Correio dos Campos

Mãe de bebê levado morto a hospital com fraturas e dentada é resgatada de ‘tribunal do crime’

Segundo a PM, mulher foi mantida por criminosos em cativeiro por suspeita de envolvimento na morte da criança. Ela chegou a ser presa por falso testemunho, mas foi solta em seguida; padrasto do bebê segue preso.
9 de janeiro de 2020 às 11:29
Anthony Daniel de Andrade Moraes, de 1 ano e 3 meses, morreu após socos e mordidas; a mãe e o padrasto foram presos em Praia Grande (SP) — Foto: Arquivo Pessoal

A mãe do bebê levado morto a hospital com marcas de socos e dentada em Praia Grande, no litoral de São Paulo, foi resgatada na noite desta quarta-feira (9) de um cativeiro onde seria julgada pelo chamado “tribunal do crime”, comandado por criminosos. A Polícia Militar informou ter resgatado a mulher pouco antes da ordem para matá-la.

Giulia de Andrade Cândido, de 21 anos, chegou a ser presa pela polícia por suspeita de falso testemunho após a morte da criança e solta depois de audiência de custódia. De acordo com a PM, após ser solta, ela foi sequestrada por facção criminosa e mantida em cativeiro devido à suspeita de seu envolvimento na morte do filho. O companheiro dela e padrasto do bebê, Ronaldo Silvestrini Junior, de 22 anos, segue preso.

A Polícia Militar informou que, na noite desta quarta-feira, uma denúncia anônima levou as equipes da 2ª CIA até o barraco onde os criminosos aguardavam a “ordem” para matar Giulia, na Avenida Sambaiatuba. Três homens armados vigiavam o local onde Giulia estava e, ao ver a aproximação dos policiais, correram em direção ao lixão próximo de lá. Ninguém foi preso.

Giulia foi resgatada do cativeiro sem ferimentos. Ela foi encaminhada ao 2º DP de São Vicente, onde o caso foi registrado como sequestro e cárcere privado.

Casal indiciado por morte de bebê

Giulia foi tinha sido indiciada por falso testemunho pelos depoimentos contraditórios que deu em defesa do padrasto do bebê Anthony, de 1 ano e 3 meses. O casal passou por audiência de custódia na terça-feira. Ficou determinado que a mulher responderá em liberdade. O padrasto teve a prisão em flagrante convertida em preventiva e deverá continuar preso.

Depoimentos contraditórios após morte

O bebê Anthony foi levado pelo próprio padrasto à Unidade de Pronto Atendimento Samambaia por volta das 23h40 de domingo (5). A Polícia Militar foi chamada depois que os enfermeiros de plantão encontraram hematomas, fraturas e mordidas no corpo da criança.

De acordo com o relato das testemunhas à polícia, a criança chegou à unidade de saúde com sangue na boca, sendo carregada por Ronaldo.

O bebê tinha uma mordida no rosto que o padrasto afirmou, inicialmente, ter sido feita por um filhote de cachorro da família. Contestado sobre tratar-se de uma marca de dentição humana, o homem mudou a versão e respondeu que teria sido um outro filho do casal, de cinco anos, que mordeu o pequeno.

Ainda de acordo com o depoimento dado à polícia, o padrasto relatou que colocou a criança para dormir às 19h de domingo, após tomar mamadeira. Quando Giulia chegou do trabalho, por volta das 20h, ela teria visto o filho de longe, enrolado-o no cobertor e saído para comprar salgado para o outro filho sem acordar o bebê.

Já por volta das 23h30, a mãe decidiu olhar o filho, quando percebeu que a criança estava morta no berço. Os dois enrolaram o bebê em um cobertor e levaram à emergência.

Questionados sobre os ferimentos de Anthony, o casal se contradisse, dizendo primeiro que não lembrava de ele ter se machucado. Na delegacia, os dois afirmaram que ele havia caído dois dias antes do alto de uma escada em formato “caracol” na casa onde moram.

Questionada sobre o motivo de não ter levado a criança ao hospital, a mãe disse à polícia que não teve tempo porque trabalha muito. Em exames, foi constatado que Anthony tinha fratura no crânio, no tórax, clavícula, no nariz e na mandíbula, além de presença de sangue no ouvido e diversos hematomas na testa e no rosto.

Fonte: G1