Correio dos Campos

Usina de biogás pode suprir 30% do consumo de energia da Prefeitura

Com uso de capacidade máxima, processamento e queima de resíduos orgânicos pode compensar o consumo de energia em estruturas públicas
6 de setembro de 2019 às 18:06
Estudo de viabilidade técnica foi apresentado em reunião. (Divulgação/PMPG)

IMPRENSA/Ponta Grossa – Como medida de ampliação do programa Ponta Grossa Sustentável, a Prefeitura de Ponta Grossa está buscando viabilizar a implantação de um projeto de usina termoelétrica de biogás na cidade. Representantes do Município se reuniram hoje com técnicos do Centro Internacional de Energias Renováveis-Biogás (CIBiogás), que apresentaram um estudo de viabilidade técnica e econômica do projeto. Com uso de capacidade máxima, o processamento e queima de resíduos orgânicos poderia compensar em até 30% o consumo de energia em estruturas públicas.

“A proposta desta usina integra o pacote de medidas que estamos tomando para o gerenciamento de resíduos na cidade, trabalhando exclusivamente com material orgânico. Dessa forma, seria realizada uma coleta seletiva dos grandes geradores de resíduos orgânicos e encaminhado esse material para usina. Lá, os resíduos passam por um processo de decomposição da matéria, gerando gás e, em seguida, energia elétrica. Essa eletricidade, a gente coloca na rede e pode descontar do uso dos próprios públicos. Num segundo momento, também podemos trabalhar com veículos elétricos, como parte da frota da coleta seletiva”, comenta o secretário de Meio Ambiente, Paulo Barros.

O projeto desenvolvido pela CIBiogás prevê implantação da usina em área no Distrito Industrial, atendendo a questões de escopo técnico, como capacidade para instalação dos biodigestores. Inicialmente, a usina trabalharia com a capacidade de processamento de 12 toneladas de resíduos orgânicos por dia, podendo ampliar até 30 toneladas. Com uma progressão de 20% de carga a cada seis meses, chegando a 30 toneladas/dia, a Prefeitura pode alcançar uma economia de aproximadamente R$ 270 mil por mês.

“Essa nossa projeção de economia considera o valor que o Município deixa de gastar ao evitar a disposição desse resíduo no aterro e a logística de deslocamento, bem como a compensação da energia gerada no consumo das estruturas públicas. Além da questão ambiental, porque com a usina, você tira do aterro e de circulação o gás metano”, explicou a engenheira da CIBiogás, Larissa Schmoeller Brandt.

Com o funcionamento da usina de biogás, a geração de energia resultante do processamento e queima de resíduos orgânicos poderia compensar completamente o uso de energia elétrica em estruturas como o Hospital da Criança João Vargas de Oliveira, Hospital Municipal Amadeu Puppi e a estrutura do Paço Municipal, por exemplo.
“Agora o Município vai buscar a viabilidade para implantar esse projeto, através de convênio, parcerias ou operação de crédito. A redução do valor que a Prefeitura emprega com o pagamento das despesas de energia elétrica pode resultar em investimentos em outros setores”, destaca o secretário da Fazenda, Cláudio Grokoviski.

Inovação

O CIBiogás é uma instituição científica, tecnológica e de inovação, em forma de pessoa jurídica de direito privado, constituído como associação sem fins lucrativos. Entre os projetos desenvolvidos pelo Centro, está um laboratório de
biogás no Parque Tecnológico Itaipu (PTI), em Foz do Iguaçu.

“Esse projeto, é mais uma iniciativa que coloca a Prefeitura na vanguarda de soluções e iniciativas. O encontro de hoje é resultado de uma proposta do prefeito Marcelo Rangel, que esteve em Foz do Iguaçú conhecendo o projeto. Solicitamos esse estudo de viabilidade, em parceria com o Sebrae e a UTFPR e estamos muito satisfeitos com o resultado, porque a execução desse projeto é totalmente viável”, aponta a prefeita em exercício, Elizabeth Schmidt.

Coleta seletiva

Durante o processo de discussão para encerramento das atividades do Aterro Botuquara, uma das propostas era a instalação de uma usina para destinação final de resíduos, mas o modelo foi inviabilizado devido ao alto custo.
“Além do custo, uma usina nesse modelo iria restringir a ação dos catadores, porque ela previa a queima de todos os resíduos, afetando a coleta seletiva. Nossa meta, nesse momento, é garantir a destinação de cada vez mais recicláveis aos catadores. Essa proposta atual trabalha com uma coleta seletiva de orgânicos, que vai impactar apenas na redução do material que é destinado ao aterro e já não teria proveito aos catadores”, explica Barros.