Vítima de violência relata medo de ex-companheiro em liberdade após 15 boletins de ocorrência: ‘Papel não protege ninguém’
Uma mulher vítima de violência doméstica fez 15 boletins de ocorrência (B.O.) contra o ex-companheiro desde 2017, em Curitiba. Mesmo com uma medida protetiva em mãos, ela afirma não se sentir segura, já que o homem nunca foi preso, apesar da reincidência nas agressões.
“A tal da protetiva na verdade não estava me protegendo porque papel não protege ninguém”, disse a vítima, que não quis ser identificada.
Imagens das câmeras de monitoramento do prédio onde ela mora mostram o homem em fúria.
Ele quebra o portão para entrar no condomínio. Depois, força a porta de vidro que dá acesso ao prédio. Segundo ela, o comportamento violento do ex-companheiro foi o que levou ao fim do relacionamento.
“Teve momentos bons, mas sempre chegava a índices gravíssimos de violência várias vezes, até o dia que eu decidi ir embora”, afirmou a vítima.
Mesmo com as denúncias na polícia, o homem não deixou de ser violento. Em uma das ocorrências, o homem quebrou a porta do apartamento dela.
“Foi uma tentativa de feminicídio, né? Ninguém vai me convencer que ele veio até a minha casa, arrombou a minha porta para me fazer carinho”, disse.
Insegurança
A vítima reclama que não teve o atendimento que esperava nas vezes que procurou a rede de apoio às vítimas de agressão.
Ela não é a única. No fim de novembro, Edna de Araújo viu parentes e amigos serem esfaqueados pelo ex-marido, com quem foi casada por oito anos. O alvo da agressão era ela.
Isaac Sales da Silva ficou escondido em frente à casa da família de Edna. Quando foi visto, além de matar um amigo de Edna na rua, entrou na casa dela e esfaqueou mais três pessoas. O sobrinho da mulher morreu e outros dois familiares ficaram feridos.
Edna tinha medida protetiva e, mesmo assim, recebia ameaças de morte do ex-marido. Isaac foi preso.
“Medida protetiva para mim não funcionou”, disse Edna.
O que diz a polícia
Segundo a delegada da Delegacia da Mulher, Eliete Kovalhuk, cabe ao poder judiciário decidir sobre a prisão do agressor. “Todos os casos de descumprimento foram encaminhados para o Poder Judiciário”, afirmou.
No caso da mulher que abriu 15 B.O. contra o ex-companheiro, a delegada afirmou que a polícia solicitou paliativos para protegê-la.