Correio dos Campos

Família de mulher assassinada na frente dos filhos diz que vítima tinha feito Boletim de Ocorrência contra o ex-marido três dias antes do crime

Sandra Curti tinha 43 anos e foi esfaqueada pelo ex-companheiro na segunda-feira (6), em Londrina, no norte do Paraná. Em audiência de custódia, suspeito disse que perdeu a cabeça durante uma discussão.
9 de julho de 2020 às 08:33
Foto ilustrativa

A família da mulher que foi assassinada a facadas pelo ex-marido em Londrina, no norte do Paraná, na segunda-feira (6), diz que a vítima tinha registrado Boletim de Ocorrência contra o suspeito três dias antes de ser morta. Ela também estava prevendo ir até a Delegacia da Mulher na terça-feira (7) para pedir medida protetiva contra o homem.

Luiza Curti era a irmã que socorria Sandra durante as brigas com o ex-companheiro. Tia de Guilherme, de 12 anos, e Gabriela, de 8, filhos de Sandra, conta como as crianças estão reagindo após a morte da mãe. Elas viram o próprio pai cometer o crime.

“O meu sobrinho de 12 anos chorou muito. Os dois entendem que morte não tem volta. Depois de desabafar, o Guilherme disse que entendeu que a mãe está no céu, com Deus. A menina disse que agora vai morar com a avó”, contou.

Sandra Curti tinha 43 anos e foi morta segunda-feira dentro da própria casa, depois de ser esfaqueada facadas pelo ex-companheiro. O suspeito é açougueiro, e segundo o Ministério Público do Paraná (MP-PR), utilizou uma das facas do trabalho para cometer o crime.

O assassinato aconteceu enquanto técnicos instalavam câmeras e cercas elétricas no imóvel, era uma tentativa de Sandra de se proteger das ameaças do ex-marido.

Alan Borges, de 40 anos, foi casado com Sandra por 13 anos, mas estava separado dela há três meses.

A família de Sandra conta que na última semana, Alan passou a vigiar à casa da ex-companheira. Por medo, ela registrou um Boletim de Ocorrência.

“Orientada pelo advogado ela registrou Boletim de Ocorrência na sexta-feira. Na delegacia foi orientada a procurar a Delegacia da Mulher para pedir a medida protetiva. Ela ia fazer isso na terça-feira, mas não deu tempo”, lamentou Luiza Curti.

Prisão preventiva

O suspeito está preso preventivamente, ou seja, por tempo indeterminado. Segundo a Polícia Civil, ele já havia agredido Sandra anteriormente. O primeiro registro de agressão foi feito em 2012.

“A qualquer sinal de abuso pelo companheiro, de que o relacionamento é abusivo, procure as autoridades para pedir proteção. É importante essa atitude para não chegar nesse ponto”, explicou a delegada Magda Hofstaetter.

Esse foi o primeiro feminicídio registrado em Londrina este ano.

O autor do crime disse à polícia e ao juiz que perdeu a cabeça porque estava sendo impedido pela ex-mulher de ver os filhos.

Contou que no dia do crime foi até a casa dela e passou a conversar com as crianças. Disse, na audiência de custódia, que ficou nervoso em uma discussão com Sandra.

Para a promotoria o crime ocorreu por motivo fútil, cruel e premeditado. O MP-PR afirmou que Alan Borges tem uma ficha criminal de sete páginas e ressaltou, na audiência de custódia, que o suspeito mesmo sendo beneficiado pela Justiça após os registros de crimes, continuou agindo de forma irregular sem ser penalizado.

A delegada da Mulher em Londrina explicou que apesar da vítima ter registrado Boletim de Ocorrência por ameaça, ainda não tinha procurado a Delegacia da Mulher para pedir a medida protetiva.

Alan Borges ainda não tem advogado constituído no processo.

Fonte: G1