‘Nada repara a perda, mas justiça vai acalmar nosso coração’, diz pai de menina que morreu afogada em máquina de lavar no PR; madrasta é ré

O pai da menina Isabelly Oliveira Assumpção, que morreu após se afogar em uma máquina de lavar, disse que recebeu com alívio a decisão da Justiça em aceitar a denúncia contra a então madrasta Suzana Dazar dos Santos, agora ré pelo crime.
“Nada vai reparar a perda, ter perdido ela, mas a justiça vai acalmar um pouco o nosso coração. […] Devido às provas que tem, que vieram e que estão por vir, a gente acredita que eles estão muito certos. Não tem sido fácil esses últimos tempos para nós, porque é uma perda irreparável, posso dizer que não quero que ninguém passe por isso que a gente passou, mas que a Justiça seja feita”, disse Alex dos Santos Assumpção, em entrevista à RPC.
A menina morreu em maio de 2022, em Casvavel, na véspera do dia das mães. Ela que vivia com a mãe, passaria a sexta-feira e o sábado com o pai, mas na hora do afogamento ele estava trabalhando. (leia abaixo)
A denúncia do Ministério Público (MP-PR) do Paraná que tornou Suzana ré pela morte da enteada Isabelly foi aceita pela Justiça em 14 de janeiro. Para o MP, ela deve responder por homicídio doloso por motivo torpe, emprego de asfixia e violência doméstica e familiar.
Agora, a defesa de Suzana tem dez dias para se manifestar em relação ao caso. Depois, caberá ao juiz criminal definir se mantém o caso como homicídio com dolo eventual, o que a levaria a júri popular, ou se haverá alguma alteração na denúncia.
“A gente está muito feliz com a manifestação do MP, a gente sempre acreditou na Justiça. A gente sempre soube que a gente poderia confiar na Justiça. E os fatos estão aí, tem mais por vir ainda. A gente nunca acusou ninguém, a gente só quer justiça pela nossa filha”, afirmou o pai.
Brinquedos e banquinho para induzir enteada a se afogar: o que diz MP
Para o MP, “a denunciada previu e assumiu conscientemente o risco de ocasionar a morte da vítima”. O documento, que tramita em segredo de Justiça, foi obtido com exclusividade pela RPC Cascavel. nele, o órgão elenca quatro fatos considerados na denúncia:
De acordo com a denúncia, o crime foi motivado por ciúmes e sentimento de posse da madrasta em relação ao pai da criança. Isso porque a mulher acreditava que a menina estava prejudicando o relacionamento entre os dois, por causa da proximidade dele com a mãe da menina.
O que diz a defesa da madrasta
Os advogados de defesa de Suzana dizem que a denúncia é exagerada e que a morte foi um “acidente”. Eles afirmaram ainda que a madrasta e enteada tinham uma boa relação e que “não tem indícios de que ela tenha intenção de ter ceifado com a vida dela”, afirmou o advogado Paulo Hara Júnior.
“Nós entendemos que não tem dolo, não tem marcas, nada mencionando isso no processo. Temos que analisar o processo de acordo com a lei, o mínimo que poder ter é culpa. Porque se fosse a mãe biológica? Infelizmente acontece de soltar a mão, nesse caso só porque é madrasta?”, disse Suelane Gundim, advogada que também defende Suzana.
Para a defesa da mãe da menina, o cenário foi preparado para que houvesse a morte da criança.
“Ela preparou toda uma situação para que o crime acontecesse. A máquina, o banquinho, ela estava de meia, os brinquedos foram colocados dentro da água. Pelo histórico da família ela não era de brincar. Vários indícios levam a crer que tudo foi preparado, para que resultasse na morte”, afirmou o advogado de defesa Alexander Beilner.
“Fato dela ficar mais de trinta minutos sozinha numa lavanderia nessas circunstâncias graves. Todos esses indícios que constam nos autos, que foi deliberado pela madrasta”, disse Beilner.
Crime por motivo torpe
Na denúncia contra Suzana, o órgão afirma que o crime foi praticado por motivo torpe, pela motivação de ciúmes e sentimento de posso com relação ao pai da criança e qualificado também pela morte da menina que foi por “asfixia mecânica interna(afogamento)”.
O MP também qualificou o crime como violência doméstica e familiar.
“Por fim, apurou-se ainda que o crime foi praticado contra mulher em situação de violência doméstica e familiar, pois a denunciada era madrasta da vítima, que era menor de quatorze anos”, diz trecho da denúncia.
Relembre o crime
Criança morre afogada após cair dentro de máquina de lavar roupa em Cascavel
O crime foi registrado no dia 7 de maio. Na época, a PM informou que ela morreu afogada após cair dentro de uma máquina de lavar roupas. Relembre o caso no vídeo acima.
Conforme a PM, a madrasta foi quem encontrou a criança no local e chamou por socorro, momento em que os vizinhos acionaram equipes do Samu e também dos bombeiros da cidade.
As corporações estiveram no local e realizaram procedimentos, mas não conseguiram reanimar a menina.
Fonte: g1