Correio dos Campos

Arteterapia pode ser aliada de tratamentos médicos

6 de setembro de 2017 às 10:24

Aliar a arte a tratamentos terapêuticos e médicos. A técnica da Arteterapia usada há anos em todo o mundo, e com benefícios comprovados por pesquisadores, chega a Ponta Grossa na Casa Leonardo, e pode ser feita sem restrições, por todas as pessoas. Para quê é indicada? Autismo, Síndrome de Down, transtornos psicológicos e até dificuldades comportamentais. “É um tipo de terapia alternativa que oferece muitas possibilidades”, aponta o pediatra Alberto Calvet.

O pediatra é apenas um dos profissionais que pode indicar a arterapia como ‘tratamento’ médico. Psicólogos, psiquiatras e geriatras, por exemplo, podem aliar a técnica como parte de seus tratamentos. “Fazer o bem envolve um complexo de ciências. Há tratamentos que não são suficientes somente com medicamentos ou cirurgias. Todos os profissionais, os médicos inclusive, devem utilizar da ciência multiprofissional para atuar em benefício do paciente”, avalia, completando que fazer o bem ao paciente não é única e exclusivamente função do médico. Desta maneira, a Arteterapia, aparece como uma das alternativas, e que apresenta bons resultados.

A técnica da Terapia Ocupacional já vinha sendo oferecida desde sua abertura como Espaço de Artes, agora a Casa Leonardo inovou para oferecer a “Arteterapia” e atender pacientes de todo o município e região. “Os benefícios sentidos com a arte utilizada para a Terapia Ocupacional já são imensos”, aponta a artista plástica e responsável pela Casa Leonardo, Cristina Sá.

Para a nova modalidade, a Casa Leonardo montou uma equipe multidisciplinar, envolvendo arteterapeuta, psicólogos e artistas. Assim o espaço se ‘transforma’ em uma verdadeira clínica nas quintas e sextas-feiras. “Atendemos com sessões individuais que duram cerca de uma hora, ou em grupos”, conta a gerente administrativa da Casa Leonardo, Maria Luiza Holzmann, destacando a arteterapia para a melhoria da qualidade de vida das pessoas.

Com estrutura e equipe disponíveis, a Casa Leonardo se tornou o primeiro consultório isolado da região dos Campos Gerais a disponibilizar a Arteterapia e contar com a parceria da Cooperativa Unimed. “Os médicos podem indicar, e as pessoas podem fazer a Arteterapia por meio do Plano de Saúde”, conta Maria Luiza.

No quesito Artes, a Casa Leonardo pode oferecer os mais variados tipos de técnicas, aliadas à terapia. Desenho, pintura, colagem, escultura, modelagem, mosaicos. Enfim, qualquer técnica que o paciente se sinta confortável em desenvolver, ele terá a sua disposição, já que o espaço conta com diversos artistas para compor a nova modalidade oferecida.

Benefícios da Arte – O Padre Agostinho Antonio Rutkoski é um dos alunos da oficina de artes como Terapia Ocupacional da Casa Leonardo. Aos 70 anos e após ter sofrido dois Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC) ele virou um verdadeiro artista. A princípio, o Padre procurou a arte para “usar o tempo de uma forma boa”. Depois veio o gosto e as mudanças em sua vida. As melhorias foram notadas na fala, na sociabilidade, e na coordenação. “E faz muito bem pra cabeça”, conta o Padre, com um sorriso nos lábios.

Após o AVC, os movimentos foram retornando com a fisioterapia constante. Mas os chamados movimentos finos foram conquistados após seu encontro com a arte. O Padre voltou a utilizar a faca durante suas refeições, após o contato com o pincel ter se intensificado.

A atividade que o Padre realiza na Casa Leonardo é a pintura de esculturas. Conforme a professora e artesã Simone Pereira Lupepsa, o desenvolvimento da habilidade do aluno como pintor foi impressionante. “Hoje ele pinta todos os detalhes das esculturas”, comenta, orgulhosa. “E ele também não tinha este sorriso no rosto quando chegou”, dispara. Além de todas estas melhorias, o Padre destaca ainda a autonomia que a atividade propiciou. Hoje ele realiza a maioria de suas atividades sozinho.

Arteterapia para crianças – “Não são todos os casos de crianças com dificuldades comportamentais que podem ser tratados com ritalina”, aponta o médico pediatra, Alberto Calvet. Para ele, hoje há muita ‘rotulação’, tanto por parte da família como da escola, para a necessidade do uso do medicamento, indicado ‘inicialmente’ para crianças com déficit de atenção ou hiperatividade.

Conforme o pediatra, em diversas situações o que as crianças realmente necessitam é de um apoio, que pode ser conseguido por meio da Arteterapia, por exemplo. “É um método facilitado para a criança se encontrar”, avalia.

Além dos casos em que há dificuldades comportamentais, Calvet aponta ainda pessoas autistas e deficientes físicos como pacientes que podem se beneficiar com a arteterapia. “Há muitos casos em que são relatadas superações de deficiência. E no autismo, publicações que mencionam o auxílio para sair do ostracismo”, destaca.