Correio dos Campos

Criminoso fantasiava crianças e adolescentes para gravar cenas de filmes pornográficos

19 de agosto de 2020 às 07:45
(foto: Jornal Extra)

O alemão Klaus Berno Fischer, de 73 anos, fantasiava crianças e adolescentes para gravar filmes pornográficos temáticos. Numa ocasião, segundo depoimentos de vítimas à 35ª DP (Campo Grande), Fischer obrigou duas meninas a se fantasiarem como indígenas e gravou as crianças fazendo sexo numa área de mata. As cenas eram vendidas na deep web — parte da internet que não aparece nos mecanismos de busca e é usada para o comércio de drogas e pornografia infantil — para consumidores europeus.

Ainda segundo os depoimentos, as cenas eram gravadas em várias locações diferentes. Além da casa que ele transformou em estúdio, achada pela Polícia Civil na semana passada em Santíssimo, na Zona Oeste do Rio, Fischer também gravava cenas de sexo entre crianças em outros imóveis e até ao ar livre.

No estúdio, que fica em uma área de mata em frente à comunidade Cavalo de Aço, a polícia achou arquivos criptografados. Agora, os agentes trabalham para localizar os outros endereços usados por Fischer. O delegado Luís Mauricio Armond, titular da 35ª DP, estima que Fischer produzia pornografia infantil há pelo menos dez anos.

— Ele vivia disso, esse era o ganha-pão dele. Já sabemos que algumas vítimas dele já foram aliciadas há cinco anos. Ele começou a usar essa casa, em Santíssimo, há seis anos. Mas temos provas de que antes ele já fazia filmagens em outros lugares — conta Armond, que estima em centenas o número de crianças abusadas por Fischer.

O alemão está no Brasil desde a década de 1980, com visto de trabalho. Ele é dono de uma agência de turismo, que estava fechada. A polícia suspeita que a empresa era usada como fachada para trazer alemães para fazer turismo sexual. Fischer foi preso na noite da última quinta-feira num sítio em Seropédica, na Baixada Fluminense — para onde ele fugiu após a polícia encontrar a casa usada como estúdio.

De acordo com a investigações, o alemão oferecia valores entre R$ 30 e R$ 50 e até comidas, como sorvetes e lasanhas, para as crianças e adolescentes participarem das filmagens. A maioria das vítimas identificadas pela polícia até agora têm entre 10 e 14 anos, todas meninas. Apesar da predominância da faixa etária, há relatos de que uma menina de cinco anos também está entre as vítimas, todas oriundas de uma comunidade na Zona Oeste do Rio.

Os depoimentos dados à polícia também revelam que para algumas filmagens as crianças ficavam suspensas por cordas, enquanto eram chicoteadas pelo alemão. Diversos itens de sadomasoquismo foram encontrados na casa onde funcionava o estúdio de Fischer.

Fischer foi autuado por estupro de vulnerável e pelos artigos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que tipificam o crime de produção e venda de material pornográfico envolvendo crianças ou adolescentes.

Fonte: Jornal Extra