Mãe de professor agredido por delegado da PF diz que filho está ‘debilitado emocionalmente’ e ajuda mulher a lutar contra câncer
A mãe do professor agredido por um delegado da Polícia Federal no Paraná conta que o filho foi afastado do trabalho por recomendação médica após o episódio de violência. Gabriel Rossi discutiu com o filho do delegado, 13 anos, e na saída da escola contou ter sido agredido e ameaçado pelo policial, sob a mira de uma arma.
O delegado registrou um B.O. de injúria contra o professor.
“Meu filho está debilitado emocionalmente, tem chorado. Ele está passando por um momento difícil acompanhando a esposa que tem 26 anos e está em tratamento de câncer de mama. Já estava abalado e passar por uma violência como essa…”, conta Maria Helena Barbosa.
O caso ocorreu na última sexta-feira (30) no Colégio Franciscano Nossa Senhora do Carmo, em Guaíra. Segundo o boletim de ocorrência, o professor teria dito que “soltaria fogos de artifício” com a saída do aluno da escola.
O docente também teria chamado o aluno de “nazista, racista, xenofóbico e gordofóbico”.
O professor confirma que disse que “ficaria feliz” com a saída do aluno, por ser alvo frequente de piadas, mas nega ter dito que o aluno era nazista.
“Eu disse para ele que em alguns momentos o vi fazer brincadeiras de cunho nazista. Mas eu sei que o menino não é nazista”, contou Gabriel ao blog da Andreia Sadi.
Após a conversa, o professor foi abordado pelo pai do aluno, o delegado Mário César Leal Júnior. Ele conta ter sido enforcado, recebido voz de prisão do delegado e ficado sob a mira de uma arma.
A escola publicou uma nota sobre o caso, repudiando a violência.
Gabriel é professor há nove anos e há oito dá aulas no colégio. Ele é casado. A esposa dele tem 26 anos e está em tratamento de câncer de mama.
A mãe dele conta que ele é o único trabalhando em casa e quem mantém o tratamento da companheira. Segundo ela, tem sido um momento difícil.
Política contra violência em escolas
A mãe de Gabriel também é professora. Ela conta que, com as ações contra violência em escolas, houve um programa da própria PF nas escolas da cidade falando sobre o risco de armas e violência.
“A PF esteve nas escolas aqui em Guaíra falando sobre violência e de armas nas escolas. E aí o delegado violenta um professor armado?”, questiona.
Após a repercussão do caso, a PF abriu uma investigação para apurar a conduta de Mário César Leal Júnior, segundo apurou o blog da Andréia Sadi.
O Ministro da Justiça, Flávio Dino, disse que “as apurações administrativas serão procedidas na Polícia Federal, visando ao esclarecimento dos fatos e cumprimento da lei”.
Registro na Polícia Civil
O professor contou que no dia da agressão chegou a ir à delegacia no mesmo momento em que o delegado, mas que a Polícia Civil havia dito que estavam em greve e que não poderia registrar o caso.
Apesar disso, o boletim do delegado de injúria foi feito. O blog da Andreia Sadi apurou que o registro foi feito na mesma delegacia e no mesmo momento em que Gabriel estava na unidade.
Apenas no fim da manhã desta terça-feira (4) ele foi chamado para registrar o caso. O g1 questionou a Polícia Civil do Paraná sobre a conduta, mas não obteve retorno.
Fonte: G1