Correio dos Campos

Polícia Civil realiza operação contra esquema de lavagem de dinheiro do tráfico de drogas que movimentou cerca de R$ 147 milhões

12 de março de 2020 às 09:11
O Morro do Borel, na Tijuca Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo / Arquivo

Agentes da Polícia Civil realizam nesta quinta-feira uma ação contra pessoas envolvidas em um esquema de lavagem de dinheiro oriundo do tráfico de drogas da maior facção criminosa do estado. As investigações mostraram que o esquema movimentou mais de R$ 147 milhões nos últimos anos. Batizada de “Shark Attack III” (ataque de tubarão, em inglês), a operação envolveu a expedição de doze mandados de prisão e dez de busca e apreensão. Na ação desta quinta, um dos alvos é um empresário dono de uma construtora. Os investigadores cumprem os mandados no Rio, em São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná. Às 7h42, seis pessoas haviam sido presas.

Essa é a terceira fase da ação de uma investigação da 19ª DP (Tijuca) que revelou um esquema financeiro que usava empresas fantasmas ou fictícias de vários estados para regularizar recursos obtidos por meio da venda de drogas no Morro do Borel, na Tijuca, na Zona Norte do Rio.

De acordo com a Polícia Civil, o bando ocultava a origem do dinheiro através de empresas do Sul e Sudeste. O esquema levantou suspeita porque os sócios apresentavam padrão de vida incompatível com a movimentação financeira. Eles moravam, em sua maioria, em locais de baixa renda, onde eram sediadas as empresas.

Num dos casos identificados, uma companhia recebeu 38 depósitos em espécie com valores entre R$ 50 mil e R$ 85 mil entre 1º de outubro de 2018 e 19 de março de 2019. Ao todo, apenas essa firma recebeu R$ 2.208.805. Uma outra empresa teria recebido mais de R$ 3,5 milhões do grupo criminoso.

As últimas duas fases foram presos traficantes e intermediários que eram responsáveis pelos depósitos nos bancos do Rio. De acordo com a polícia, os depósitos eram feitos em grandes quantias. Somente em uma das empresas investigadas, os criminosos teriam feito 332 depósitos em 48 cidades diferentes. Nas edições anteriores da ação, os investigadores descobriram extratos bancários que indicavam a lavagem de dinheiro feito por essas empresas em benefícios do tráfico de drogas.

Segundo a Polícia Civil, os depósitos eram sempre feitos com notas de pequeno valor, mofadas, malcheirosas e úmidas, além de serem feitos em agências próximas às comunidades ou em localidades de rota de tráfico. Os investigadores pediram o bloqueio dos bens da quadrilha.

Dinheiro com cheiro de maconha

A investigação começou após dois homens fazeram um depósito bancário em dinheiro cujas notas tinham cheiro de maconha impregnado. Chamou a atenção das autoridades a tentativa da quadrilha de depositar R$ 99,6 mil em notas de pequeno valor em um caixa eletrônico de uma agência bancária na Tijuca no dia 28 de janeiro de 2019. Por conta disso, a Polícia Militar foi chamada pela gerência do banco, os dois homens levados para a delegacia, onde prestaram depoimento, e foram liberados. A partir daí, a polícia começou a fazer o rastreio da origem do dinheiro.

Fonte: Extra.globo