Correio dos Campos

Personal trainer e influencer de 34 anos que nasceu com um rim morre dois meses após entrar na fila por transplante

Cristhian Annes descobriu que tinha problemas no único rim em 2022, iniciou tratamento no final de 2023 e ficou internado por 15 dias antes de falecer.
7 de fevereiro de 2024 às 09:10
(Foto: Reprodução/Redes Sociais)

O personal trainer e influenciador digital Hans Christian Dyck Annes, que se apresentava nas redes sociais como Cristhian Annes, morreu em Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná, dois meses após entrar na fila de espera para um transplante de rim.

A namorada dele, Wanna Teixeira, conta que o profissional de educação física, ainda criança, soube que nasceu com apenas um rim e, em 2022, descobriu que o órgão não estava em pleno funcionamento. Ele iniciou o tratamento no final de 2023.

Christian estava internado desde 20 de janeiro e morreu na segunda-feira (5).

Ele entrou na fila de transplante de rim em dezembro e relatou à namorada que, em janeiro, estava na posição 70ª. De acordo com o Sistema Estadual, em dezembro, o Paraná somava 2.011 pessoas na lista de espera pelo órgão.

Quem era Cristhian Annes

O profissional de educação física atuava em academias de Ponta Grossa e acumulava mais de 42,2 mil seguidores no Instagram.

Ele era pós-graduado em Bodybuilding Coach/Nutrição Esportiva e também trabalhava prestando consultoria em musculação.

Christian também participou de campeonatos de fisiculturismo e fez alguns trabalhos como modelo.

Segundo Wanna, o esporte era uma das grandes paixões dele. Ele dizia que não pararia de treinar mesmo que essa fosse uma das orientações durante o tratamento.

Ele foi sepultado no Cemitério Municipal São José, de Ponta Grossa, na tarde de terça-feira (6).

Problemas renais

Christian descobriu que nasceu com apenas um rim ainda quando era criança, mas nunca havia enfrentado grandes complicações por conta da condição, contou a namorada dele.

Wanna tem muito medo de agulhas e, em 2022, quando precisava fazer um exame de rotina, Christian se ofereceu para também fazer, para encorajá-la.

O resultado, porém, não foi o esperado: o sangue do personal trainer estava com altos níveis de creatinina e uréia, o que indica problemas no rim.

“Ele ficou quieto quando saiu resultado porque deu tudo alterado e ele não queria contar pra ninguém, se negava a fazer tratamento”, conta Wanna.

Passado mais de um ano do diagnóstico, Christian revelou o problema ao treinador dele, que o convenceu a buscar ajuda médica.

Em dezembro de 2023 ele iniciou o tratamento de diálise e precisou ser internado pela primeira vez. Na mesma época, entrou na fila de transplantes.

“Ele falava: do que que adianta ficar aqui”, lembra a namorada.

Em janeiro, o influenciador recebeu a notícia de que a fila do transplante havia rodado e que poderia receber um novo rim dentro de algumas semanas.

“Agora, por último, ele tinha esperança, mas não deu tempo”, afirma Wanna.

No mesmo mês, o personal voltou a passar mal e no dia 20 foi internado novamente. Ele chegou a ficar entubado e precisou de transfusão de sangue.

Nas redes sociais, amigos e familiares compartilharam pedidos de doações.

Como doar órgãos no Paraná

Em 2023, 15 pessoas que aguardavam transplante de rim morreram no Paraná.

O estado fechou o ano com 2.011 pacientes no cadastro técnico da lista de espera, que considera todos os inscritos, sendo 1.710 na fila ativa, de pacientes aptos para o transplante.

O rim é o órgão com a maior demanda na lista estadual.

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) disponibiliza um informativo online com as principais orientações para quem deseja se tornar um doador. Veja:

  • Como ser doador? Avise a família, órgãos só poderão ser doados com autorização dos parentes mais próximos;
  • Quem pode doar? Qualquer pessoa, após a confirmação da morte e mediante autorização da família;
  • Quais órgãos podem ser doados? Coração, rins, pâncreas, pulmões, fígado e também tecidos, como: córneas, pele, ossos, valvas cardíacas e tendões. Um doador pode ajudar muitas pessoas;
  • Doação por pessoa falecida: pacientes diagnosticados com morte encefálica (ME) podem ser doadores de órgãos e tecidos. Nos casos em que o falecimento decorre de parada cardiorrespiratória (PCR), podem ser doados apenas tecidos;
  • Doador vivo: qualquer pessoa saudável pode ser doadora em vida de um dos seus rins ou parte do fígado para um familiar próximo (até 4ª grau consanguíneo), porém quando a doação for para a alguém sem grau de parentesco é necessário autorização judicial;
  • Quem recebe os órgãos: os órgãos doados são destinados a pacientes que necessitam de transplante e estão aguardando em uma lista única de espera. A fila é fiscalizada pelo Sistema Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde e pelas Centrais Estaduais de Transplantes. O serviço cita a necessidade de autorização de familiares, diferencia os tipos de doadores e explica como funciona o processo de doação.

Fonte: G1