Correio dos Campos

Padrasto é preso como autor do incêndio que matou três crianças em Paraty

25 de janeiro de 2020 às 09:23
Marya Clara, de 7 anos, Cauã, de 5, e Marya Alice, de 4 foram as vítimas do incêndio (Foto: reprodução)

A Polícia Civil prendeu, nesta sexta-feira, o companheiro da mãe das crianças mortas num incêndio em Paraty, na Costa Verde do Rio, na manhã do mesmo dia (24). De acordo com o delegado Marcelo Russo, titular da 167ª DP (Paraty), o crime foi motivado por ciúmes. Três irmãos, uma menina de 7 anos, outra de 4 anos e um menino de 5 anos, morreram no incêndio. A mãe das crianças, Dara de Almeida Santos de Souza, de 25 anos, inalou muita fumaça e segue internada no Hospital de Praia Brava.

— Nós ouvimos o depoimento de sete testemunhas, incluindo a avó e a babá das crianças. O acusado havia criado a história de que um dos filhos seria o autor do fogo nos colchões do quarto, por ele ser muito levado. Ele planejava se livrar das crianças, que já demonstravam grande temor do padrasto, para viver só com a mulher. Mas contradições no depoimento desvendaram a autoria desse crime — explica o delegado.

O laudo técnico pericial realizado na casa descartou incêndio por acidente, segundo o delegado, e apontou “ação humana” como a causa. O homem vai responder por três homicídios qualificados por emprego de fogo e ainda ampliados pelo fato das vítimas terem menos de 14 anos; tentativa de feminicídio contra a mãe das crianças, hospitalizada, com dolo eventual; e pelo crime de incêndio em local habitado — penas que somam mais de 100 anos.

O autor do crime é de São Paulo e está há sete meses em Paraty. O relacionamento com Dara tinha apenas três meses. Nesta sexta-feira, dia do incêndio, o homem saiu de casa e seguiu até um bar próximo, onde comprou isqueiro e um maço de cigarro. Na volta para casa, por volta das 6h30, ele deixa a mulher no banheiro e incendeia um colchão de casal na porta de casa, como forma de bloquear a saída. Depois, ele sai para o trabalho, numa padaria do bairro.

— No primeiro depoimento ele omitiu essa volta para casa, disse que tinha saído e ido direto para o trabalho. E negou ser o autor do incêndio. Mas todas as contradições encontradas pela polícia fizeram ele mudar o comportamento, passando a ficar calado durante as perguntas. Além disso, todas as testemunhas ouvidas terminaram os depoimentos dizendo “acredito que ele seja o autor do crime” — destaca Russo.

Vizinho do imóvel, Cícero da Silva disse que outros moradores da região tentaram salvar as crianças, mas não deu tempo:

— De repente, escutamos uma gritaria. Aí a minha mulher e meu filho acordaram. Ela falou que estava pegando fogo na casa e que tinham crianças lá dentro. Meu filho correu com os amigos para socorrê-las. A mulher estava pedindo socorro. Foi aquele alvoroço. O pessoal desesperado, saindo correndo com balde de água, com escada, querendo derrubar a parede. Infelizmente, não deu tempo e aconteceu essa tragédia — detalhou Cícero ao “RJTV”, da TV Globo.

As crianças vítimas foram identificadas como Marya Alice de Almeida Santos da Conceição, de 4 anos, Cauã de Almeida Santos da Conceição, de 5 anos, e Marya Clara de Almeida Santos, de 7 anos. Os sepultamentos vão ocorrer neste sábado, às 10h, no Cemitério Municipal de Paraty.

O incêndio começou às 6h30, e o Corpo de Bombeiro foi acionado às 7h15. O casarão, de dois andares, fica na Rua Canal, no Parque Mangueira, bairro Ilha das Cobras. As chamas foram debeladas às 8h30. Em nota públicada em seu perfil no Facebook, a prefeitura lamentou o ocorrido e disse que pediu à polícia “prioridade absoluta” para que esse incêndio fosse esclarecido.

Fonte: Extra