Correio dos Campos

Golpistas pedem depósito e prometem o dobro do valor em lucro em esquema de pirâmide financeira que atraiu pelo menos 400 vítimas no Paraná, diz polícia

Dois suspeitos de atrair vítimas estão sendo investigados e tiveram R$ 1 milhão bloqueado de contas bancárias. Entenda como funciona o esquema.
11 de julho de 2024 às 11:59
(Foto: Reprodução/PCPR)

A Polícia Civil de Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná, está investigando um esquema de pirâmide que, em uma semana, recebeu mais de 400 denúncias.

De acordo com a investigação, os golpistas pedem depósitos e prometem o dobro do valor em lucro, justificando tratar-se de uma plataforma de divulgação em mídia ligada a um canal de televisão à cabo. Veja detalhes mais abaixo.

Duas pessoas estão sendo investigadas, suspeitas de atrair vítimas para o esquema criminoso. Ambas foram interrogadas na terça-feira (10) e cada uma teve cerca de R$ 1 milhão bloqueado de contas bancárias.

Nesta sexta-feira (12) um terceiro suspeito deve ser interrogado, e a investigação busca identificar os líderes do esquema, segundo o delegado Gabriel Munhoz, responsável pelo caso.

Ele afirma que, dentre as denúncias recebidas, os prejuízos chegam a R$ 20 mil por pessoa – mas que podem ser ainda maiores e em diversas regiões do país devido à extensão do esquema.

Isso porque o golpe se dá por meio de um aplicativo de celular, que foi lançado em novembro de 2023 e pode ser baixado por qualquer pessoa, explica Munhoz.

“A gente acredita que esses indivíduos que orquestraram esse aplicativo e disseminam ele ao longo do país integram uma organização criminosa que depende de um número bem grande de pessoas para que seja efetivada essa operação”, afirma o delegado.

O delegado também incentiva que outras pessoas que tiveram prejuízos no esquema de pirâmide denunciem à polícia, para ampliar as investigações.

Os dois suspeitos identificados até o momento vão responder em liberdade por não serem indicados como os líderes do golpe, afirma o delegado.

Os nomes deles não foram revelados. O g1 tenta identificar as defesas dos homens.

Eles podem responder por crimes contra a economia popular, que podem render até dois anos de prisão.

O delegado também afirma que não descarta o indiciamento dos envolvidos por outros crimes, como lavagem de dinheiro e organização criminosa, e aguarda o andamento das investigações para a definição.

Entenda como funciona a pirâmide financeira

Esquemas de pirâmide financeira buscam atrair cada vez mais pessoas para um “negócio”.

Cada uma delas deve desembolsar um valor, e o dinheiro dos novos integrantes garante, por um tempo, os pagamentos aos mais antigos. Por isso, são oferecidos lucros altos e irreais.

O problema é que em algum momento se torna insustentável manter os pagamentos e a pirâmide entra em colapso.Os golpistas somem com o dinheiro e deixam o restante dos integrantes no prejuízo, explica a polícia.

Investigação no Paraná

No caso do esquema denunciado em Ponta Grossa, há duas promessas.

A primeira é em relação a um depósito para entrar. Há três opções de valores: R$ 100, R$ 200 e R$ 500. Para todos, é afirmado que, dentro de 30 dias, será possível resgatar o dobro do dinheiro.

A segunda é em relação à atração de novos membros. Quanto mais pessoas um integrante trouxer, maior a taxa de lucro e “nível” dele dentro do esquema.

As denúncias começaram após ocorrer o colapso, explica a polícia: em um dia os golpistas anunciaram que os saques seriam suspensos por três dias devido a uma instabilidade na plataforma, mas, quando finalizou o prazo, eles sumiram e não deram mais notícias sobre o dinheiro investido e “conseguido” na plataforma.

Fonte: G1