbidades, 89,5% do total de 149.515 pessoas receberam a primeira dose. Mas apenas 51,9% (86.586 pessoas) recebeu a segunda dose no estado.

Entre os trabalhadores de saúde, mais de 100% desse grupo recebeu a primeira dose do imunizante, totalizando 109.893 pessoas. E outros 94,6% (97.832) receberam a segunda dose.

Somente 83,2% dos indígenas aldeados receberam a primeira dose da vacina, ou 83.709 pessoas. Em relação ao percentual dos que foram completamente imunizados, o número é de 68,8%, o que representa 69.203 indígenas.

Entre as gestantes e puérperas, somente 12.998 mulheres recebeu a primeira dose da vacina, o que representa 36,5% do total desse grupo. Somente 2,3% recebeu a segunda dose completou o ciclo de imunização, o que totaliza 832 gestantes e puérperas.

Fonte: G1