Correio dos Campos

Morre vítima da Covid bispo brasileiro na Guiné

Dom Pedro Zilli foi criado no interior do Paraná
1 de abril de 2021 às 10:52
O bispo de 66 anos era muito querido pelo povo e pelas autoridades locais. (Foto: Arquivo Pessoal)

COM ASSESSORIAS – Dom Pedro Carlos Zilli, bispo brasileiro da Diocese de Bafatá, Guiné Bissau, na África, faleceu na tarde desta quarta-feira (31). O bispo estava internado desde o dia 11, no hospital de Cúmura, na Guiné Bissau, para tratamento da Covid-19. Apesar de seu estado clínico ter apresentando uma boa recuperação nos últimos dias, na manhã de hoje, foi registrada queda na saturação de oxigênio no sangue, o que levou a intubação. E Dom Pedro acabou não resistindo. Segundo dados da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, o índice de mortes entre bispos brasileiros por Covid é alto: de um total de 400 bispos, sete faleceram por conta da doença, ou, 1,75%.

Em nota, o Regional Sul 2 da CNBB informou que Dom Pedro sempre foi muito próximo aos bispos da Igreja do Paraná por ser um “paranaense de adoção”, pois na adolescência veio com a família do interior de São Paulo para Ibiporã (PR). Missionário na Guiné-Bissau desde 1985, quando foi ordenado sacerdote, Dom Pedro sempre aproximou e envolveu o Paraná da missão que desenvolvia na África.

Nascido em Santa Cruz do Rio Pardo (SP), a 7 de outubro de 1954, Dom Pedro foi o primeiro bispo da Diocese de Bafatá desde 2001, sua primeira missão após a sua ordenação a 5 de janeiro de 1985. Era membro do Pontifício Instituto para as Missões Estrangeiras. Após um período de missão, regressou ao Brasil em 1998, assumindo o serviço de formação de seminaristas do Pontifício Instituto e sendo vice superior regional para o Brasil-Sul, quando foi eleito bispo a 13 de março de 2001, se tornando o primeiro bispo missionário brasileiro.

Dom Sergio Arthur Braschi, bispo da Diocese de Ponta Grossa e referencial para as missões no Paraná, dizia viver um momento de bastante dor e inesperado. “Sabia que estava com a Covid, mas que estava alternando momentos de melhora, nesses últimos dias. Ninguém acreditava que fosse morrer. Estou ainda em choque. É algo inacreditável”, comentava Dom Sergio, que o conheceu no contato dos bispos do Paraná para abertura da missão católica na diocese africana. O bispo esteve com ele em Bafatá, quando da ida dos primeiros missionários para Quebo, o casal Pedro e Salete Lang.

“Nessa visita que fiz à missão, ao lado do padre Fábio Sejanoski, convivi com ele. Foi uma pessoa que marcou profundamente pela santidade de vida pessoal. Ele irradiava serenidade, entusiasmo, consciência da missionaridade, e lá, estando com o seu povo, tão sofrido daquela região da África, eu percebi o quanto era admirado pelas autoridades e pela população, por sua dedicação, por esse entregar a vida totalmente em um local tão limitado, tão necessitado. Fazia dessa dedicação missionária um pastoreio. Embora tenha tão prematuramente nos deixado tenho a certeza de que continuará intercedendo pela missa católica São Paulo VI”, enfatizou emocionado dom Sergio.

Na Diocese de Bafatá a maioria da população, 60% praticam religiões tradicionais africanas, 30% são muçulmanos e apenas 10% são cristãos. O trabalho da Igreja na região é de primeira evangelização, algo sempre presente no Pontifício Instituto para Missões Estrangeiras, cujo trabalho missionário se destaca no campo da educação e da saúde.