Correio dos Campos

Menina morre após ter 62% do corpo queimado ao brincar com álcool para matar carrapato

19 de agosto de 2020 às 07:58
Marcella Uchoa morreu devido a complicações após ter 62% do corpo queimado ao brincar com álcool para matar carrapato (Foto: Marcello Uchoa/Arquivo pessoal)

A menina de 10 anos que teve 62% do corpo queimado enquanto brincava com álcool para matar um carrapato faleceu na tarde de terça-feira (18). Marcella Souza Figliuolo Uchoa, que estava internada há quase um mês no Hospital de Queimaduras de Anápolis, a 55 km de Goiânia. Segundo o pai, Marcello Figliuolo Uchoa, de 55 anos, a filha teve complicações respiratórias em decorrência do acidente. “Foi o pulmão. Ela se foi ontem, por volta das 17h”, disse.

Marcella teve queimaduras profundas, de 3º grau, no tronco, pernas e braços. Segundo Marcello, apesar do quadro grave da menina, ele e a mulher, Maria Claudiana de Souza, de 44 anos, conseguiram conversar com a filha no último sábado (15), quando ela apresentou uma leve melhora.

“Apesar de ela estar levemente sedada, a gente conseguiu se comunicar com ela nesse dia, ela estava melhor”, comentou. Para ele, o apoio que a família recebeu em Goiás ficará para sempre na memória. “Fica aqui o nosso agradecimento a todos daqui, em especial ao pessoal de Anápolis, que desde o começo se dispôs a nos ajudar. Até ontem, tinha gente doando sangue para ela [Marcella], as pessoas nos acolheram muito bem”, disse.

De acordo com o pai de Marcella, o enterro será realizado em Manaus (AM), cidade onde aconteceu o acidente no dia 1º de julho, e onde mora a maioria dos parentes. A previsão é que ele e a esposa realizem o traslado do corpo e embarquem para a cidade ainda nesta quarta-feira (19).

A família vivia em Indaiatuba, no interior de São Paulo. No entanto, a empresa onde Marcello trabalha como aeroportuário deu licença não remunerada aos funcionários forma de amenizar os efeitos da crise. Assim, ele e a família decidiram passar um tempo em Manaus.

Esperança e vaquinha virtual
Apesar de Marcella ter o quadro grave ao longo do tratamento, os pais estavam confiantes na recuperação dela. O casal se apoiou na fé e no apoio recebido de amigos e até desconhecidos para acreditar em sua melhora.

Sem que o casal pedisse, amigos criaram uma vaquinha virtual para arrecadar dinheiro para despesas posteriores no tratamento da menina, como cirurgias, medicamentos e roupas especiais.

Chamada de “Todos pela Marcella”, a campanha arrecadou R$ 21,8 mil, valor que superou a meta inicial de R$ 15 mil.

Transferência para Goiás
Os pais ainda estavam em São Paulo quando receberam a notícia e adiantaram o voo para Manaus, onde Marcella se queimou. A garota recebeu atendimento em três unidades até chegar em Goiás.

Após o primeiro atendimento, ela foi levada a outro hospital com UTI par queimados. Em seguida, a menina foi transferida para um terceiro pois havia a necessidade de um profissional de cirurgia plástica. Por fim, os médicos optaram pela remoção a uma unidade de referência, como a de Anápolis. Marcella deu entrada no Hospital de Queimaduras no dia 22 de julho.

A transferência de Marcella mudou todos os planos do casal. Eles tiveram que ficar em Anápolis para acompanhar a filha e foram acolhidos em uma ONG, onde viveram ao longo do tratamento em Goiás.

Acidente com álcool
O acidente aconteceu no último dia 1º de julho, em Manaus, na casa da avó materna de Marcella, enquanto a menina tentava matar um carrapato usando álcool.

“A Marcella foi manusear álcool gel com álcool líquido na tentativa de matar um carrapato. Ela estava acompanhada do primo e, inocentemente, sem nenhum cuidado, ao acender num copinho o fogo para tentar matar o carrapato, houve uma explosão muito grande e isso pegou fogo no vestido dela”, disse o pai.

A menina, conta o pai, saiu correndo com o corpo em chamas e foi socorrida pela avó. Um motorista de aplicativo viu a menina na situação e a levou ao hospital. A avó sofreu alguns ferimentos ao tentar socorrê-la. Já o primo saiu ileso.

A mãe de Marcella, disse que, inicialmente, a filha estava consciente e até conversava. No entanto, seu estado foi piorando.

“Ela chegou bem em Anápolis e comia sozinha. Mas uma semana depois ela foi entubada. Ela teve queimaduras profundas, de 3º grau, no tronco, pernas e braços. Só a cabeça não foi atingida”, relatou.

Fonte: G1