Correio dos Campos

Bebê doa sangue de cordão umbilical e salva vida de irmão de 6 anos com leucemia

21 de dezembro de 2019 às 09:59
Yuri com os pais após o transplante de medula óssea, em Curitiba (Foto: Adriana dos Santos Veloso/Arquivo pessoal)

Ainda no quarto de hospital em Curitiba, a foto mostra o pequeno Yuri Veloso Lezcano, de 6 anos, com a máscara do herói preferido: o Capitão América.

Como o herói do desenho, o menino enfrentou muitas lutas – contra a leucemia, nas sessões de quimioterapia e de radioterapia -, até se tornar um “supersoldado”.

Mas a família de Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, explicou que nesta jornada de “menino herói”, a maior força da criança chegou com uma pequena heroína.

A irmã Ysadora Veloso Lezcano, de 1 anos e 8 meses, ajudou a salvar a vida do garoto quando doou o sangue do cordão umbilical para o transplante de medula óssea.

A prova disso ficou na lembrança da mãe, em uma conversa após o transplante:

“‘Mãe, o sangue da irmã agora tá em mim?’ Sim filho, respondi. Toda hora ele falava: ‘a minha irmã trouxe vida para mim. Eu amo a minha irmã’.”

Adriana Veloso sabia que se o filho tivesse um irmãozinho, a criança poderia ser compatível para o transplante de medula óssea. Então, não houve dúvida. Quando Ysadora nasceu, a mãe optou por congelar o cordão umbilical. Todo o procedimento foi feito pelo Sistema Único de Saúde (Sus).

Quando chegou o momento de fazer o transplante de medula, descobriram que os irmãos eram compatíveis para fazer o procedimento. A chance disso acontecer era de apenas 20%, conforme os médicos.

“Depois de três, meses eles me ligaram. O médico demorou uns 10 minutos para ser chamado, mas parecia uma hora. Quando eu ouvi a voz dele, vi que estava emocionado. Ele falou com muita alegria que ela nasceu 100% compatível. Comecei a chorar de alegria! Quando saí na rua parecia que eu flutuava”, contou a mãe.

Foi um milagre, de acordo com a mãe. Pois antes de Ysadora nascer, o filho aguardava há dois anos por um doador compatível.

O menino teve alta em novembro, mas deve ficar até fevereiro de 2020 em Curitiba.

A gravidez
Uma segunda gravidez parecia uma ilusão, uma fantasia. Um ultrassom identificou dois cistos, nos dois lados do ovário de Adriana Veloso. Isso não permitiria, conforme os médicos, que Veloso ovulasse e pudesse engravidar.

Sem expectativas da gravidez, a mãe não desconfiou de nada quando a menstruação atrasou. Até que, depois de alguns dias, ela disse que decidiu fazer o exame de farmácia por “desencargo de consciência”.

Para a surpresa da iguaçuense, o resultado deu positivo. Veloso contou que não acreditava e que a felicidade foi imensa.

Completando a alegria de mãe, no mesmo dia da descoberta da gravidez, o filho recebeu alta do hospital.

Sem precisar mais do transplante de medula, Veloso soube sobre o congelamento do cordão umbilical. Assim, se um dia, o irmão ainda precisasse fazer o transplante, teria a possibilidade de ser compatível com a irmã.

Segundo a mãe, em maio deste ano, a biópsia trouxe o diagnóstico que ninguém queria. A leucemia tinha voltado.

“Foi mais difícil que a primeira vez, eu fiquei desesperada. Quando a gente passa uma vez passar por um procedimento tão difícil, a gente sabe o quanto é doloroso. Veio um filme na minha cabeça.”

Mesmo preocupada, Veloso lembrou do cordão umbilical e se agarrou à esperança de que a filha seria compatível.

O transplante foi realizado no dia 18 de outubro e, felizmente, foi um sucesso, relembrou a mãe.

 

Fonte: G1 Paraná