Correio dos Campos

Padres da diocese na Amazônia também têm nova rotina

Celebrações são transmitidas via rádio
24 de abril de 2020 às 08:48
As missas em Canutama são transmitidas as terças, sábado e domingo. (Divulgação)

COM ASSESSORIAS – Pelos dados da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas, até quarta-feira (22), o estado tinha 2.479 pessoas contaminadas com o Covid 19 e registrava 207 mortes. Outras 210 pessoas estavam em isolamento em casa, sendo monitoradas. Lábrea, a sede da prelazia onde estão os padres Osvaldo Pinheiro e José Nilson Santos, que são da Diocese de Ponta Grossa, contabilizava quatro casos confirmados, até o dia 21, e, Canutama, onde fica a Paróquia São João Batista, administrada pelos dois sacerdotes, tem duas pessoas doentes pelo coronavírus.

O bispo da prelazia, dom Santiago Sánchez, diante da decretação do estado de emergência no Amazonas, emitiu uma carta de orientação, no dia 18 de março, dispensando os fiéis de participarem das celebrações aos domingos e demais dias de preceito, suspendendo reuniões, encontros e assembleias e pedindo que os católicos acompanhem as celebrações pela mídia. “Celebramos juntos, cada dia preside um (frei) diferente, os outros concelebramos. Celebramos na catedral, a porta fechada e transmitido pela rádio”, comenta o bispo, que afirma estar saindo de casa o necessário.

A Igreja, desde o início, se posicionou a favor da quarentena. Cada paróquia buscou mecanismos a partir da própria realidade para se manter unida à fé do povo. “Na maioria das vezes, o que tem ajudado para que as celebrações possam chegar o mais perto das famílias é a transmissão via rádio FM, e, quando possível, muito precariamente por lives”, informa o integrante da Pastoral da Comunicação da Paróquia Nossa Senhora de Nazaré, Marcelo Vianna. As transmissões reúnem os freis e a equipe de canto. Há comunidades que ligam o som das rádios nos alto falantes das igrejas, “mas, as pessoas ouvem de suas casas”, garante a secretária da paróquia, Raimunda Maciel, a Verilda.

Em Canutama, o vigário da Paróquia São João Batista, padre José Nilson Santos, conta que, seguindo decreto do bispo dom Santiago, ele e padre Osvaldo Pinheiro – pároco – estão celebrando de maneira privada. Na Semana Santa, o Tríduo Pascal foi transmitido pela rádio comunitária e, na Vigília Pascal e no Domingo de Páscoa, houve transmissão pelo Facebook. “Na rádio, o espaço é pequeno, improvisamos levando os materiais de missa, toalha, vela, tudo para tornar o espaço digno para poder celebrar. Damos graças a Deus por tê-lo conseguido. As pessoas não tinham o costume de ouvir rádio, mas, durante o Tríduo, por exemplo, usamos algumas dinâmicas e o povo correspondeu”

De acordo com padre Nilson, a pandemia desconcertou todo o trabalho pastoral previsto para a paróquia, assumida em março pelo pela Diocese de Ponta Grossa, por intermédio dos dois padres. “Chegamos aqui para que fosse retomado o plano pastoral, observar as decisões da assembleia última que viveram e ao que tínhamos acrescentado algumas coisas que poderiam ser feitas. De repente, as visitas, celebrações todas foram suspensas. É um momento de sermos orientados, sem dúvida, pelas autoridades e nós, como autoridades também, temos orientando o povo, que tem acatado. Encontramos por vezes, quando precisamos sair, gente comentando a falta que está sendo não poder participar das celebrações. É uma dor no coração”, lamenta o padre.

O tempo tem sido de cuidado, de leituras, trabalhar no quintal da casa paroquial, em podas de árvores ou em pequenos reparos e celebrar, de forma restrita, na capela da casa paroquial, diz padre Nilson, que sonha com o primeiro encontro, passada o isolamento social. “Será com mais força, mais vigor, momento bonito de ação de graças, de celebrar com toda alegria, fervor daquilo que não é importante, mas fundamental, essencial para a vida de cristão”, enfatiza.