Correio dos Campos

Caravana de Reis volta às ruas de Castro

10 de janeiro de 2023 às 15:22
(Foto: Renato Oliveira e Alexandre Hubert/Castro)

COM ASSESSORIAS – Há dois anos sem acontecer, a tradicional Caravana dos Reis Magos, em Castro, voltou a ser realizada em 2023. Completando 110 anos, as visitas começaram pela Colônia Terra Nova, onde Reis, cantores e músicos foram recepcionados na Capela Santa Terezinha. Muita gente da comunidade acompanhou a apresentação, que contou com a participação das crianças do Coral Infantil da capela, que cantaram também em alemão. Um presépio vivo formado por moradores da colônia esteve no altar, ao lado dos magos.

“Em janeiro de 2020 estávamos aqui, com o mesmo casal representando José e Maria, e, o primeiro filho deles, que era Jesus. Dois meses depois, não podíamos mais nos encontrar, nem nos abraçar. A proximidade ficou perigosa. Houve uma ausência de dos anos da caravana. Hoje, estamos felizes de receber de volta todos vocês. É o mesmo casal, com a segunda criança deles. A vida se renova, a esperança se refaz. A caravana é uma tradição de 20 anos na igreja. Todo o ano é convidado um casal com uma criança pequena para representar a Sagrada Família e a caravana canta, rezamos…O pessoal da colônia canta, inclusive em alemão e, depois, acontece uma confraternização, onde cada um traz alguma coisa. É uma alegria dupla poder continuar essa tradição”, comentava a moradora Clara Moers, representante da comunidade.

A funcionária da Casa da Cultura, Nilcéia Maria Zens, que coordena hoje o grupo e agenda visitação, agradeceu a Deus pela vida, saúde e discernimento para que pudessem serem ajudadas e acolhidas as famílias que perderam entes queridos com a pandemia. “E foram diversas famílias, infelizmente. Mas, sabemos que a morte é uma passagem. Fica tristeza, a saudade, mas Deus ampara. Por dois anos não pudemos fazer a caravana, mas continuamos em oração. Fico feliz por todo o ano Deus mandar um bebezinho lindo para ser o nosso Jesus. Vamos abrir o coração para Deus e fechar para a tristeza. Que Deus venha em forma de luz proteger a nós e a nossa família”, rogou, pedindo a todos que rezassem um ‘Pai Nosso’

Muitas casas e igrejas foram visitadas nos dias 5 e 6. Na Colônia Terra Nova, a caravana esteve na Capela Santa Terezinha, às 19h30 de quinta-feira. Músicos e cantores se juntaram às crianças do coral infantil, que cantaram em português e em alemão. Ainda na quinta-feira, três casas – duas na região central e uma no distrito de Vila Rio Branco – receberam a visita da comitiva dos Reis Magos. Na sexta-feira, as visitas iniciaram com uma Adoração ao Santíssimo conduzida pelo diácono Ricardo Aparecido dos Santos, na matriz de Santana. Em seguida, a caravana seguiu para a Capela de Santa Rita, no Tronco. Outras três casas, previamente agendadas, receberam a apresentação, no entorno do anel central de Castro.

História

A Caravana dos Reis Magos teve início em Castro por volta de 1913, com apenas 12 homens, comandados por Deolindo Correia. A partir de 1934 quem passou a organizar foi Arlindo Correa das Neves, cargo que ocupou durante 57 anos. Em 1991, as mulheres, apesar da resistência de alguns componentes, passaram a integrar a Caravana. No ano de 1992, já bastante debilitado, Neves solicitou que Ronie Cardoso Filho assumisse a responsabilidade pela caravana, para não deixar a tradição acabar.

Mais tarde, a organização passou para a Prefeitura e algumas mudanças acabaram sendo feitas. A apresentação da caravana passou a ser feita em dois dias, 5 e 6 de janeiro, com início às 18 horas e término por volta das 3 horas da manhã. O nome foi alterado de ‘Folia’ para ‘Caravana de Reis’, sendo proibido o consumo de bebidas alcoólicas durante as visitas. O coral, vestimentas e transporte dos integrantes estão a cargo do Município. Ao todo sete residências e três igrejas são visitadas. A casa que recebe a visita há mais tempo é a de Augustinho Bongestab.

A caravana é composta por três Reis, que são representados por Marcos Renê Marques (há 42 anos como Baltazar), Jauri Matoski (Melchior há 50 anos) e Jamil Prestes Santos, que representa Gaspar há 20 anos. Melchior seria o representante da raça branca (européia) e descenderia de Jafé; Gaspar representaria a raça amarela (asiática) e seria descendente de Sem; por fim, Baltazar representaria todos os da raça negra (africana) e descenderia de Cam. Os Reis Magos foram personagens que vieram do Oriente, guiados por uma estrela, para adorar o Deus Menino, em Belém.

Ao chegarem ao seu destino, os Reis Magos deram como presentes ao Menino Jesus: ouro (oferecido por Melchior), que lembra a Sua Nobreza; incenso (Gaspar), em referência à Divindade de Jesus e mirra, entregue por Baltazar. A mirra é uma erva amarga e simboliza o sofrimento que Cristo enfrentaria na Terra, enquanto salvador da Humanidade, também simboliza Jesus enquanto homem. A adoração dos Reis Magos ao Menino Jesus simboliza a homenagem de todos os homens da Terra ao Rei dos Reis, mesmo os representantes dos tronos, senhores da Terra, curvam-se perante Cristo, reconhecendo assim a sua divina Realeza.