Correio dos Campos

Padre Osvaldo volta de férias e fala sobre primeiro ano de sua missão na Amazonia

Há um ano na Amazônia, sacerdote fala dos desafios vencidos
22 de fevereiro de 2021 às 15:07
A Amazônia é um universo que impressiona, diz padre Osvaldo. (Foto: Divulgação)

COM ASSESSORIAS – O padre Osvaldo Pinheiro, pároco da Paróquia São João Batista, de Canutama, na Prelazia de Lábrea (AM), completa em fevereiro um ano como missionário na Amazônia. O sacerdote estava de férias em Carambeí e regressaria hoje (22) para o Amazonas. Ele serve na prelazia ao lado do também padre da Diocese de Ponta Grossa, José Nilson Santos, que é seu vigário. Se dizendo impactado com a grandiosidade da floresta e do rio, padre Osvaldo ressalta que ainda não conseguiu conhecer a realidade de todas as 22 comunidades, especialmente devido ao desafio das grandes distâncias, mas que se trata de um povo de muita fé.

“Para celebrar uma missa tem de pegar o barco e vencer um trajeto de uma hora ou mais de viagem. Mas, se encontra gente com fé, que participa, que está esperando, apesar de não ter presença frequente de padres, de missionários, mas que vai, do seu jeito, transmitindo essa fé e também testemunhando os valores do Evangelho, ainda que não de maneira sacramental”, comenta, citando que há a realidade dos moradores da cidade, que são mais assistidos, e a realidade dos ribeirinhos, que são bem menos assistidos. “Mas, percebo que apesar de todas as dificuldades eles guardam no coração essa fé profunda”, acrescenta.

Com uma caminhada extensa, tendo servido em paróquias, na reitoria de seminários e na assessoria diocesana, padre Osvaldo lembra que ficou muito tempo fora da realidade paroquial e que teve muitas dúvidas, precisando da ajuda de padres da Diocese. “E estou recomeçando em um lugar onde tenho de perceber como estão caminhando, saber o que os padres anteriores fizeram, não impor nada, conversar, andar no ritmo deles. Desafio é retomar a missão como pároco e, ao mesmo tempo, respeitar todo o contexto da região. Mas, o bonito na Igreja é ver que a caminhada é muito parecida, apesar de ter toda a peculiaridade e especificidade da missão: anunciar o Evangelho, valorizar os ministérios, a participação das pessoas, a Palavra, a Eucaristia…”

Outro grande desafio, segundo o padre, é perceber que se trata de uma parceria. Os moradores de Canutama não são apenas receptores, são também agentes de evangelização e, para isso, é preciso despertar lideranças. “Missão não e levar Deus para as pessoas. Deus é onipresente. Já está lá. A missão é ir e manifestar, com a nossa vida, acolhida e participação, a presença de Deus ali, mostrar o rosto misericordioso de Deus. Esse encontro com a igreja-irmã traz esse enriquecimento a toda a Diocese”, argumenta. Padre Osvaldo enfatiza que a ação evangelizadora missionária ‘Colaborar com a Missão é Presentear Jesus no Irmão’, desenvolvida entre o Advento e o Natal, buscou a proximidade entre as duas realidades. “Tentamos fazer com que a Diocese olhe com olhar de carinho para aquela realidade. Envolver as pessoas, a Igreja, a oração. Ter um rosto para quem rezar e, ao mesmo tempo, realizar algo mais concreto”, resume, agradecendo o engajamento dos diocesanos.

Ao falar das expectativas para este ano, padre Osvaldo destaca a ajuda valiosa que recebeu da Pastoral de Animação Bíblico-Catequética da Diocese de Ponta Grossa, que cedeu manuais para os catequistas, e, agora, está contemplando os catequizandos. De acordo com o sacerdote, a Catequese na paróquia estava parada e, quando chegou e tentou retomar os encontros, veio a pandemia. Como há precariedade quanto aos meios de comunicação e em muitas das comunidades não há igrejas ou sequer capelas do Santíssimo ou catequistas, a dificuldade é fazer catequistas da cidade se tornarem evangelizadores de outros catequistas. Em algumas comunidades os próprios pais são catequistas das crianças.

“Também temos o desafio de criar a consciência do domingo como dia do Senhor, da celebração da Palavra; retomar obras sociais paradas por meio de parceria com a Cáritas, ajudar na consciência ambiental, estimular o cuidado com o rio, a mata, com a destinação do lixo, e, pretendemos abrir uma casa, um campo missionário não só para padres, mas para diáconos, religiosos, catequistas e leigos, no Sul do município, já na divisa com Porto Velho (RO). Tem muitas comunidades, os ramais, onde não há a presença da Igreja. As comunidades são assistidas por Rondônia. Deixo desde já o meu convite”, enumera padre Osvaldo. A ideia é organizar uma escola missionária, por intermédio das paróquias aqui da Diocese, e investir na formação, tentando sensibilizar mais pessoas para a causa.