Correio dos Campos

“Antes era a minha vida do que a vida dele”, diz mulher acusada de matar o marido enquanto ele dormia

Em depoimento, Maria Izabel contou sobre a trajetória de violência que afirma ter vivido ao lado do marido, sobre agressões e cárcere privado
15 de junho de 2021 às 15:17
(Foto: Reprodução/ Polícia Civil)

Após ser presa na última quinta-feira (10) em Ivaí, nos Campos Gerais, Maria Izabel de Souza Morais, de 22 anos, acusada de matar o marido a tiros enquanto ele dormia, deu depoimento para a Polícia Civil. A equipe da RIC Record TV Curitiba teve acesso ao vídeo que mostra o relato da suspeita, que afirma que assassinou Raul Fernandes da Costa, de 27 anos, por não aguentar mais ser agredida.

Em depoimento, Maria Izabel afirmou que foi ameaçada de morte e, por isso, cometeu o crime. “De noite ele falou para mim que no outro dia ele ia me matar e ia matar a minha filha. Aí de noite eu não ‘tava’ aguentando, ele ‘tava’ dormindo com a pistola dele debaixo do travesseiro, ele levantou para ir ao banheiro e aí eu tirei a pistola. Quando ele deitou, aí eu peguei e matei ele”, explicou a mulher.

O crime foi registrado no dia 28 de outubro de 2019, no bairro Costeira, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. Maria Izabel chegou a dar uma versão para a polícia de que a casa tinha sido invadida por três homens, que teriam assassinado Raul. No entanto, as investigações apontaram a mulher como suspeita e ela acabou confessando a autoria do crime. No entanto, ela só foi presa quase dois anos após o homicídio.

Em depoimento, Maria Izabel contou sobre a trajetória de violência que afirma ter vivido ao lado do marido, sobre agressões e cárcere privado. “Ele me bateu a primeira vez, eu fui parar no hospital. Ele me deu uma surra e eu fui parar no hospital. Quando eu voltei, eu falei que eu não ia mais aceitar, que foi a primeira e a última vez, daí eu fugi. Voltei a morar com a minha mãe, peguei um Uber, juntei minhas coisas e fui embora para a minha mãe”, contou.

“Quando eu cheguei na casa da minha mãe, ele já ‘tava’ lá, ele fez um escarcéu, ele me bateu, ele quis bater na minha mãe, aí eu voltei para ele, eu ‘tava’ grávida […] ele falou para mim que ele ia mudar, que ele ia voltar a trabalhar com a mãe dele, que ele ia ter uma vida digna”, relatou Maria Izabel.

No entanto, as agressões teriam continuado. A mulher contou que o marido não a deixava fazer nada, escondia seu celular, não a deixava falar com os pais e a trancava em casa ao sair, a mantendo em cárcere privado, isolada na residência. Além disso, alegou que ele não comprava nada para a casa e ela e a filha se alimentavam somente com pão seco. Maria Izabel ainda conta que, em outro episódio, o homem teria tentado colocar fogo na casa, com a família dentro.

“A gente brigou e ele pegou e ligou o gás da casa, para colocar fogo na casa e matar todo mundo. Daí eu acordei na hora, ele deu um soco na minha cara, eu levantei assim, na hora que eu levantei eu fiquei meio zonza assim, ele falou para mim que ia matar todo mundo, que se não matasse todo mundo queimado, ele ia matar de qualquer jeito”.
disse a suspeita.

Ela ainda afirmou que conseguiu sair da casa e Raul disse que iria embora, mas a prensou contra o portão da residência com o carro. “Ali eu falei que não queria mais”, disse a mulher em depoimento.

Maria Izabel ainda argumentou que, na noite anterior, Raul teria sufocado a filha dela com um travesseiro e dado um tiro na direção da criança. “No outro dia de noite, eu não aguentei. Antes era a minha vida do que a vida dele”, desabafou.

Fonte: Ricmais

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