Correio dos Campos

Dois vereadores e presidente da Autarquia Municipal de Trânsito de Ponta Grossa são presos pelo Gaeco

Operação investiga possível prática de fraude em licitação, corrupção ativa e passiva e tráfico de influência. Foram presos os parlamentares Ricardo Zampieri (Republicanos) e Valtão (PRTB).
15 de dezembro de 2020 às 14:35
Vereador de Ponta Grossa chega à sede do Gaeco após mandado ser cumprido. (Foto: André Salamucha/RPC)

Dois vereadores e o presidente da Autarquia Municipal de Trânsito de Ponta Grossa, nos Campo Gerais do Paraná, foram presos em uma operação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), nesta terça-feira (15).

O Ministério Público do Paraná (MP-PR) investiga possíveis crimes de corrupção ativa e passiva, fraude a licitação e tráfico de influência supostamente praticados por empresários, servidores públicos e vereadores.

Foram presos os vereadores Ricardo Zampieri (Republicanos) e Valtão (PRTB).

A defesa do vereador Valtão informou que não irá se manifestar, pois ainda não teve acesso às investigações.

O G1 tenta contato com a defesa do vereador Ricardo Zampieri.

Os dois integraram a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou a contratação de empresa pela Autarquia Municipal de Trânsito e Transportes do Município (AMTT) para a implantação e operação do “Estar Digital” . Zampieri era o presidente e Valtão o relator da investigação da Câmara.

Conforme autorização da Justiça, Valtão ficará preso preventivamente, ou seja, por tempo indeterminado, e a Zampieri por cinco dias. O mandado de prisão contra o presidente da AMTT também é temporário, válido por 5 dias.

O MP-PR ainda cumpriu ordens de prisão contra quatro empresários investigados no esquema.

Além das prisões, o Gaeco cumpriu 22 mandados de busca e apreensão na operação denominada Saturno.

Segundo o MP-PR, as ordens são cumpridas na Prefeitura Municipal de Ponta Grossa, especificamente no gabinete do secretário-geral de Administração, na Câmara Municipal, nos gabinetes de cinco vereadores, na Autarquia Municipal de Trânsito, na sede de três empresas e em 16 residências de empresários e servidores públicos.

Foram alvos de buscas os gabinetes dos parlamentares: Ricardo Zampieri (Republicanos), Valtão (PRTB), Vinicius de Camargo (PSD), Sargento Guiarone (PRTB) e Pastor Ezequiel (Avante).

Dos 22 mandados, 18 foram cumpridos em Ponta Grossa e quatro em Curitiba. Todos os mandados foram expedidos pelo Juízo da 1ª Vara Criminal de Ponta Grossa.

Os promotores de Ponta Grossa identificaram que, além da irregularidade na contratação da empresa para a implantação do “Estar Digital”, também verificaram ilegalidades na compra de softwares utilizados Companhia de Habitação de Ponta Grossa (Prolar), entre os anos de 2016 e 2020.

O MP-PR também apura a possível prática de manipulação e corrupção de vereadores na Comissão Parlamentar de Inquérito instalada na Câmara Municipal para apurar as referidas licitações.

O que dizem os citados

O vereador Vinicius de Camargo afirmou avaliar que a CPI transcorreu sem irregularidades, mas que se houver algo ilegal, deseja que os responsáveis sejam identificados.

Disse, ainda, que está tranquilo com a atuação na comissão e que “não cometeu nada ilegal”.

O vereador Pastol Ezequiel disse que entende que as buscas foram feitas no gabinete por ele ser membro da CPI, mas que nada foi levado do local, apenas o relatório da comissão.

Afirmou, ainda, que tudo foi feito de acordo com as normas e que está à disposição dos órgãos competentes.

A defesa do vereador Sargento Guiarone afirmou que o parlamentar entregou documentos ao Gaeco, e que alguns estavam em casa por motivos de segurança.

Disse, ainda, que toma todas as medidas “para que a lei seja cumprida para aqueles que a descumpriram”, e que o vereador está à disposição para colaborar com as investigações.

Em nota, a prefeitura informou que forneceu toda a documentação solicitada pelo Gaeco. Disse, ainda, que aguarda o andamento da operação e está à disposição para esclarecimentos.

Em nota, a Câmara Municipal da cidade disse que o presidente da casa, Daniel Milla (PSD), não teve acesso à documentação oficial e que os procedimentos relativos à CPI, “todos os atos foram cumpridos pela instituição, conforme o Regimento Interno e a Lei Orgânica do Município, inclusive com o envio do relatório final ao Ministério Público”.

A Casa ainda afirmou que acompanhará as investigações e colaborará com o Poder Judiciário, com apoio a eventuais sanções que venham a ser aplicadas.

A Cidatec, empresa que detém a marca e a operação do Estar Digital em Ponta Grossa, disse que presta apoio às autoridades e que está à disposição para auxiliar nas investigações.

A empresa afirmou que age de acordo com a lei e com total transparência nos serviços prestados à população.

Fonte: G1