Correio dos Campos

Parque Histórico realizou capacitação sobre acervo e coleções

5 de abril de 2023 às 17:19
(Foto: Divulgação/PMP)

COM ASSESSORIAS – A gestão do museu Parque Histórico de Carambeí com o intuito de capacitar o corpo técnico preparou um calendário de cursos para o ano de 2023. Os treinamentos acontecerão uma vez por mês, e a cada edição abordarão um assunto distinto. No mês de março, aconteceu o segundo módulo da formação, o tema apresentado foi Introdução a Gestão de Acervos e Coleções ministrado pela historiadora Samara Lima, doutoranda em Museologia pela Universidade Lusófona (Lisboa, Portugal).

Karen Barros, historiadora e coordenadora cultural do Parque Histórico, explica que atividade teve por finalidade mostrar o trabalho realizado pelo acervo e conectar todos os setores que compõem a instituição de guarda de memória. “Nesta edição, tivemos a oportunidade de apresentar o acervo e as coleções relacionados ao Núcleo de História e Patrimônio, um setor tão essencial quanto os demais. Esse departamento é responsável pela conservação, pesquisa e comunicação de todo o material que faz parte do museu. Cada instituição museológica tem suas particularidades e, no nosso caso, enfrentamos o desafio de ser um museu histórico a céu aberto”.

É necessário que os profissionais que atuam no Parque Histórico conheçam como funciona o trabalho de cada equipe, e treinamentos multidisciplinares permitem que isto aconteça. “Uma instituição responsável por preservar a memória possui uma estrutura de gestão altamente complexa, e cada setor é crucial para garantir uma experiência satisfatória para os visitantes e pesquisadores. É fundamental conhecermos todos os núcleos que compõem o Parque Histórico, para que possamos entender melhor a sua dinâmica de funcionamento. Além disso, temos o compromisso de educar e fortalecer o conhecimento dos nossos estagiários, mostrando a realidade de trabalho como um todo e não apenas uma parte isolada do processo”, expõe Barros.

O curso mostrou o trabalho realizado pela equipe que cuida da preservação das peças dos museus. “Trabalhar com acervos é uma atividade de bastidores, são todas as ações que o público não vê, mas que é impactado de forma direta, pois é com a gestão dos acervos que conseguimos alinhar todas as funções básicas dos museus”, explica Samara.

Toda história apresentada em um museu, um mesmo tema abordado por ângulos diferenciados, preservação e difusão da narrativa proposta é fruto do ofício destes profissionais que estão longe dos olhares do público. “Sem as ferramentas de preservação de memória a comunicação torna-se falha, pois não consegue expressar a complexidade daquele espaço e daquela identidade. Então trabalhar com acervos é um trabalho complexo e ao mesmo tempo gratificante, é entender o acervo e auxiliar a explorar diferentes narrativas e expressões possíveis, é contribuir com a longevidade daquele suporte e garantir que demais gerações consigam dialogar com as simbologias ali compostas”. Lima, esclarece que são essas atividades que dão sentido as coleções dos espaços museais.

O corpo multidisciplinar do Parque Histórico conheceu as adversidades que interfere nas atividades dos profissionais do acervo. “O desafio principal é o diálogo, seja interno ou externo. Nem sempre as ideias entram em consonância e é necessária uma abertura e o exercício do saber ouvir o outro. Um museu não se faz sem a comunidade, assim como não se consolida sem as funções básicas museológicas, então é realmente conseguir articular os dois campos e promover trocas de informação, como rodas de conversa, convidar a comunidade para entender os processos museológicos, e levar o conhecimento desenvolvido no museu para dentro da comunidade”, conta a doutoranda.

O treinamento trouxe novos conhecimentos a equipe que atua na mediação dos grupos que vistam a instituição. Lucas Kugler, coordenador do Núcleo Educativo do Parque Histórico, demonstrou animação com a capacitação. “Como educativo, é importante compreendermos os processos técnicos por trás do manuseio dos bens culturais expostos no museu para que possamos zelar por eles durante o atendimento ao público. Esse conhecimento também possibilita a compreensão das diversas etapas que compõe as ações museais, demonstrando que cada setor de um museu é fundamental para que possamos atingir a nossa função social; preservação, pesquisa e comunicação”.

Estagiário do Núcleo de Patrimônio e História, Edival Prestes Neto que integra o acervo do Parque Histórico comenta que o curso possibilitou compreender o que é um ambiente museal. “O treinamento oferecido pela palestrante ajudou o corpo técnico do museu a entender de forma mais efetiva e clara sobre o que é um museu, suas definições, fundamentos e objetivos (pesquisa, preservação e comunicação). A palestrante se aprofundou ainda mais, explicando grande parte dos processos que caracterizam todo o trabalho realizado dentro do Núcleo de História e Patrimônio, facilitando para os outros setores da instituição o entendimento sobre o trabalho desempenhado por esse núcleo”.

Motivar o olhar crítico sobre pensar os acervos e a necessidade de conhecer todos os setores do espaço museal foi a proposta da doutoranda. “Não se limitar a uma função ou local, mas entender que o museu é composto de diferentes locais de falas e diferentes áreas de saber e é necessário o intercâmbio entre essas áreas, para não ocorrer uma limitação do saber fazer museal. Eu vejo o museu como um local de construção de conhecimento, que só é possível com o diálogo entre os profissionais que ali atuam, para construir uma gestão que seja coletiva”, comenta Samara.

Com toda a bagagem intelectual e anos de experiência atuando no setor museal, Lima finaliza com uma dica para todo o corpo técnico do Parque Histórico, reforça que o diálogo e a busca por conhecimento são essenciais. “Sempre ter diálogo, quando possível, e buscar conhecer mais sobre o campo museológico e sobre os avanços da área, não se restringir a um saber único, mas na pluralidade do que é um museu. Conhecimento auxilia não somente para o desenvolvimento de uma atividade, mas também na construção de argumentos válidos na hora de se posicionar. E o principal é não se focar apenas em teorias, mas explorar as práticas daquilo que se está tentando aprender”.