Padre detalha encíclicas sociais
COM ASSESSORIAS – Ao enumerar os principais documentos que abordam a Doutrina Social da Igreja e destacar que ela se vale também de pronunciamentos, artigos, encontros e movimentos populares para se posicionar, padre Leomar Montagna resumiu a D.S.I como ‘uma experiência de fé com opção pelos mais fragilizados da sociedade’. O sacerdote da Arquidiocese de Maringá falou, no sábado (26), durante o Ciclo de Palestras promovido pelo Conselho Diocesano do Laicato de Ponta Grossa e Cáritas, abordando ‘A Doutrina Social da Igreja e o Pronunciamento do Magistério da Igreja em Relação às Questões Sociais’. O bispo dom Sergio Arthur Braschi, políticos, professores universitários e integrantes de pastorais e organismos da diocese acompanharam a exposição.
De acordo com padre Leomar Montagna, um dos erros mais graves do nosso tempo é a falta de coerência, ou seja, o divórcio entre a fé e a ação social e política dos cristãos. “A salvação passa pelo compromisso com as realidades temporais. O cristão que tem fé quer uma vida melhor não só para ele, mas para todos os irmãos. Jesus deu a vida para que todos tivessem vida e vida plena. O cristão não se preocupa apenas com o pós-morte, mas também com esta vida. Jesus quis vida plena: ver um irmão passar fome, morar em casas indignas, não ser tratado bem quando está doente, isso tudo fere o principio da fé. Amar a Deus passa por ajudar o irmão. Isso ele conhece através da Revelação e através do que a Igreja orienta”, destacou o padre, que é doutorando em Teologia e mestre em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
O padre discorreu sobre os principais pontos dos mais importantes documentos que fazem referência à Doutrina Social da Igreja, da Carta Encíclica Rerum Novarum do Papa Leão XIII, de maio de 1891, marco da D.S.I, aos pronunciamentos papais e artigos sobre pesquisas a respeito dos direitos básicos do ser humano e da relação do homem com a sociedade, com a economia, o trabalho, com a política e o meio ambiente. “Desde o Antigo Testamento, os profetas falavam quem eram os que Deus tinha um carinho especial, uma misericórdia, que eram os fragilizados, na categoria da viúva, do órfão, do pobre e do estrangeiro. Jesus veio justamente para as ovelhas perdidas da casa de Israel. A Igreja Primitiva deu seguimento na forma de organizar a comunidade: era uma só alma, um só coração, ninguém passava necessidade porque partilhavam o que tinham. Isso veio no decorrer dos séculos e, desde que (o Papa) Leão XIII deu inicio a chamada Doutrina Social da Igreja, todos os outros papas acentuaram isso. Não é uma novidade do Papa Francisco, ele apenas retoma a tradição”, argumentou padre Leomar.
O bispo dom Sergio, ao recepcionar o padre palestrante, lembrou e enalteceu a mobilização dos cerca de 182 bispos e dezenas de religiosos para a realização do Sínodo Pan-Amazônico. “Ouvia hoje na Rádio Vaticano a fala de uma religiosa, da Colômbia, que contava da realidade dos povos de sua região, do trabalho e isso me despertava para a importância da presença da mulher nas comunidades. Que a Igreja se abra cada vez à participação da mulher”, citava o bispo.
O ciclo palestras se encerra dia 23 de novembro, com a fala do padre Antônio Aparecido Alves, da Diocese de São José dos Campos (SP), sobre ‘A Doutrina Social da Igreja e as Políticas Públicas’.