‘Soldador maromba’ monta academia em casa adaptando peças de ferro-velho, em Ponta Grossa
Foi durante a pandemia, em meio a um turbilhão causado pelo isolamento social, uma demissão e um início de depressão, que o soldador César Augusto Maciel decidiu usar os conhecimentos da profissão e a paixão pelo esporte para montar uma academia. O diferencial foi que ele resolveu construir os próprios equipamentos.
Com 28 anos de idade e morador de Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná, César não tinha dinheiro para investir no objetivo. Por isso, vendeu a moto que tinha para comprar peças de ferros-velhos e empresas metalúrgicas, e estudou para construir as máquinas.
“Eu adapto. A peça que eu vi que dá pra eu fazer, eu pego lá [no ferro-velho]. Eu já fiz com roda de betoneira, aquela balança da roda do freio do carro, metalon [tubos de aço]… […] Não precisa ser necessariamente aparelho.”
Foi da construção dos equipamentos que nasceu o apelido “Soldador Maromba”, utilizado por ele nas redes sociais.
Em perfis, ele mostra ao público detalhes do espaço, que é utilizado até hoje por ele e pela esposa, Angela Goretti do Carmo. Com os equipamentos, além de investirem na própria saúde, os dois não gastam dinheiro com mensalidades de academias externas.
“Eu treino todos os dias! Eu chego do trabalho e posso estar cansado, mas eu gosto mesmo do esporte, sabe? É como se fosse uma terapia pra mim”, conta.
A construção
Por enquanto, a academia do “Soldador Maromba” possui cinco equipamentos feitos por ele. Para as criações, ele se baseia em máquinas que já existem no mercado. Há na academia, também, diversos acessórios, como pesos e elásticos.
De acordo com o soldador, os equipamentos foram adaptados para permitirem a prática de mais de um exercício. Em um, por exemplo, é possível trabalhar músculos dos braços e das pernas. Em outro, costas e peitoral.
Entre as peças utilizadas para a composição dos equipamentos estão todas aquelas que a criatividade do profissional imaginar em funcionamento.
Saúde em família e economia
Para César e a esposa, ter a academia em casa também se tornou um programa em família. O casal estuda junto a montagem de novos aparelhos e treinos, e conta que ainda consegue passar mais tempo com o filho, que tem cinco anos de idade.
“Até porque se for fazer academia [fora de casa], tem que chegar do trabalho, se arrumar… Aí talvez teria que deixar o meu filho em outro lugar e ia demandar bastante tempo! Então, aqui economiza tempo e dinheiro”, afirma Angela.
Hoje, para Maciel, a academia em casa é um sonho realizado da infância, época em que não conseguia praticar esportes por conta de problemas de saúde. No futuro, ele espera poder fazer mais equipamentos para, quem sabe, abrir a academia ao público.
“Eu tenho vontade de ter uma academia completa. Com o tempo, se Deus quiser me proporcionar alguma coisa, eu quero conseguir ter minha própria academia, eu mesmo montar meus equipamentos – até criar uma linha do ‘Soldador Maromba’, alguns aparelhos diferentes que ainda não existem no mercado. Quem sabe, no futuro, pode acontecer?! É um sonho que eu tenho.”
Fonte: g1