Correio dos Campos

Morte de recém-nascido por dengue: transmissão da doença de gestante para bebê não é comum, diz especialista

Infectologista afirma, no entanto, que transmissão depende do momento da infecção da gestante e pode ocorrer via passagem dos vírus pela placenta ou no parto. Bebê morreu no Paraná vítima da doença.
27 de junho de 2024 às 15:05
(Foto: Reprodução/RBS TV)

A transmissão de dengue de uma gestante infectada com a doença para o bebê não é comum, afirmou a médica infectologista do Hospital Marcelino Champagnat, em Curitiba, Camila Lopes Ahrens.

Quando acontece, no entanto, a transmissão pode ocorrer de duas formas, segundo a especialista.

“A transmissão nesses casos pode ocorrer de duas formas, pode atravessar a barreira placentária e infectar o bebê ainda no útero e a transmissão no parto, especialmente se a mãe estiver na fase aguda da doença onde há quantidade grande de vírus no sangue”, explicou a profissional.

No Paraná, de acordo com último boletim epidemiológico divulgado na terça-feira (25) pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), houve registro de morte um bebê, horas após o nascimento, vítima da doença.

Segundo a Secretaria de Saúde de Marechal Cândido Rondon, uma gestante foi internada na cidade com dengue. Dias depois, o bebê nasceu em um parto cesárea, em Toledo. Com parada cardiorrespiratória e diagnóstico de dengue, o recém-nascido foi encaminhado à Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal, mas não resistiu.

Na nota encaminhada pela pasta não consta se a transmissão da doença ocorreu via placenta ou durante o parto.

A especialista afirma que as gestantes tem mais chances de desenvolver o quadros mais graves da dengue. “A doença pode exacerbar um quadro mais sério e por estar grávida, gerar um quadro de tendência a hemorragia, podendo gerar consequências mais sérias para mãe e bebê”, explicou a profissional.

“O bebê contaminado com dengue, pode enfrentar várias complicações como febre alta, irritabilidade, sinais comuns de infecção, complicações hemorrágicas. Assim como os adultos, os bebês também podem sofrer sangramentos, dificuldades respiratórias e fadiga”, afirmou a infectologista.

Dengue no Paraná

O boletim da terça (25) também confirmou, além da morte do bebê, outras 12 vítimas da deonça no Paraná, que segundo a Sesa, ocorreram ocorreram entre 14 de março e 31 de maio.

Mais de 20,6 mil casos também foram confirmados no boletim que faz um alerta sobre os cuidados com a doença, que devem ser mantidos, apesar da queda nas temperaturas.

No atual ano epidemiológico, iniciado em julho de 2023, já foram registradas mais 881, 2 mil notificações, 526,5 mil casos e 473 mortes em decorrência da doença no Paraná.

Conforme a secretaria, a regional de saúde de Londrina é que tem mais casos confirmados em números absolutos, com 64.208 diagnósticos, seguida pela regional de Cascavel com 62.045, e de Francisco Beltrão, com 60.150.

Com relação as mortes, a regional de saúde de Londrina registra o maior número, com 86 mortes. Em seguida a regional de Cascavel, com 74 mortes – entre elas a do bebê de um dia -, e a de Francisco Beltrão, com 65.

Quais os sintomas da dengue?

A dengue é transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti infectada com o vírus. Após a picada, os sintomas podem aparecer em até 15 dias, segundo a Secretaria de Saúde.

Normalmente, a primeira manifestação da dengue é febre alta (39°C a 40°C), que dura de dois a sete dias, acompanhada de dor de cabeça, fraqueza, dores no corpo, nas articulações e no fundo dos olhos.

A dengue pode provocar também: manchas no rosto, tronco, braços e pernas. Os pacientes podem ter ainda perda de apetite, náuseas e vômitos.

Fonte: G1