Correio dos Campos

Ex-marido teria pago R$ 25 mil para mandar matar esposa gerente do banco CAIXA

Tatiana Lorenzetti, de 40 anos, foi assassinada com um disparo de arma de fogo na cabeça quando deixava a agência bancária em que trabalhava
30 de dezembro de 2020 às 14:51
Antônio Henrique do Santos, imagem acima, planejava a morte da ex-companheira há três anos. (Foto: Reprodução/RIC Record TV)

O ex-marido de Tatiana Lorenzetti, Antônio Henrique do Santos, foi preso temporariamente na terça-feira (29) após prestar depoimento sobre o assassinato da gerente bancária, ocorrido na tarde da última segunda-feira (28), em Curitiba. Segundo a polícia, ele é suspeito de mandar matar a ex-companheira e pagar R$ 25 mil aos criminosos.

De acordo com as investigações, Antônio planejava a morte de Tatiana há três anos e chegou a falar com 30 pessoas em busca de um matador de aluguel. O crime foi motivado porque o suspeito queria ficar com a guarda da filha e administrar um seguro de vida que ex-esposa havia feito em nome da menina de 9 anos de idade.

“Ele tinha problemas com relação a guarda da filha, problemas com a pensão alimentícia e, posteriormente, a gente ficou sabendo que ele pretendia matar a mulher para ficar com um suposto benefício que a mulher teria feito em nome da filha menor”, explicou a delegada Vanessa Alice.

Em novembro de 2019, Antônio já havia sido flagrado em um grampo telefônico, durante uma operação contra o tráfico de drogas, quando tentava contratar um assassino. Na época, ele negociava o assassinato da ex-companheira por R$ 40 mil.

Na terça-feira, também foram presos preventivamente André Luiz Cordeiro Barboza e Thales Arantes da Silveira por darem cobertura para o atirador Jhonatan Alves da Silva, que foi morto pela polícia pouco tempo depois de assassinar a gerente de banco.

Um quinto envolvido, identificado apenas como Moisés, e que teria sido responsável por fazer a ponte entre o mandante do crime e os três executores é considerado foragido.

Quem é Antônio Henrique

Antônio Henrique é ex-atleta da Seleção Brasileira de Luta Olímpica e representou o país em competições nacionais e internacionais, e chegou a disputar o mundial de lutas no Uzbequistão em 2014.

Ele trabalhou na Polícia Militar de São Paulo, mas deixou a instituição e se mudou para o Paraná. Em Curitiba conheceu Tatiana com que teve um relacionamento de cerca de quatro anos. No entanto, após o nascimento da filha do casal, os dois se separaram de forma conturbada.

Nos últimos anos, a gerente de banco registrou vários boletins de ocorrência contra o ex-marido e solicitou ainda uma medida protetiva, pois tinha medo de ser morta por ele.

Entre os anos de 2012 e 2018 ele trabalhou como educador físico pela Secretaria de Educação do Estado. Ainda em 2018, ele passou em um concurso público para agente auxiliar de perícia oficial da Secretaria de Segurança Pública e Penitenciária do Paraná (Sesp).

No mesmo ano, Antônio assumiu um relacionamento antigo e do novo casamento teve mais um filho.

Criminoso dá entrevista

Antes do crime ser desvendado, André Luiz chegou a conceder uma entrevista à RIC Record TV na qual afirmou ter sido feito refém pelo assassino. Conforme a versão contada na ocasião, ele, que é motorista de aplicativo, estava parado com o veículo quando foi rendido por Jhonatan.

“Eles vieram à delegacia como vítimas de sequestro. Mas a Delegacia da Mulher verificou que eles estavam mentindo e acabou fazendo, através do interrogatório, fazendo com que eles caíssem em contradição e confessassem o crime”, contou a delegada.

Percebendo que a polícia já tinha todas as informações para incriminá-los, Thales foi o primeiro a abrir o jogo. Ele entregou o telefone celular onde estava o contato do ex-marido da vítima.

Ainda segundo o depoimento, na noite de domingo (27), Antônio Henrique se encontrou com Thales, André Luiz e Jhonatan para acertar os valores e os detalhes da execução.

No dia do crime, Thales, André Luiz e Jhonatan seguiram Tatiana de sua residência até a agência bancária onde ela trabalhava na Rua Desembargador Ernani Guaritá Cartaxo, no bairro Capão Raso, na capital. Os três, então, aguardaram ela sair para o almoço com o objetivo de simular um latrocínio, roubo seguido de morte. Ela foi morta com um tiro na cabeça quando saia para seu horário de almoço.

“Ele se aproximou e disse: ‘Passa a bolsa’. Ela apenas esticou o braço e já levou um disparo de arma de fogo na cabeça”, completou a delegada.

Após o crime, Jhonatan entrou no carro onde estavam Thales e André Luiz e os três fugiram. No entanto, como a placa havia sido anotada por testemunhas, houve perseguição policial e, em determinado momento, o atirador pulou do veículo para simular uma fuga. Foi nesse momento que ele trocou tiros com a polícia e acabou morto.

Thales ainda ligou para o ex-marido de Tatiana informando que o assassinato havia sido concluído. Em resposta, Antônio Henrique solicitou que todos os envolvidos apagassem as mensagens trocadas com ele e substituíssem os chips de seus aparelhos telefônicos.

Fonte: Ricmais