Correio dos Campos

Casa de repouso instala cortina do abraço para aproximar moradores e familiares em Londrina

'Saber que a gente estava junto com ele foi muito bom', contou a neta de um morador da instituição que estava há mais de 30 dias sem visitas. Terapia do abraço aproxima e tranquiliza idosos e familiares neste período de isolamento social
26 de junho de 2020 às 16:34
Casa de repouso instala cortina do abraço para aproximar moradores e familiares em Londrina. (Foto: Reprodução/RPC)

G1 – As visitas aos idosos que moram em casas de repouso e asilos de Londrina, no norte do Paraná, estão suspensas por causa do risco de contaminação da Covid-19.

Para diminuir a saudade e promover o encontro das famílias com os moradores das instituições de longa permanência, uma das 21 instituições de longa permanência criou a “cortina do abraço”. Uma maneira de contornar o distanciamento social provocado pela pandemia.

Através da cortina de plástico, a analista de suprimentos, Jamille Sé Santos, conseguiu junto com a filha rever, depois de várias semanas, o pai. Ele tem Alzheimer.

“Quero muito apertar, estou morrendo de saudade”, diz.

Para que o abraço não coloque a saúde de pai e filha em risco, os dois foram separados pela cortina que tem quatro acessos para colocar os braços.

“ Só ter o contato, sentir o corpo da pessoa, isso vai aliviar bastante a falta que a gente está sentindo dele”, conta Jamille.

Depois do tão esperado abraço, filha e neta sentem que estão mais próximas do pai e avô.

“Saber que a gente estava junto com ele foi muito bom, porque fazia muito tempo que a gente não via ele, sabe”, conta Sophia Sé Santos Lima, filha de Jamille.

A casa de repouso tem 21 idosos e pretende oferecer a possibilidade do abraço a todos os familiares.
Em outro horário marcado previamente, Ariane Rodrigues Fadel, que é analista de condomínios, reencontrou a mãe depois de 30 dias.

Antes do abraço, ela desinfetou os pés, passou álcool gel nas mãos, colocou capa plástica, luvas e só depois disso pode abraçar.

“Maravilhoso, muito bom mesmo, gostei. Nesse tempo que ficamos sem se ver , sem sentir o colo de mãe. Só quem tem mãe sabe o que é sentir o toque, estar perto”, contou.

A proprietária comprou plástico de espessura média e cortou no local onde os braços devem ser colocados.
“Montamos a cortina com um plástico desse usado em mesa de cozinha e com um cano utilizado para pendurar cortina instalamos a estrutura. Vamos proporcionar o abraço para todos”, explicou a proprietária da casa de repouso, Eliane da Silva Alves.

O médico infectologista Arilson Akira Morimoto não vê problemas na utilização da capa desde que, além de toda a higienização, outros dois pontos ganhem atenção.

“Além de utilizar um plástico de um bom material, ele precisa estar bem selado e estar em uma altura superior a 50 centímetros da pessoa”, explicou o profissional.

É a medicina dando aval pra terapia do abraço. “Se não está bem e recebe um abraço, você muda, sente o carinho, o amor da pessoa, e tudo muda. O abraço é muito significativo. Nem percebi o plástico na hora que estava abraçando”, contou Ariane Rodrigues Fadel.