Correio dos Campos

Professor é filmado agredindo aluno com chutes e empurrões dentro de sala de aula, em Ponta Grossa

Professora que tentou separar briga também foi atingida por golpes. Boletim de Ocorrência aponta que dois estudantes adolescentes ficaram feridos. Ao g1, professor disse que foi vítima de injúria, lesão corporal e ameaça, e se defendeu.
7 de agosto de 2025 às 14:11
(Foto: Reprodução)

Um professor de 59 anos agrediu um aluno de 14 anos com chutes e empurrões dentro de uma sala de aula do Colégio Estadual Professor José Gomes do Amaral, em Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná.

A cena foi registrada por uma câmera de segurança, e o g1 teve acesso ao vídeo com exclusividade.

As imagens mostram que os dois estavam sentados lado a lado quando iniciaram uma discussão. Ambos levantaram, o professor empurrou o aluno, o adolescente revidou e o professor tentou chutar o adolescente. Outra professora que estava na sala se colocou no meio dos dois para tentar separá-los, mas a confusão e as agressões continuaram.

O g1 também teve acesso ao Boletim da Ocorrência (B.O.) do caso. O documento aponta que a professora que interveio na briga, que tem 26 anos, acabou sendo atingida por golpes. Além disso, dois adolescentes envolvidos ficaram feridos – o que discutiu com o professor teve lesões no rosto e outro, que também tentou separar a briga, saiu com hematomas no braço, segundo o B.O.

O caso aconteceu na manhã de quarta-feira (6), por volta das 10h25, na sala de informática da escola do Bairro Santa Terezinha. Como a ocorrência envolve menores de 18 anos de idade, o g1 optou por não identificar dos envolvidos.

A Patrulha Escolar da Polícia Militar (PM-PM) foi acionada e, após a confusão, os dois professores, os dois alunos feridos e os responsáveis foram encaminhados à delegacia da Polícia Civil.

O professor assinou um termo circunstanciado de lesão corporal. A Polícia Civil explica que, como o crime é considerado de menor potencial ofensivo, não gera prisão em flagrante.

Ao g1, o professor alegou que foi vítima de injúria, lesão corporal e ameaça por parte de dois alunos, e “só se defendeu”.

À polícia, ele afirmou que foi provocado pelo aluno, mas não deu detalhes sobre o motivo.

“O aluno nega; ele diz que o professor teria batido a mão na mesa antes, num gesto fúria, ao qual ele teria respondido: ‘Não tenho medo do senhor’. O outro aluno envolvido conta uma versão igual ao do primeiro, e a professora alega não ter ouvido nada, porque estava longe”, relata a equipe de investigação.

Em nota, o núcleo regional da Secretaria de Estado da Educação (Seed-PR) disse que “recebeu com indignação a informação sobre o conflito” , que “repudia veementemente qualquer forma de violência no ambiente escolar” e também afirmou que “as medidas cabíveis já estão sendo adotadas”.

O profissional é concursado e, por isso, a Seed afirma que solicitou ao Ministério Público de Ponta Grossa o afastamento do servidor. Ele ainda responderá a um processo interno da secretaria e, segundo a Seed, o caso foi relatado ao Conselho Tutelar.

O termo circunstanciado

Os dois alunos adolescentes e a professora que tentou separar a briga foram registrados como vítimas no boletim da ocorrência.

Devido à assinatura do termo circunstanciado, os envolvidos saíram da delegacia com o compromisso de comparecer a uma audiência no Juizado Criminal. Caso as partes não concordem com um acordo de conciliação nesta audiência, o caso volta para a delegacia para a continuidade das investigações e um inquérito pode ser instaurado.

Em caso de abertura de inquérito, o delegado responsável deverá decidir se indicia, ou não, o professor por algum crime. Em caso positivo, o caso será encaminhado ao Ministério Público, que então avalia se oferece, ou não, denúncia criminal.

O que diz a secretaria de educação

Veja, abaixo, a nota completa enviada pelo núcleo regional da Seed ao g1:

A Secretaria de Estado da Educação (Seed-PR) recebeu com indignação a informação sobre o conflito envolvendo um professor e um estudante da rede no Colégio Estadual José Gomes do Amaral, em Ponta Grossa. A Secretaria repudia veementemente qualquer forma de violência no ambiente escolar. As medidas cabíveis já estão sendo adotadas conforme a legislação vigente, inclusive com a formalização de um Boletim de Ocorrência.

Logo após o episódio, a equipe escolar acionou o Batalhão de Patrulha Escolar Comunitária (BPEC), que esteve no local junto aos responsáveis pelos envolvidos. Todos foram encaminhados à delegacia para os devidos esclarecimentos. Não houve necessidade de atendimento médico.

A Seed-PR também informou o Conselho Tutelar da cidade sobre a medida e solicitou ao Ministério Público de Ponta Grossa o afastamento do servidor. Ele também responderá a um processo formal da pasta.

A Secretaria acompanha o caso por meio do Núcleo Regional de Educação de Ponta Grossa e do Departamento de Educação em Direitos Humanos (EDH), que estão presentes na escola prestando suporte à equipe diretiva e à comunidade escolar.

Fonte: g1