Correio dos Campos

‘Tô me sentindo fraca, com falta de ar e não consigo dormir’, diz mulher que teve parada cardiorrespiratória após fazer progressiva no cabelo em Cascavel

Vítima precisou ser entubada imediatamente e foi socorrida graças à ajuda do filho e do marido; ela registrou um Boletim de Ocorrência e afirmou que a cabeleireira usou formol para fazer o procedimento estético
26 de agosto de 2020 às 14:31
Magali passou mal após fazer a escova progressiva e disse que está tendo quedas no cabelo. (Foto: Arquivo pessoal)

A moradora de Cascavel, no oeste do Paraná, Magali Rosa dos Santos, que teve uma parada cardiorrespiratória e foi parar na UTI (Unidade de Terapia Intensiava) após fazer uma escova progressiva no cabelo supostamente com uso de formol, disse que está psicologicamente abalada com a situação.

O formol é uma substância altamente tóxica e proibida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

“Tô sentindo fraca, com falta de ar, dor de cabeça, e estou bem debilitada e não consigo dormir porque eu tenho medo de dormir. Eu estou psicologicamente bem abalada”, desabafou.

Ela também contou que está tendo quedas diárias de cabelo e que está fazendo tratamento com shampoo anti-resíduos. O caso aconteceu no domingo (16).

A Polícia Civil informou, nesta quarta-feira (26), que vai investigar e pedir para que sejam feitas perícias técnicas para apurar se o produto utilizado tem componentes não autorizadas pela Anvisa. Além disso, apurar se a parada cardiorrespiratória tem relação com o produto.

A RPC tenta contato com a profissional que fez o procedimento de alisamento no cabelo da mulher.

Após o procedimento no cabelo, Magali ficou três dias internada na UTI do Hospital do Coração. De acordo com o médico Lisias de Araújo Tomé, a vítima teve uma grave alergia ao produto químico usado no processo de alisamento do cabelo. Após chegar ao hospital, foi entubada imediatamente, caso contrário, poderia ter morrido, segundo o médico.

A Vigilância Sanitária informou que fará inspeção para verificar se salão usou formol durante alisamento. Magali afirmou que a cabeleireira usou a substância tóxica para fazer a progressiva.

‘Eu não aguentava de dor’

Ao G1, ela disse que se não fosse a ajuda do filho, de cinco anos, que correu para chamar o pai ao vê-la passando mal, tudo poderia ter terminado de uma maneira muito mais trágica.

“Eu cheguei na minha casa e lavei o cabelo porque eu não aguentava de dor, estava saindo sangue do meu nariz. E quando eu lavei, comecei a passar mal e meu filho chamou o pai dele, que estava voltando do trabalho, e me socorreu a tempo”, declarou.

Na terça-feira (25), Magali contou que registrou um boletim de ocorrência sobre o caso e que também vai fazer uma reclamação ao Departamento Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-PR).

Vítima disse que não foi avisada sobre o formol

Sobre o suposto uso do formol, Magali afirmou que não sabia que o produto que a cabeleireira usou durante a progressiva continha a substância tóxica.

“Ela não me contou que tinha formol no produto e passou no meu cabelo. Quando ela começou a passar na minha cabeça, eu já comecei a passar mal. Ela disse que era normal e que isso aconteceu porque o procedimento de progressiva é forte”, contou.

O perigo do uso inadequado da substância tóxica

O uso indevido de formol em alisantes de cabelo pode causar diversos males à saúde como irritação, coceira, queimadura, inchaço, descamação e vermelhidão do couro cabeludo, queda do cabelo, ardência dos olhos e lacrimejamento, falta de ar, tosse, dor de cabeça, ardência e coceira no nariz.

O médico Lisias de Araújo Tomé, que atendeu Magali, disse que o produto é tão forte que é usado para preservar cadáveres nos tanques de universidades para que alunos possam estudar neles.

“Ele provoca queimaduras, provoca reações químicas, de grande intensidade, muitas vezes, faz uma lesão tão grande no couro cabeludo, que as pessoas ficam calvas, nunca mais nasce cabelo naquela região que aplicou o formol. Pode haver um óbito por situações gravíssimas de intoxicação por formol, tanto pela inalação como contato químico”, explicou o médico.

É possível consultar no site da Anvisa se o alisante de cabelo é registrado e liberado. Veja aqui.

Fonte: G1