Correio dos Campos

Júri popular de delegado acusado de matar esposa e enteada em Curitiba começa nesta segunda (1º); relembre o crime

Em 2020, mãe e filha morreram abraçadas após serem baleadas pelo réu, Erik Busetti. Inicialmente, julgamento seria em abril, mas foi adiado a pedido da defesa dele
1 de julho de 2024 às 09:42
(Foto: Arquivo pessoal)

Começa às 9h30 desta segunda-feira (1º) o júri popular do delegado Erik Busetti, acusado de matar a esposa Maritza Guimarães de Souza, e a enteada Ana Carolina de Souza. Câmeras de segurança registraram o crime.

O julgamento estava agendado para ocorrer em abril, no Tribunal do Júri em Curitiba, mas foi adiado a pedido da defesa do réu. A previsão é que o julgamento dure três dias.

O crime aconteceu em março de 2020, e Erik está preso. Maritza tinha 41 anos e era escrivã da Polícia Civil. A filha dela tinha 16 e era estudante. Elas foram mortas na própria casa.

O vídeo mostra que Erik dispara contra as duas, que caem abraçadas no chão. Por serem imagens fortes, o g1 optou por congelá-las. Segundo Karoline Fernanda de Souza Machado, irmã de Maritza, as câmeras foram instaladas para a segurança da família.

Segundo a polícia, uma filha de 9 anos do casal estava dormindo no quarto no momento do crime e ouviu os disparos. Ela não foi ferida.

O g1 aguarda resposta da defesa do acusado e da família das vítimas para comentar as expectativas para o julgamento.

Relembre abaixo a cronologia do crime.

Cronologia do crime

  • 20h12 – Maritza chega em casa e estaciona o carro na garagem da família.
  • 21h00 – Maritza está sentada na mesa de jantar com a filha mais nova. A filha mais velha está ao lado, na cozinha. As três conversam e interagem.
  • 21h07 – Erik chega com sacolas de supermercado, as deixa em cima da mesa e vai para outro cômodo.
  • 21h12 – Erik retorna e começa tirar as compras das sacolas. Ele e Maritza iniciam uma discussão verbal.
  • 21h16 – Erik senta-se à mesa com Maritza e a discussão continua.
  • 21h47 – Erik se levanta e anda de um lado para o outro enquanto ainda discutem.
  • 22h01 – Erik se senta ao lado de Maritza.
  • 22h13 – Erik sobe as escadas.
  • 22h15 – Erik volta com um papel na mão e o entrega a Maritza, que o lê.
  • 22h22 – Maritza larga o papel em cima da mesa. Erik o recolhe e sobe as escadas.
  • 22h25 – Erik caminha de um lado para o outro no segundo andar.
  • 22h33 – Erik entra em um cômodo da casa.
  • 22h35 – Maritza sobe com a filha do casal. As duas arrumam o sofá. Enquanto a menina senta e come pipoca, Maritza vai a um lugar onde não é registrado pelas câmeras.
  • 22h45 – Erik transita pelo cômodo e desce as escadas.
  • 23h – Erik se senta na mesa e janta sozinho.
  • 23h13 – Erik sobe ao terceiro andar da casa.
  • 23h30 – Maritza se movimenta entre o quarto dela e o closet.
  • 23h51 – Maritza senta-se no sofá enquanto segura alguns papeis. Ela mexe no celular enquanto olha para os papeis.
  • 23h55 – Erik vai até o cômodo onde Maritza está e os dois começam a discutir novamente.
  • 00h – Erik sobe ao terceiro andar e entra no quarto que tem no ático. Enquanto isso, Maritza fica no sofá mexendo no celular. Ana Carolina de Souza entra no quarto, e não sai de lá até o momento do crime.
  • 00h08 – Maritza sobe as escadas ao terceiro andar e para na ponta da escada.
  • 00h11 – Erik abre a porta do quarto, ele e Maritza discutem. Ele está com o celular na orelha.
  • 00h12 – Os dois descem para o segundo andar, ainda discutindo.
  • 00h13 – Os dois transitam pelo segundo andar da casa. Erik está falando ao telefone. Os dois continuam discutindo.
  • 00h16 – Maritza pega a bolsa no quarto, desce as escadas e vai para a saída da casa.
  • 00h16 – Erik bate na porta do quarto da enteada, que levanta da cama e abre a porta. Ele a agride com chutes e tapas. Maritza volta para tentar defender a filha. Segundos depois, Erik dispara contra as duas, que caem abraçadas no chão.
  • 00h17 – Erik anda, com a camiseta rasgada, de um lado para o outro enquanto as vítimas estão no chão. Em seguida, ele desce as escadas.
  • 00h18 – Na garagem, ele sai com a arma na mão direita. Com a mão esquerda, ele faz um sinal em direção a rua. Depois, retorna para dentro da casa.
  • 00h19 – Erik sobe as escadas e transita entre um cômodo e outro do segundo andar. Ele pega o celular e faz uma ligação, enquanto observa as duas vítimas. Falando no telefone, o delegado gesticula e chega a colocar a mão na cabeça.
  • 00h22 – Erik desce para o primeiro andar, deixa a arma em cima da mesa e remove as munições. Ele sai na garagem e deixa a arma no chão. Em seguida, volta para dentro da casa e sobe as escadas.
  • 00h24 – Erik pega no colo a filha, que estava no quarto ao lado de onde ocorreu o crime, e desce com ela para o primeiro andar. Na garagem é possível observar que a menina está acordada. Ele a leva até a casa de um vizinho.

Investigações

As investigações apontaram que o delegado disparou pelo menos sete vezes contra a esposa e seis contra a enteada.

Erik Busetti está preso no Complexo Médico-Penal em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, desde os assassinatos. Ele foi preso em flagrante e admitiu o crime para dois policiais militares. No interrogatório, Busetti preferiu ficar em silêncio.

O delegado foi denunciado pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) por duplo feminicídio. As promotoras apontam que Ana Carolina e Maritza não puderam se defender.

No caso do assassinato de Maritza, também incide a qualificadora de motivo torpe porque, segundo a acusação, ele não aceitava o fim da relação.

O casal estava junto há cerca 10 anos e estava em processo de separação pelo menos um ano antes do crime, conforme o relato de testemunhas e familiares.

Dias antes de ser denunciado pelo Ministério Público, Busetti foi indiciado pela Polícia Civil por duplo feminicídio com incidência de aumento de pena por ter cometido o crime próximo da filha de nove anos.

A menina estava no quarto dormindo, mas, de acordo com a delegada responsável pelas investigações, estava muito próxima e acordou com os disparos.

A criança não ficou ferida e foi levada para a casa de um vizinho pelo próprio acusado após o ocorrido.

Delegado também é investigado por acessar sistema restrito

Em 11 de agosto de 2023, a Polícia Civil abriu um inquérito para investigar o acesso do delegado ao sistema policial de acesso restrito. O login e a senha dele foram usados enquanto ele estava na cadeia.

A portaria que determinou a investigação afirma que Erik teria acessado indevidamente os sistemas da Polícia Civil para consultas pessoais o que pode, em tese, caracterizar crime de violação de sigilo funcional.

A comprovação dos acessos está em relatório emitido pela Companhia de Tecnologia de Informação do Paraná (Celepar). Pelos dados do documento, o delegado preso acessou o sistema várias vezes para consultar o próprio nome e outras informações envolvendo autoridades.

De acordo com a Polícia Civil, o inquérito foi concluído e encaminhado à Justiça.

Fonte: g1