Correio dos Campos

“Existe muita vida após o câncer”, conta paciente que venceu a doença

3 de novembro de 2017 às 23:39

O dia 26 de outubro de 2015 tinha todos os ingredientes para a comemoração de mais um ano de vida da piraiense Vera Lúcia Barreto Martins, que naquela data completava 50 anos de idade.

No entanto, quis o destino que a alegria comum à data e os sorrisos pelo aniversário dessem lugar a um misto de sentimentos, como o medo e a insegurança. Na data em que celebraria mais ano de vida, Vela Lúcia teve a confirmação do diagnóstico: estava com câncer de mama.

Ao tomar conhecimento da doença, uma das que mais mata mulheres no Brasil, a agente educacional, que trabalha até hoje no Colégio Estadual Professor Leandro Manoel da Costa, disse ter sua vida transformada em todos os sentidos.

A doença

A transformação comentada pela piraiense é a mesma sentida por milhares de mulheres que passam pela mesma situação. De acordo com a cartilha publicada pelo Ministério da Saúde, em conjunto com o Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), o câncer de mama é uma das doenças mais comuns no Brasil, ficando atrás apenas do câncer de pele, além de ser uma das que mais matam mulheres no país.

Segundo os dados apresentados na Cartilha, em 2014 foram registradas 14.206 mortes em decorrência da doença, que estima aproximadamente 58 mil novos casos em 2017.

Doença resultante da multiplicação das células anormais da mama, o câncer de mama apresenta grande potencial de se estender para outros órgãos do corpo. Porém, se identificado em sua fase inicial, a doença tem boas taxas de resposta ao tratamento, com prognósticos favoráveis, podendo chegar a 100% de cura, de acordo com o Instituto Brasileiro de Controle de Câncer (IBCC).

A importância de se tocar

A maior parte dos cânceres de mama é descoberta pelas próprias pacientes através do autoexame. Por isso, é de extrema importância que as mulheres conheçam e toquem o seu corpo.

O autoexame foi fundamental para a vida de Vera Lúcia que, além de fazer exames de mamografia regularmente, sempre analisava o próprio corpo. Numa dessas oportunidades a piraiense constatou um afastamento de pele junto ao bico da mama.

“Me chamou a atenção. Contei para uma amiga e para o meu marido que tentou me acalmar dizendo que os exames estavam em dia e que estava tudo normal. Porém, aquilo ficou me incomodando e refiz o autoexame,” contou.

“Percebi que realmente tinha algo errado e resolvi procurar meu médico imediatamente. Ele recomendou fazer a mamografia e também um ultrassom da mama. Imediatamente foi detectado um tumor já no grau cinco, fato comprovado com a biópsia que fiz em seguida”, completou.

Indicações

Segundo o Inca, a mamografia para mulheres que não tem sintomas e com idade abaixo de 50 anos pode expor as paciente a alguns riscos, como, por exemplo, de se obter resultados incorretos. Daí a importância da realização do autoexame mensal.

Já para mulheres com idade entre 50 e 69 anos, a indicação do Ministério da Saúde é que a mamografia de rastreamento seja realizada a cada dois anos. Para as mais novas, com idade inferior a 35 anos, o exame é indicado somente em casos específicos. O Sistema Único de Saúde (SUS) garante a oferta gratuita da mamografia para as mulheres brasileiras.
O início do tratamento

Após o diagnóstico, Vera Lúcia começou imediatamente o tratamento. “Com a quimioterapia o tumor logo regrediu. Fiz a cirurgia no dia 14 de janeiro de 2016, preparada para retirar toda a mama. Graças a Deus a retirada foi parcial e em seguida continuei com as sessões de quimioterapia e radioterapia”, conta.
Importância da família

É normal, durante o tratamento, que as pacientes passem por momentos de grande dificuldade como baixa-autoestima, o medo, a fraqueza e a perda dos cabelos. Este último é apontado por muitas mulheres que enfrentaram a doença como um dos mais marcantes de todo o tratamento.

E é nesse momento de angústia, dor e incertezas que o apoio recebido de outras pessoas, principalmente as mais próximas, da família, é que podem fazer toda a diferença para o sucesso do tratamento.

No caso de Vera Lúcia, o apoio familiar auxiliou no processo de superação da doença. “A aceitação do que acontecia comigo ficou mais fácil com o apoio de tantas pessoas queridas em minha vida. Até mesmo a perda dos cabelos não foi difícil, passou a ser divertido! Cada dia era uma nova imagem: hora com cabelos curtos, loiros, longos e tranças; hora sem eles (os cabelos), com lenços e mais lenços. Procurei passar por esse pequeno obstáculo em minha vida de uma forma mais alegre”, disse.

A vitória

Depois de dois anos de tratamento, Vera Lúcia vive uma vida normal, sem a doença. “Jamais deixei de sorrir e acreditar! O que parecia uma grande tempestade sem fim se transformou em um aguaceiro passageiro”, contou a piraiense com um belo sorriso estampado no rosto, digno de quem vem conquistando vitórias todos os dias, desde aquele dia 26 de outubro.

Crer é fundamental

Para as pacientes que passam pelo tratamento, a piraiense fez questão de falar sobre a importância de se acreditar na cura. “Eu gostaria de dizer para quem está passando por um câncer de mama que acreditar que tudo vai dar certo é fundamental. Fácil não é, mais a doença passa e a vida te mostra que existe vida, mas muita vida, após um câncer de mama”, finaliza.

(Mariana Soek/Pedro Dalcol Filho)