Correio dos Campos

Servidora de RH é afastada suspeita de lucrar R$ 19 mil forjando aumento de horas no próprio ponto em fundação de Ponta Grossa

Polícia afirma que concursada fraudou o próprio controle de jornada ao longo de dois anos e meio e esquema foi descoberto pela própria prefeitura. g1 tenta identificar defesa dela.
26 de junho de 2025 às 10:41
(Foto: Valdecir Galvan/RPC)

Uma servidora concursada da Prefeitura de Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná, foi afastada do cargo após o Município descobrir que ela estava forjando aumento de jornada no próprio ponto para ganhar adicionais no salário. As informações são do delegado Derick Moura Jorge, responsável pelo caso.

Segundo ele, ela lucrou mais de R$ 19,1 mil dos cofres públicos simulando, no sistema, que estava fazendo horas extras e ficando de sobreaviso, e ainda excluindo as marcações de entrada e saída do intervalo de almoço, para gerar o pagamento de horas intrajornada indevidas. Veja detalhes mais abaixo.

A mulher tem 36 anos. Ela foi admitida em 2013, como Técnica Administrativa, e desde 2022 atuava no Departamento de Recursos Humanos (RH) da Fundação Municipal de Saúde. De acordo com o delegado, ela cometeu as fraudes entre outubro de 2022 e abril de 2025.

“Essa posição concedeu-lhe acesso privilegiado e irrestrito aos sistemas informatizados de controle de ponto e frequência de todos os servidores da instituição. A fraude consistia na alteração sistemática e não autorizada dos sistemas; a investigada realizava alterações unilaterais em seu próprio registro de frequência, sem qualquer autorização”, explica ele.

O esquema foi descoberto pela própria prefeitura, que afirma que, após abrir um processo de sindicância administrativa e constatar as irregularidades, registrou boletim de ocorrência (B.O.) junto à Polícia Civil.

Paralelamente, a Fundação de Saúde afastou a servidora das funções que envolviam acesso a sistemas informatizados, e a realocou em atividades administrativas sem vínculo com controle de jornada ou gestão de pessoal.

“Concluída a sindicância, o processo foi encaminhado à Procuradoria Trabalhista do Município, que já atua para o ajuizamento de ação judicial visando à demissão da servidora por justa causa, nos termos da legislação trabalhista. A Prefeitura de Ponta Grossa e a Fundação Municipal de Saúde reforçam seu compromisso com a ética, a transparência e o zelo com os recursos públicos, reafirmando que não compactuam com qualquer prática lesiva ao interesse público, e seguirão colaborando com as autoridades competentes para o pleno esclarecimento dos fatos”, afirma a prefeitura.

O nome da servidora não foi revelado e o g1 tenta identificar a defesa dela.

Mulher foi indiciada por três crimes e teve bens bloqueados

O delegado Derick Moura Jorge divulgou na noite de quarta-feira (25) que finalizou as investigações e indicou a mulher por três crimes previstos no Código Penal:

  • inserção de dados falsos em sistema de informações, cuja pena vai de 2 a 12 anos de prisão e multa;
  • modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações, cuja pena vai 3 meses a 2 anos de prisão e multa;
  • peculato, já que a servidora se apropriou de valores dos cofres públicos por meio da manipulação dos sistemas, cuja pena vai de 2 a 12 anos de prisão e multa.

O inquérito foi encaminhado ao Ministério Público, que agora avalia se formaliza, ou não, denúncia criminal contra a suspeita.

O delegado informou que também foi feito sequestro e bloqueio de valores em contas bancárias e aplicações financeiras da investigada até o montante do prejuízo, e ainda foi feita uma restrição de venda de veículos e indisponibilidade de bens imóveis em nome da investigada.

“Adicionalmente, foi aplicada uma medida cautelar diversa da prisão, consistindo na proibição absoluta de acesso a qualquer sistema informatizado relacionado ao controle de jornada de trabalho, frequência de servidores, atribuição pessoal de direitos trabalhistas ou recebimento de valores de qualquer natureza. Essa medida é considerada imprescindível para impedir a continuidade criminosa e proteger a integridade dos sistemas governamentais”, complementa.

Como ela agia

De acordo com a Polícia Civil, a mulher alterava o registro do próprio ponto no sistema de controle de jornada dos servidores municipais, sem autorização.

A corporação afirma que a servidora utilizava a própria matrícula funcional – e, por isso, as fraudes foram documentadas pelos logs automáticos do sistema, que registram o usuário, data, horário e natureza de cada modificação.

O delegado afirma que as alterações era feitas da seguinte forma:

  • estendia artificialmente a jornada, para receber horas extras que não havia trabalhado;
  • indicava que estava em sobreaviso, apesar de exercer funções meramente administrativas que não justificavam tais verbas;
  • e excluía marcações de entrada e saída do intervalo de almoço, gerando artificialmente o pagamento de horas intrajornada indevidas.

Fonte: g1