Correio dos Campos

Polícia Civil e Ibama investigam estudante de veterinária picado por cobra Naja e internado em estado grave no DF

Ocorrência foi registrada na delegacia do Meio Ambiente. Investigadores dizem que não está descartada hipótese de tráfico de animais.
9 de julho de 2020 às 09:21
Cobra da espécie Naja, em imagem de arquivo — Foto: Wikimedia Commons

A Polícia Civil do Distrito Federal e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) investigam um estudante de medicina veterinária, picado por uma cobra da espécie Naja, em Brasília. O caso ocorreu na terça-feira (7) e o jovem, de 22 anos, está internado em estado grave em um hospital particular do Gama.

De acordo com a ocorrência registrada na Delegacia Especial de Combate à Ocupação Irregular do Solo e aos Crimes Contra a ordem Urbanística e o Meio Ambiente (Dema), um auditor fiscal do Instituto Brasília Ambiental (Ibram) procurou a delegacia, nesta quarta (8), informando que não há registro de importação da serpente.

“Não foi encontrado registro do animal em nome do estudante, nos sistemas daquele órgão”, diz a ocorrência.

A Polícia Civil afirmou ao G1 que não descarta que a cobra tenha chegado ao DF por meio do tráfico de animais. Durante a tarde, o Ibama esteve no endereço onde mora o estudante, no Guará. O órgão informou que assim que o animal for localizado, o instituto vai emitir uma multa, que pode variar entre R$ 500 e R$ 5 mil (leia nota no fim da reportagem).

Espécie perigosa

A Naja é nativa da Ásia e da África, e faz parte do grupo de cobras mais venenosas do mundo. A infectologista Joana D’arc Gonçalves explica que a serpente pode produzir acidentes graves.

“[A espécie] libera numa neurotoxina que vai atuar no sistema nervoso central, que pode levar à paralisia respiratória”, explica a médica.

Ainda de acordo com a especialista, o fato da espécie não ser brasileira faz com que seja “muito complexo fazer o diagnóstico e o tratamento adequado”. O soro usado para tratar o estudante de veterinária veio do Instituto Butantan, de São Paulo.

Na delegacia do Meio Ambiente, o auditor do Instituto Brasília Ambiental disse que o jovem mantinha uma página em uma rede social, com fotos e vídeos de algumas espécies de cobras. Mas, segundo o servidor público, “depois do ocorrido a página foi estranhamente apagada”.

O que diz o Ibama?

“O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) informa que acompanha o caso de uma cobra, supostamente do tipo naja, que picou um homem no Distrito Federal nessa terça-feira, 7. O criador, que está hospitalizado, não tem permissão para manter o animal em ambiente doméstico – a legislação permite apenas espécies não venenosas para esse fim.

Os fiscais ainda trabalham para encontrar a cobra, que somente poderia ser criada para fins comerciais, no caso de instituições famacêuticas, ou com intuito de conservação, ou seja, quando o animal não pode voltar à natureza. Para isso, o responsável precisa ter autorização emitida por órgão ambiental estadual e seguir regras para a criação, como mantê-la em local apropriado.

Assim que o animal for localizado, o Ibama emitirá multa, que pode variar entre R$ 500 e R$ 5 mil, e ser aplicada ao criador ou ao proprietário da residência onde permanecia. O órgão fará uma consulta às instituições habilitadas quanto ao interesse em receber a cobra, como zoológico e institutos de pesquisa.

O Ibama acrescenta que a Polícia Civil também atua no caso.”

Fonte: G1