Correio dos Campos

“Vamos” amplia a luta contra o câncer em PG

7 de outubro de 2019 às 16:36
(Divulgação)

COM ASSESSORIAS – No mês em que se destaca a luta contra o câncer de mama, Ponta Grossa ganha o projeto “Vamos”, que estimula os exercícios físicos durante o tratamento contra o câncer. A ideia foi apresentada na última semana pela médica radiologista e idealizadora do projeto, Lucimara Maeda, para academias e apoiadores da proposta. Na Academia Swimming, empresas, educadores físicos, fisioterapeutas e voluntárias da Rede Feminina de Combate ao Câncer se uniram em prol da luta contra a doença. “A primeira fase deste projeto é divulgar a importância dos exercícios físicos, inclusive durante o tratamento com radio e quimioterapia”, conta a médica, destacando estudos da Sociedade Norte-Americana de Oncologia, que preveem o exercício como parte do tratamento.

Conforme a radiologista, já existem estudos que apresentaram, no caso específico do câncer de mama (que é o mais prevalente nas mulheres), que o exercício físico pode evitar que o câncer volte em 24% e diminui a mortalidade em 34%, sendo que há uma relação inversa entre exercício físico e mortes por câncer de mama. “Por isso, o exercício físico faz parte do tratamento não farmacológico contra o câncer. Além da radio, da quimio e das cirurgias, os exercícios físicos também fazem parte da prescrição médica”, aponta.

Por conta das dificuldades dos pacientes frequentarem academias – seja por falta de recursos, estímulo ou até mesmo vergonha -, o “Vamos” propõe atividades específicas para o público e também apoiadores da causa. “Todos que tenham um amigo ou um parente com câncer podem estimular a participação”, avalia Lucimara.

Para isso as academias envolvidas na proposta farão semanalmente aulões para estimular os exercícios físicos e assim se engajar na luta contra o câncer. Além disso, o projeto prevê participação durante a corrida promovida pelo Ispon. A 11° corrida contra o câncer ocorre no próximo dia 27. “Estamos convidando a todos que forem participar da caminhada que convide um amigo que teve ou esteja em tratamento do câncer para caminharem juntos”, explica a médica, lembrando que seu projeto é em prol da saúde pública e conta com a participação de uma equipe multidisciplinar.

“Queremos, além das atividades diretas com os pacientes, promover uma troca de experiência entre os vários profissionais envolvidos”, explica Lucimara, citando palestras com diversas especialidades médicas (oncologistas, mastologistas, radiologistas e radioterapeutas) e fisioterapeutas especializados em pacientes oncológicos. “Tudo visando um melhor atendimento global ao paciente durante e após seu tratamento”, completa.

A médica radiologista conta que o “Vamos” surgiu após contar com uma experiência “mais próxima” com o câncer. “Como médica radiologista já tive diversas experiências com a doença. Mas sempre com aquela distância entre médico e paciente”, conta. Ao fazer o exame em uma amiga sua, Lucimara disse ter encarado o diagnóstico de outra maneira. “Saí da minha bolha de médica”, relata.

Vivenciando o câncer “mais de perto”, Lucimara passou para a ação. “Dessa experiência surgiram três projetos”, conta. Um deles, a médica, que também é artesã, se propôs a facilitar o uso do lenço para as pacientes. “Até a minha amiga relatar, não tinha me dado conta de quão difícil são algumas fases do tratamento”, relata, contando que com a quimioterapia, a fadiga e o cansaço são enormes em alguns dias. “Até a colocação do lenço na cabeça se torna difícil”, destaca. Por isso, com seus dotes de artesã produziu lenços diferenciados, que não precisam de muito esforço para serem colocados. Para a médica, a cada lenço produzido, e experimentado, ela fazia um outro exercício, o da empatia. “Ao me olhar no espelho pensava que era assim que estaria se fosse eu a estar com câncer”, conta. Foi assim surgiu que o projeto Linda de Lenço. “Este projeto já ganhou enorme repercussão”, exulta.

Além desse, Lucimara apoiou o Grupo “Rosas da Primavera” (grupo de apoio contra o câncer) na doação desses lenços para pacientes em tratamento quimioterápico. “Sabemos que o câncer de mama na mulher vai muito além da doença, mexe com a sua sexualidade e feminilidade”, avalia.

Ideal

O último consenso da Sociedade de Oncologia da Austrália (publicado em 2018) prevê a realização de 150 minutos semanais de atividade aeróbica além de duas sessões de exercícios de resistência para pacientes em tratamento contra o câncer. “Sabemos que muitas vezes o ideal não é o possível. Por isso queremos primeiramente estimular e divulgar a importância dos exercícios físicos”, finaliza, lembrando que com os pacientes procurando realizar os exercícios, eles também passam a ter uma “posição mais ativa na luta contra o câncer”.