Setor de Olarias e Cerâmicas vive momento de cautela, mas com foco no futuro
COM ASSESSORIAS – Nesta semana, a Casa da Indústria de Ponta Grossa, que reúne entidades sindicais empresariais do município e dos Campos Gerais filiadas à Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), dá sequência à série de entrevistas com os presidentes de seus Sindicatos Patronais. Desta vez com o presidente do Sindicato das Indústrias de Olarias e Cerâmicas do Norte do Paraná (Sindicer Norte/PR), Daniel Melchert, que atende parte das cidades dos Campos Gerais, do Norte e Noroeste do Paraná, com mais de 100 empresas do ramo.
Segundo a Associação Nacional da Indústria Cerâmica (Anicer), com dados do IBGE (2020), o setor de olarias e cerâmicas no Brasil é composto por aproximadamente 5.600 empresas, com uma produção de quase 2 bilhões de telhas, 4,7 bilhões de tijolos e blocos cerâmicos, 6 mil toneladas de tubos cerâmicos por ano. O setor contempla compradores oriundos de construtoras, incorporadoras ou consumidor direto. Todos os produtos cerâmicos são, em sua maioria, utilizados em construções ou reformas.
Devido ao momento de transição governamental, o mercado regional está retraído, porém, buscando através das novas tecnologias, minimizar custos e se tornar mais competitivo em âmbito nacional.
Qual é o cenário do setor de olarias e cerâmicas no presente momento em âmbito regional e nacional?
Atualmente o cenário é de retração, pois havia uma expectativa no aumento da demanda de serviços e aquecimento do mercado imobiliário, entretanto, nas primeiras semanas de 2023, o que vemos é muita cautela devido ao sentimento de insegurança política e econômica, principalmente em grandes empreendimentos em que a maioria dos clientes pesquisados está preferindo aguardar como a economia irá se comportar diante da nova gestão política do país.
O que as indústrias da região podem fazer para contribuir com o setor?
Uma indústria contribui para a melhoria do padrão de vida da população, portanto deve estar em constante evolução e aprimoramento, buscando adequação com ferramentas de inovações tecnológicas, visando também a adequação energética, mecanismos para contribuir com a preservação do meio ambiente e através de ferramentas não poluentes, também, buscar formas de reduções de despesas e aumento de produtividade. Ou seja, um conjunto de fatores para se manter ativamente no mercado.
O que esperar para o setor com o novo presidente da república?
O atual presidente, em sua primeira gestão de 2003 a 2006, trouxe um grande avanço ao setor imobiliário, porém, no momento, o mercado está pessimista e cauteloso devido à insegurança gerada através das ações do poder executivo federal.
Qual é a expectativa em relação às negociações sindicais a partir de agora?
A previsão é de grandes desafios e de intensa abordagem nas empresas no que se refere a possíveis fiscalizações dos sindicatos laborais e aos projetos para algumas alterações da CLT. No entanto, os sindicatos patronais cumprem uma importante função de orientação do empresariado em geral para evitar contratempos, cumprindo a legislação vigente e o que é acordado em convenção coletiva com os trabalhadores.
Como os governos municipal e estadual podem fomentar o setor?
Ambos dependem do governo federal e de como fará sua política na infraestrutura do país, por isso o momento é de cautela. E como a base territorial do Sindicato é muito extensa, composta por algumas cidades dos Campos Gerais, mas também de algumas do Norte e Noroeste do estado, os municípios diferem uns dos outros nas questões de legislações locais, mão de obra, parque industrial, entre outros, então para cada um temos situações e expectativas diferentes.
Quais são os rumos do setor para os próximos anos?
O setor precisa, com urgência, buscar incentivos estaduais e federais para aumentar sua competividade em relação a produtos de outros segmentos e dos estados vizinhos, investir na modernização do setor produtivo das cerâmicas, visando a racionalização da mão de obra e dos custos com as matérias primas, para aumentar a competitividade na concorrência.
O que o empresariado do setor pode esperar da Fiep no atual contexto?
O momento é de união e estabelecer formas de ajudar a sobrevivência das empresas no atual cenário e, para isso, precisamos de um olhar mais voltado às microempresas em todas as ações da Fiep, visto que estas correspondem a, aproximadamente, 90% das empresas e, por exemplo, a maioria não possuem setores administrativos, financeiros, de vendas qualificados, muitas têm estes setores centralizados numa única pessoa.
Na próxima semana, será divulgada a última entrevista da série realizada com os presidentes dos sindicatos patronais que compõem a Casa da Indústria dos Campos Gerais, com um panorama apresentado pelo Sindicato de Extração de Minerais Não Metálicos do Paraná (Sindiminerais-PR).
* As opiniões expressas nesta série de entrevistas são dos presidentes dos sindicatos, não necessariamente representando posicionamentos da Fiep.