Cemitério da Diocese recebeu 40 mil pessoas no final de semana
COM ASSESSORIAS – “Esse espaço em que acolhemos os irmãos, que tanto serviram na vida, na família, na Igreja, em todos os lugares, é um espaço em que, ao mesmo tempo que experimentamos a limitação humana, nós cremos na ressurreição, na vida eterna. Jesus nos deixou isso: ‘aquele que crê em mim, viverá’. Com esse espaço, a igreja quer ser fazer presente, através da oração, da solidariedade, do acompanhamento”. Assim o bispo Dom Bruno Elizeu Versari definiu a importância do Cemitério Parque Jardim Paraíso na estrutura da Diocese de Ponta Grossa.
Diferente dos outros anos, em 2024, as pessoas ‘aproveitaram’ que o Dia de Finados caiu em um sábado para dividir a visitação aos cemitérios em três dias. A administração do campo santo observou que a visita aos túmulos começou já na sexta-feira e seguiu até domingo. Ao todo, calcula-se que perto de 40 mil pessoas tenham passado pelo Cemitério Jardim Paraíso ao longo do final de semana. O cemitério abriu das 7 às 18 horas, oferecendo atendimento de confissões, conversas com a psicóloga Inês Grochowski, além da Missão de Escuta, com diáconos e integrantes da Comunidade Católica Shalom e da Rede Jovem das Células da Paróquia Santa Rita de Cássia. Os coletivos do transporte urbano circularam a partir das 8 horas, levando os visitantes até o interior do cemitério. Houve ainda venda de flores, suporte e velas.
A celebração pelos fiéis defuntos, ocorrida sábado (2) pela manhã no Cemitério Parque Jardim Paraíso, foi a primeira com o novo bispo. Dom Bruno Elizeu Versari andou pelo campo santo, conversou com as pessoas, deu sua bênção e até atendeu confissões. Houve outra missa à tarde, às 15 horas, com o diretor-presidente do cemitério e vigário geral, padre Jaime Rossa.Noeli Gaspar Antunes veio com o marido e, enquanto se preparava para a celebração, conversou com o bispo. “Foi a primeira vez que eu o vi pessoalmente. Já tinha visto pela tv. Ele é muito simpático e atende bem as pessoas. Muito acolhedor”, elogiava.
“Eu estou gostando da experiência junto com a equipe da Diocese aqui do cemitério. Achando muito significativa. É um jeito de a Igreja se fazer presente na vida das pessoas no momento da dor. Sepultar alguém é uma das experiências mais difíceis na vida de todos e a Igreja quer estar próxima. Através da oração, da solidariedade, do acompanhamento, nós queremos dizer que, na hora da dor, a Igreja se faz próxima, crê e reza que a vida não termina aqui. É uma semente que brota e produz frutos. Um espaço para diáconos atuarem, rezarem, fazerem exéquias, acompanharem as famílias, no momento do sepultamento. Eles atuam nesse campo muito significativo de atendimento das pessoas. Bom que temos diáconos que podem fazer esse serviço”, elogiou o bispo.
Para Dom Bruno a realidade da administração de um cemitério é nova e “estou achando muito apropriada porque, na vida, a gente labuta, corre de um lado para outro até chegar nessa experiência do limite humano. Aqui, nós fazemos a experiência do limite humano, mas a fé nos impulsiona como a semente que brota no chão. O agricultor põe a semente no chão, mas ele não acredita que, ao colocar a semente no chão, ela vai morrer. Ela vai brotar, vai crescer, vai produzir frutos. Nós, nesse espaço, queremos dizer isso. Nos acreditamos na ressurreição. A nossa fé ultrapassa o limite humano”, destacou.
Serviço
A psicóloga Inês Grochowski comentou que o suporte ao luto é de fundamental importância para que a pessoa conseguir dar espaço na direção do seu processo de luto. “É uma dor muito grande, acredito ser a maior que o ser humano experimenta, e, quando ele recebe esse suporte consegue ajeitar as emoções consegue se expressar porque tudo vira bagunça na mente da pessoa, no coração; as emoções são afetadas, o físico é afetado, a vida social…Há pessoas que até mesmo perdem trabalho devido a isso. É um momento da pessoa se organizar e para isso a pessoa precisa ser ouvida. Chorar é importante, mas chorar com alguém que acolhe esse choro é diferente. E, aqui, nesse serviço, se dá esse acolhimento, para a pessoa chorar quantas vezes ela quiser”, detalhou o atendimento prestado no Dia de Finados.
Também a conversa com a profissional quer ajudar a pessoa a, com o tempo, olhar para a nova realidade que será a vida dela, agora, sem aquela pessoa. “E isso não é um processo fácil. Para alguns é mais rápido, para outros, mais lento. Não tem como comparar o processo de cada um. O luto é tão individual quanto a nossa digital. Existem fases, mas as pessoas, às vezes, não passam por essas fases e, de forma organizada, nunca. É bagunçada mesmo. E está tudo bem. Hoje, Finados, o atendimento é específico. Não é uma psicoterapia do luto, mas uma forma de dar um suporte e um direcionamento. O objetivo é, se a pessoa realmente precisa de um acompanhamento mais longo, mais aprofundado, que ela possa nos procurar, nos encontrar dentro desse trabalho de suporte ao luto. Das quatro pessoas com quem conversei hoje, duas, encaminhei para terapia porque oferecemos sete sessões gratuitas neste serviço do Cemitério Parque Jardim Paraíso”, acrescentou.
A supervisora do cemitério, Jociana Ferreira Pereira, lembrou que o trabalho se inicia muito tempo antes do Dia de Finados. “Para o (os funcionários do) cemitério, todos os dias é Finados. Precisa estar pronto para este momento de luto da família, todos os dias. O que acentua neste dia é a proporção maior de pessoas, as duas missas que acontecem, as confissões que se estendem pelo dia todo, o atendimento da psicóloga, os missionários que ficam no campo, conversando com os familiares, ouvindo. Mas, uma das coisas que sempre digo para a equipe é que lidamos com aquilo que é mais caro e mais doloroso para as famílias, que é a perda de quem se ama. Todos os dias, precisamos estar atentos, principalmente, com a dor. E facilitar, ao máximo, para que esse impacto da perda do ser humano amado seja o menor possível. Fazer tudo para que se sintam acolhidos. Porque somos uma empresa, mas uma empresa da Igreja”, ressaltou.
De acordo com a supervisora, o cemitério foi sonhado pelo bispo Dom Geraldo Pellanda, em 1984, primeiro, para ajudar a manter o seminário diocesano, e, depois, para estar nesse momento difícil ao lado das famílias. Hoje, são 12.298 pessoas sepultadas e 8.817 jazigos construídos. Há previsão, segundo Jociana, de serem abertos mais três setores novos, a partir do segundo semestre de 2025. Com isso, serão disponibilizados mais 11 mil jazigos.