Correio dos Campos

Menino de dois anos doa medula óssea para o irmão de sete e que já teve teve leucemia duas vezes

'Chance de a gente encontrar um doador 100% compatível dentro da família, dentro dos irmãos, é de 25%', afirmou a médica Cilmara Kuwahara.
30 de setembro de 2020 às 14:53
Irmãos se abraçam depois do procedimento. (Foto: Reprodução/RPC)

O pequeno Arthur, de dois anos, doou a médula óssea para o irmão Davi – de sete anos e que teve leucemia duas vezes.

A família dos meninos é de Douradina, no noroeste do Paraná, e foi até Curitiba para fazer o procedimento.

Davi vivia uma infância normal, até um um sinal de alerta chamou a atenção da família.

“Ele teve uns caroços no pescoço. Ele levantou de manhã, foi para a escola, nunca teve nada. Daí chegou da escola, e minha vó percebeu. Daí a gente já começou a levar ao médico e começou a tratar já”, contou a vendedora Aline Martins, mãe dos garotos.

O diagnóstico

Do médico, veio a notícia que ninguém gostaria de ouvir: o Davi estava com leucemia.

As brincadeiras de criança ficaram para trás. No lugar, veio a estrada e a rotina difícil no hospital, em Cascavel, que fica no oeste do estado.

“Foi bem sofrido, ele sofreu bastante. Ele teve muita intercorrência no começo. Ele teve pneumonia, a gente quase o perdeu. Ele ficou na UTI [Unidade de Terapia Intensiva]. Daí depois, quando tudo estava indo bem, ele teve um AVC. Quando tudo estava melhorando, veio o diagnóstico que ele estava de novo com leucemia”, relatou Aline.

‘Ganhou na loteria’

Como a leucemia voltou, a indicação médica para o Davi foi o transplante de medula óssea. Então, o menino e toda a família viajaram quase 500 quilômetros para Curitiba.

Foi na capital que eles descobriram que a esperança de uma vida nova para o Davi morava embaixo do mesmo teto.

“A chance de a gente encontrar um doador 100% compatível dentro da família, dentro dos irmãos, é de 25%. Então, a gente tem 75% de chance de não ser compatível. Ele realmente ganhou na loteria. Ele teve um grande presente”, afirmou a médica Cilmara Kuwahara.

Na matemática de quem acredita, não tem equação impossível. No mesmo dia em que doou a medula para o irmão, o Arthur já estava 100% pronto para o abraço do reencontro.

“Foi muita felicidade, eu chorei o dia inteirinho. Liguei para todo mundo, liguei para o marido. Agora vem a cura, né”, comemorou a mãe de Davi e de Arthur.

Recomeço

Com a ajuda do irmão, o Davi deu um novo 1º passo na estrada que leva à cura.

Agora, ele tem pela frente 30 dias de recuperação e atenção máximas, já que o corpo dele ainda não consegue produzir as células do sangue. O transplante foi feito em 19 de setembro.

“Os irmão unidos, né. Já eram unidos e continuam sendo. E agora um tem o sangue do outro. Sempre teve e agora mais ainda”, disse Aline.

Redome

Quando não se tem a sorte do Davi, quem precisa de transplante recorre ao Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome).

O cadastro tem, hoje, cerca de 5,12 milhões voluntários na lista, enquanto 850 pessoas esperam na fila por um doador compatível.

“Eu acho que a doação é um ato de amor, amor ao próximo. A gente está passando por momentos tão difíceis que, quando a gente vê essas histórias, a gente vê pessoas que abrem mão de um pedacinho de si para ajudar o outro, a gente percebe que tem como fazer a diferença”, afirmou a médica Cilmara.

Como ser doador?

Para se cadastrar como possível doador, é preciso ter entre 18 e 55 anos e estar com a saúde em dia.A partir da coleta de 10 ml de sangue, é feita a inscrição do voluntário junto ao Redome. Ele recebe um cartão de identificação, com o nome e o número do registro.

Quem quiser se cadastrar no Redome, deve procurar o hemocentro mais perto do local onde mora. Veja como encontrá-lo.

Fonte: G1