A mãe de um turista desaparecido em 2017 após se afogar em Peruíbe, no litoral de São Paulo, mantém as buscas pelo filho mesmo após três anos desde o incidente. O corpo dele não foi encontrado e, por isso, a mãe acredita na possibilidade do filho ter batido a cabeça em pedras e ter perdido a memória, sendo salvo por desconhecidos.
Maykon Leme, com 32 anos na época, desapareceu em 17 de janeiro de 2017, na praia do Costão, próximo à entrada do Rio Preto. Ele foi ao local com outras duas pessoas e o G1 registrou o caso na época.
Os três tinham decidido ir às montanhas da região, onde passa um rio que encontra com o mar. Neste local eles foram carregados pela correnteza. Duas pessoas foram resgatadas com vida, mas Maykon não foi mais visto desde então.
Ele veio de Poá, em São Paulo, com a mãe, a aposentada Silvana Leme, de 63 anos. Os dois aproveitavam as férias de Maykon, que trabalhava sem folgas há pelo menos cinco anos. “Tiramos cinco dias e viemos para o litoral aproveitar a praia e descansar um pouco. Chegamos na segunda e na terça-feira tudo aconteceu.”
Após o incidente, Silvana se mudou definitivamente para Peruíbe, para acompanhar as buscas pelo filho. “Ele foi procurado por 28 dias, até o limite com o Paraná, de acordo com o que os bombeiros me falaram. Depois, morreu o assunto, arquivaram”, relata. “Fui para Iguape, Ilha Comprida. Todos os corpos que apareciam no IML, eu estava no reconhecimento”.
“A última imagem que eu tenho do meu filho é ele caminhando na água. Uma onda bateu no calcanhar dele e ele chutou de volta, brincando. Eu desviei o olhar para o horizonte. Quando voltei para ele, não tinha mais ninguém ali”, recorda.
Ao se lembrar dos primeiros meses após o desaparecimento do filho, a aposentada ainda se emociona. “Eu ia a todas as unidades de saúde próximas da praia. Imprimi cartazes com a foto dele, espalhei por quiosques”, diz. “Sei que ele está vivo. Deus não enganaria o coração de uma mãe.”
A crença de Silvana sobre a sobrevivência do filho vem do relato da sobrinha dela, que se afogou com Maykon. “Quando a correnteza arrastou os três, ele conseguiu se segurar em uma pedra. Minha sobrinha estava se afogando, sendo arrastada. Então, ele voltou para salvá-la”, conta a mãe.
Maykon teria auxiliado a parente e voltado a um ponto seguro, mas a sobrinha conta que viu o momento em que uma onda bateu e ele sumiu no mar outra vez, não reaparecendo mais. “Ele deve ter batido a cabeça nas pedras e alguém o socorreu”, diz a mãe. “Ele está vivo, sem memória, sendo cuidado por alguém.”
A saudade aperta, e a mãe ainda chora ao relembrar o fato que aconteceu há três anos. “A saudade dói, é meu único filho. Eu não poderia imaginar como, mas a dor da incerteza é a pior que tem. Eu preciso saber o que aconteceu com o meu filho, ter alguma solução.”
Silvana continua compartilhando as fotos do filho nas redes sociais, com as características físicas dele e de como ele estava vestido quando foi visto pela última vez. “Se eu não divulgar, vai ser um caso esquecido. Vou deixar o rosto dele na memória das pessoas para quando ele for encontrado me chamarem”, diz.
“É uma busca difícil, uma agulha dentro de um palheiro. Como vou achar uma pessoa nesse mundo enorme? Ele pode estar em qualquer lugar, mas vou tentando de boca em boca”, finaliza.
Fonte: G1