Correio dos Campos

Mãe diz que filho baleado pela esposa apanhava da mulher, no Paraná

A esposa alegou legítima defesa; a sogra afirma que a pessoa violenta dentro da relação era a mulher e não o marido
18 de janeiro de 2021 às 15:29
(Foto: Reprodução/RIC Record TV)

A mãe de Wellington dos Santos, que está internado em estado grave desde que foi baleado pela esposa na última quarta-feira (13) em Curitiba, veio até a capital paranaense para prestar depoimento nesta segunda-feira (18).

De acordo com Rosilda dos Santos, ela irá apresentar aos investigadores responsáveis pelo caso mensagens de áudio que, conforme ela, comprovam que o filho apanhava da esposa e que a nora não era vítima de violência doméstica como foi divulgado até agora.

“Eu meti a mão na lata dele mesmo. Se merecer, eu vou meter a mão na lata dele de novo porque ele só funciona assim”, disse a esposa de Wellington em uma das mensagens.

Em um segundo áudio, a mulher ainda fez ameaças contra o companheiro:

“A gente não brigou, ele saiu cedo para trabalhar e estava tudo numa boa. Daí, ele não veio mais embora. Mas ele está fazendo isso até eu dar uma ‘loquiada’ e subir ali, descobrir onde ele está e arrebentar ele de bordoada na frente dos outros. Aí, eu duvido que ele não venha embora. Eu estou muito calminha nesses últimos dias, por isso, ele está abusando”, disse a suspeita em uma das mensagens.

Rosilda também irá mostrar à polícia um áudio enviado pela nora, no qual a mulher fala sobre a ocasião em que o marido foi preso, em 2020, depois que ela registrou um boletim de ocorrência, por tentativa de homicídio, contra ele.

“Foi até melhor que aconteceu isso para o teu filho não cair nas drogas, porque teu filho estava revoltado. Deus escreve certo por linhas tortas. E pode ter certeza que do mesmo jeito que eu coloquei ele lá dentro [da cadeia], ele vai sair. A hora que ele sair, ele vai vir atrás de mim. Ele vai vir porque eu sou a mulher que ele ama. Outra, nós vamos até ter um filho, tá. Isso é só para a senhora ficar ciente”, declarou a companheira de Wellington.

Rosilda ainda conta que no dia da suposta tentativa de homicídio, a nora ligou para ela e contou uma história diferente do relato dado à polícia. Na ligação, ela teria afirmado que atirou contra o marido e não ao contrário.

“Ela falou assim: ‘Dona Rosilda, o seu filho tem Deus no coração porque eu dei dois tiros nele e não acertei.’ E depois lá, ela mentiu para a Justiça que os tiros tinham vindo do mato

Wellington foi atingido por vários tiros no dia 13 de janeiro. A esposa alega que efetuou os disparos em legítima defesa quando o marido invadiu a residência, mas Rosilda afirma que os médicos que cuidam do paciente informaram que ele foi baleado pelas costas.

“Eu recebi uma ligação do médico, ele disse que o estado do Wellington é grave. Ele passou por três cirurgias e levou três tiros nas costas. Ele está intubado, na UTI”, completou a mãe.

Rosilda vive em Telêmaco Borba, nos Campos Gerais do Paraná, e explica que mesmo de longe, conseguia perceber que os casal vivia uma relação doentia. Ela conta que tentou por inúmeras vezes levar o filho para o interior, mas que ele sempre voltava atrás.

“Ela foi lá em Telêmaco Borba, depois que eu busquei ele, ela foi lá e trouxe ele de volta. Eu não o que ela fez, parece que ela ameaçava muito ele, porque ele tinha muito medo. Um pouco acho que deveria ser amor e era muito medo que ele tinha dela. Medo porque ela surrava ele. Ele ligava para mim apanhando dela. Tinha horas que eu pagava e dizia: ‘Filho a mãe vai dormir’. Porque eu não aguentava ficar vendo ela batendo na cara dele. Ele todo arranhado. Desde que ele foi morar com ela, eu nunca mais tive paz na minha vida. Era direto ligação dele pedindo pra eu vim buscar ele e de repente desistia”, finalizou chorando.

Suspeita se apresenta na delegacia

A esposa de Wellington se apresentou na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPP), de Curitiba, na sexta-feira (15).

De acordo com as investigações, o casal vive um relacionamento conturbado e em junho de 2020, o marido já havia tentado assassinar a esposa. Na época, ele chegou a ser preso e, posteriormente, ganhou liberdade sob o uso de tornozeleira eletrônica.

No entanto, após o homem sair da prisão, os dois reataram o relacionamento. Até que dois dias antes do crime, na segunda-feira (11), ele recebeu uma intimação sobre a tentativa de homicídio contra a companheira e novas brigas começaram.

A jovem, que prefere não se identificar, conversou com a equipe da RIC Record TV e contou que chegou a pedir ajuda à polícia antes de tomar a atitude extrema. Mas como percebeu que nada iria ser feito, aceitou ficar com uma arma emprestada.

“No outro dia eu fui até a Delegacia da Mulher para fazer outro B.O. contra ele, para ver se eles tomavam alguma providência senão ele iria fazer alguma coisa para mim sim, ele estava muito agressivo, muito alterado. Quando eu cheguei na delegacia, fiz o B.O. e vi que não iriam resolver nada. Aí, quando eu cheguei em casa, uma amiga comentou que o marido tinha uma arma e eu queria ficar com a arma aquela noite, caso ele viesse. Eu aceitei”, disse a mulher.

Fonte: Ricmais